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Foto do escritorLais Amaral Jr.

Teresa Garcia: jornalista, percussionista, cronista. Militante da vida




 

Teresa Garcia (foto) é jornalista, ciclista e percussionista nas horas (não) vagas. Formou-se em Comunicação Social na PUC do Rio e fez mestrado em Sociologia na PUC de São Paulo. Foi chefe de redação da TV Globo em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foi coordenadora de projetos especiais da Globo junto às emissoras afiliadas em todo o país e editora-chefe do Jornal Hoje. Atualmente desenvolve projetos de jornalismo e de literatura. Mas o que lhe dá prazer mesmo é ser uma cronista, uma observadora do cotidiano. Contar histórias do Rio de Janeiro usando a palavra e a fotografia.


CRIATIVOS! - Você foi uma jornalista bastante atuante em um veículo de ponta no principal meio de comunicação de massa que é a TV. Ou que era durante a sua vida profissional.  O que mais te marcou nessa carreira e o que você entende que tenha justificado sua dedicação a essa profissão? 

TERESA GARCIA - Trabalhar numa grande emissora é de fato gratificante pelo alcance profissional. Na TV Globo eu pude exercer várias funções dentro da mesma profissão: repórter, apresentadora, editora e chefe de redação. Foi uma experiência completa. Dois aspectos me marcaram: a agilidade que a televisão exige na divulgação das notícias, o que estimula a rapidez no raciocínio e na tomada de decisões e o exercício obrigatório do trabalho em equipe. Ninguém faz um jornal sozinho. Toda reportagem é o resultado de uma engrenagem que começa numa ideia e termina num conjunto complexo de dados e imagens compilados e editados.  Esse trabalho obrigatoriamente coletivo desencadeia tensões naturais, mas também gera amizades e parcerias para a vida inteira.


CRIATIVOS! - O que a levou a escolher o Jornalismo? 

TERESA GARCIA - Eu sempre quis ser jornalista. Desde criança. Na adolescência escrevia notícias em folha de cartolina, colava figuras ilustrativas, montava meu jornal em casa. Talvez o fascínio pela leitura tenha me levado à profissão. Sempre gostei de ler, de ouvir e de contar histórias. Poder testemunhar e compartilhar, isso me encanta. Talvez por isso eu continue fazendo das redes sociais meu veículo particular. Pedalo por cidades, países, lugares e amo dividir as imagens e histórias que me surpreendem.


CRIATIVOS! - Você teve ou tem "ídolos" ou profissionais que possam de alguma forma, ter influenciado no jornalismo?

TERESA GARCIA - Meu primeiro ídolo foi meu professor, Maurício Azêdo (com acento mesmo), que lecionou jornalismo na PUC do Rio, depois foi presidente da Associação Brasileira de Imprensa e atuou profissionalmente até falecer em 2013. Maurício Azêdo revolucionou o ensino acadêmico na PUC. Enquanto outros professores se conformavam com as aulas teóricas, o Maurício Azêdo nos mandava para as favelas, nos estimulava a encontrar personagens da vida real, nos desafiava a olhar o mundo além das bordas da zona sul carioca. Era um jornalista engajado politicamente. Foi preso político, carregava no corpo as sequelas dos choques elétricos que tomou nos porões da ditadura. Era generoso e idealista e guardava uma energia profissional invejável. Dos repórteres em atividade eu gosto de citar o Pedro Bassan. Não só pela sua competência profissional que é primorosa, mas por um misto de talento e humildade. O Bassan tem um dos melhores textos da televisão brasileira e nunca permitiu que sua habilidade alterasse a sua personalidade honesta, doce e generosa. Em tempos de celebridades fúteis, preservar a maturidade emocional é uma virtude que admiro muito. Viva Pedro Bassan.


CRIATIVOS! - O que foi o auge da sua carreira?

TERESA GARCIA - Eu não sei se foi o auge da minha carreira, mas os 13 anos que passei na redação de São Paulo foram muito importantes para minha experiência profissional. São Paulo confirma o clichê da cidade que gosta de trabalhar. E eu amo trabalhar. Lá a equação trabalho versus vaidade era mais equilibrada pro lado do trabalho e isso me agradava muito. Na chefia de redação onde fiquei durante 5 anos fui muito feliz e no JORNAL HOJE, onde fui editora-chefe durante 8 anos, vivenciei meu êxtase profissional. Alcançamos ali a sintonia fina da seriedade profissional com afeto. Isso é raro, mas aconteceu com a equipe do JH. Somos amigos até hoje e isso tem um valor imenso pra mim.


CRIATIVOS! - Como nasceu essa fotógrafa, esse olho atento e bem humorado sobre as "coisas" do cotidiano da Cidade Maravilhosa?

