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A Natureza não dá saltos

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​​Li esta frase do título acima recentemente que me tocou bastante. Entendemoso âmago da questão mas sem a percepção de fato, do que ocorre e como ocorre. Intuitivamente vamos vivendo a realidade, mas nunca paramos para pensar nisso. Apenas sabemos que é assim.


Temos que dar nomes às coisas para que possamos de fato perceber, o que é. Senão ficamos sem poder transmitir uma experiência, explicar uma coisa, um sentimento, se não temos um nome para isso.


​​E por que a frase do título me tocou? Porque tudo acontece a seu tempo. Eu sei que é assim, porém quando vivenciamos ou visualizamos o tempo passando na nossa frente e percebemos isso visceralmente, é demais!


​​Explico: hoje vi um filhote de teiú. Teiú é o maior lagarto brasileiro. Lindo. Parece uma iguana mas tem o rabo longo raiado com círculos preto e amarelo. Também os jacús que vem comer bananas, são filhotes. Pretos com barbela vermelha e do tamanho de faisões, também estão menores pois são ainda crias. Os ipês amarelos terminaram a floração há um tempo e agora os brancos também estão findando a época do nos extasiar com o tapete branco que se forma a seu pé. 


​​Parei para pensar e me dei conta que a primavera, que começou em 22 de setembro, está seguindo seu curso. Estes são alguns sinais, sinais claros até. Eu sei que é assim, no entanto quando nos tocamos com a natureza nos atravessando com sua verdadetransparente, bate aquela emoção da sintonia. Nada mais fidedigno do que a natureza. Desde os tempos imemoriais ela se comporta da mesma maneira. Ela não dá saltos. A visão do teiú, do jacú e das árvores nos dando seus tempos de floração indica que o tempo está passando como deve passar. A primavera chegando trazendo com ela sua autenticidade e integridade.


​​É a estação do ano que se inicia com o findar do inverno e antecede o verão.Considerada por muitos como a estação mais bonita. E por que? Porque (busca Internet) o Equinócio da Primavera, que acontece de março a setembro (a depender do hemisfério) marca o começo da estação do ano mais aguardada pela biodiversidade. Significa que a relação da Terra com o sol – quando inverno – aquele hemisfério está mais afastado. Para a chegada do verão significa que aquela área, que estava mais afastada, logo mais fria, está se movendo em direção para captar mais sol.


Mas para se fazer este movimento, deve passar pela primavera que vai, ao seu tempo, “acordando” as plantas e animais. As crias estão nascidas, as flores se abrindo, outras árvores florescendo, os pássaros cantando mais, os sapos e rãs junto ao córrego próximo, elaboram coaxos cadenciados. Com as flores, aparecem mais abelhas e borboletas colorindo o entorno. Os dias vão ficando mais longos e mais quentes. Aqui onde vivo, no sudeste, o inverno é muito seco e naturalmente, sem chuva. Com a primavera começa aos poucos, a estação das águas. Vai preparando o solo para receber as chuvas de verão. Para ruminantes é uma época farta, já que a grama cresce nutrida pelo sol e água. Os vegetais, raízes ou folhosas se animam também e começam reagir.


​​A natureza seguindo seu rumo. Mas eis que surge o Homem. 

​​Se fosse, esta crônica um filme, agora teríamos música dramática ao fundo.


​​Com os séculos de exploração da capacidade do planeta, o Homem soube chegar ao limite pondo em risco a própria existência. É inacreditável o tanto que o Homem é capaz de destruir. Sua capacidade  de extermínio e extinção é ilimitada. Cada nova descoberta, novo perigos extremos quando usada para esta finalidade funesta. É o único animal que mata outros de sua própria espécie. Mas, como o “Tempo tem o tempo que o Tempo tem” cada vez mais está havendo conscientização de que algo deve ser feito. As grande transnacionais também já estão perdendo dinheiro e por isso se deslocando para áreascom atenção maior pelo equilíbrio ambiental.


O que relatei acima ainda é o dia a dia da zona rural, mas está se perdendo. Há 30 anos atrás, chovia no 2 de novembro, dia de Finados. Ao entardecer, a chuva parou mas o ambiente estava encharcado. Com a friaca que começou, uma aparição inimaginável de pirilampos ou, se preferirem, de vagalumes, como nunca vi nada igual. Vamos dizer que mil pirilampos voavam ao redor, em frente à mata. Parecia festival pop quando levantam os celulares acesos. Nunca mais vi.


​​Portanto o desequilíbrio já começou, mas podemos ainda desacelerar até parada total. O que vejo, aqui na serra da Bocaina, ainda me liga à natureza de forma comovente.

​​A natureza não dá saltos, o Homem sim.

​​

Luiz Inglês

Outubro 2025​​

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