TERESA GARCIA - Ahhhh (risos) a fotógrafa nem sabia que havia nascido. Descobri isso com o retorno dos amigos, com os comentários sistemáticos sobre as minhas fotos. Fico muito feliz, mas não me considero uma fotógrafa porque não domino as técnicas profissionais. Eu apenas gosto muito de fotografar e acho que aprendi observando. Sou uma observadora compulsiva, deixo as imagens me invadirem e quando vejo estou externando o que me habitava há muito tempo. Tem um fato curioso. Um dia o chefe dos repórteres cinematográficos da TV Globo, o querido Hélio Alvarez, entrou na minha sala na chefia de redação do Rio, olhou minhas fotos na parede e começou a analisá-las sob o ponto de vista técnico. Ele dizia: "esse ponto de fuga que você encontrou pra essa foto é muito interessante, essa composição está ótima, essa combinação de cores ficou muito boa". Eu respondi: João Hélio, muito obrigada, mas eu não tenho consciência alguma do que está nessas fotos. Eu apenas olho, enquadro e clico. E ele respondeu: "é porque já está tudo dentro de você". É, pode ser.


CRIATIVOS! - E como Orquestra Voadora entrou a sua vida?

TERESA GARCIA - Ahhhh o carnaval. Eu sempre amei a música, a percussão. Tocar um instrumento de percussão sempre foi um sonho, mas a rotina puxada do trabalho nunca me permitiu realizar isso.  Bom, tudo começa quando eu volto a trabalhar no Rio e descubro a oficina da Orquestra Voadora. A OV é um bloco tradicional, existe há dez anos e realiza oficinas para ensinar música aos cariocas. Primeiro eu me matriculei lá, onde aprendi a tocar alfaia (o tambor do maracatu). Passei dois anos ensaiando de março a fevereiro para...NÃO desfilar no carnaval porque eu trabalhava todos os dias da festa. Quando finalmente me aposentei pude desfilar e realizar meu sonho. Saí na Orquestra Voadora, numa tarde ensolarada e dentro do cordão que separava uma multidão da banda. Logo em seguida minha filha e o marido reuniram os amigos e criaram o bloco ‘Marimbondo não Respeita’. E lá vou eu, novamente, tocar na percussão. Hoje você deve assistir a muitas mídias sobre o bloco Marimbondo porque eu me transformei na editora de reels da moçada. Rsss... E assim vamos. Na verdade, é um ano inteiro de treinos, estudo, ensaios. Para quem não acompanha de perto, a sensação é de que o carnaval de rua acontece somente em fevereiro. Mas ele começa muito cedo e exige estudo e dedicação. O carnaval de rua, aquele que nunca é mostrado na mídia convencional, é a manifestação mais incandescente de corpos e mentes. É uma rebeldia saudável, uma celebração coletiva, uma manifestação mágica que aproxima milhares de pessoas.

 

CRIATIVOS! - Tem algum projeto em vista para um futuro próximo? 

TERESA GARCIA - Projetos pro futuro: continuar viajando, pedalando e reportando. Montar uma mídia de crônicas urbanas (tá quase pronta rs), lançar um livro de literatura infantil. Alô editoras! rs... e participar de projetos de jornalismo, mas sem plantão, nem deadlines estressantes. Só com o compromisso de refletir sobre a desinformação, combater as fake news e lutar pelas oportunidades de democratizar cada vez mais a informação.


CRIATIVOS! - O que vale a pena na vida? 

TERESA GARCIA - O que vale a pena na vida é viver. Se jogar, se lançar, celebrar. Gosto muito dos ritos. Acho que a festa, a celebração é o que justifica nossa existência. Do medo, da dor, da intolerância, do ódio, da violência, a sociedade nos abastece. Cabe à gente fazer da festa nossa subversão.


 

Economia Criativa: Uma Ponte para o Desenvolvimento Humano e Equidade



A intersecção entre economia criativa, tecnologia e cultura popular tem se revelado uma poderosa ferramenta para impulsionar o desenvolvimento humano, promover equidade, gerar renda e emprego.


Nesse contexto, a Cedro Rosa Digital emerge como um exemplo concreto de como esses elementos podem convergir para transformar setores como a música independente.

Fundada pelo produtor e músico Tuninho Galante, a Cedro Rosa Digital tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento do segmento de música independente. A plataforma oferece certificação de obras e gravações, garantindo aos artistas a proteção de seus direitos autorais e proporcionando maior segurança jurídica na indústria musical.




Além disso, a Cedro Rosa Digital  simplifica o processo de distribuição, permitindo que músicos independentes alcancem um público mais amplo e diversificado. Dessa forma, a plataforma contribui não apenas para o crescimento do mercado musical independente, mas também para a geração de renda e emprego no setor.




Assim, a Cedro Rosa Digital exemplifica como a economia criativa, aliada à tecnologia e à cultura popular, pode ser um catalisador para o desenvolvimento humano e a promoção da equidade, oferecendo oportunidades concretas para artistas e profissionais da indústria criativa.

 



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