top of page

Grandes campeãs do Carnaval 2024 tiveram enredos baseados em livros




Foram-se os tempos do "samba do crioulo doido", onde enredos non sense piravam as cabeças dos compositores das escolas de samba. Aliás, "samba do criolo doido" virou uma excelente composição, criada pelo escritor e jornalista Sergio Porto, sob o pseudônimo de Stanislau Ponte Preta, que diz, à certa altura:


"...Dona Leopoldina virou trem, e Dom Pedro é uma estação também...Oh, oh, oh...o trem tá atrasado ou já passou"...


O sambista e grande compositor Martinho da Vila destestou a ironia de Stanislau Ponte Preta, julgando que ele estaria menosprezando os compositores das escolas de samba.


Há uma longa estrada percorrida, desde o primeiro desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, em 1932.


Houve enredos memoráveis, como Domingo (União da Ilha/1977/Maria Augusta, Alcione Barreto e Adalberto Sampaio), "Tupinicópolis" (Mocidade Independente/1987/Fernando Pinto), "Ratos e Urubus, Larguem minha Fantasia" (Beija-Flor/1989/Joaozinho Trinta), entre tantos outros de grande impacto.


Também houve "enredos-merchan" como odes à ditadura militar e enredos corporativos caça-níqueis, prejudicando o carnaval, mas o saldo é amplamento positivo.


"A Festa", como alguns dirigentes da LIESA - Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro - chamam o Carnaval, tem se consolidado como o maior espetáculo da Terra, reunindo em média, 5 mil artistas por escola de samba, que estrelam 6 espetáculos diferentes entre si, mas semelhantes na forma, com duração média de 1 hora e 10 minutos, nas noites de domingo e segunda-feira.


Ao todo são 12 espetáculos-óperas populares reunindo aproximadamente 60 mil artistas, que ao invés do palco italiano atuam na rua, em cortejo com enredos/libretos, solistas/cantores, coro, orquestra, cenografia, música, coreografia, dança, figurinos, tudo alinhavado com alta tecnologia, no carnaval do Rio de Janeiro.


Os espetáculos são exibidos no máximo 2 vezes caso a escola seja classificada para o Desfile das Campeãs.


O público, cada vez mais numeroso vibra com sua escola de devoção, mas ao contrário do futebol onde as rivalidades são instransponíveis, também vibra com o espetáculo em si, reconhecendo de pronto quando uma escola adversária incendeia a avenida.


Isso aconteceu inúmeras vezes no carnaval, mas comigo em especial, aconteceu uma vez quando a Estácio de Sá impediu o tri-campeonato da minha MOCIDADE, com o enredo Paulicéia Desvairada, no Carnaval de 1992. Como diria Gonçalves Dias, no poema Juca Pirama, "meninos, eu vi".


Esclarecendo: eu estava no sambódromo, no camarote da MOCIDADE onde era diretor de comunicação e comentei com o Boni, então diretor da TV Globo: fodeu!


Ele concordou. A Estácio simplesmente incandesceu a avenida.


Curiosamente a campeã do carnaval de São Paulo em 2024, Mocidade Alegre, também se inspirou na Pauliceia Desvairada, de Mário de Andrade.


As escolas de samba do Carnaval 2024 do Rio de Janeiro que foram classificadas para o Desfile das Campeãs são, pela ordem descrescente: Portela, Salgueiro, Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense e Viradouro.


A Portela, que ficou em quinto lugar, teve seu enredo inspirado no livro Um Defeito de Cor (Record), da escritora Ana Maria Gonçalves.


O Salgueiro, quarto lugar, desfilou com o Hutukara, baseado no livro A Queda do Céu (Cia das Letras), escrita por Davi Kopenawa e pelo antropólogo francês Bruce Albert.


A terceira colocada, Acadêmicos do Grande Rio, desfilou com o enredo "Nosso destino é ser onça", baseada no livro "Meu destino é ser onça" (Civilização Brasileira), de Alberto Mussa, com participação especial da atriz Paola Oliveira que se transformava em onça em plena avenida.


A Imperatriz Leopoldinense, segundo lugar do Carnaval 2024, desfilou com o enredo "Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda", baseado no folheto "O Testamento da cigana Esmeralda", do artista popular paraibano Leandro Gomes de Barros.


Já a grande campeã, a Unidos do Viradouro teve seu enredo “Arroboboi Dangbé”, baseado no livro “Sacerdotisas Voduns e Rainhas do Rosário” (Editora Chão), de autoria de Moacir Maia.


O carnaval além de sua importância cultural gera emprego e renda para um grande número de profissionais de diversas expressões artísticas como escultura, pintura, arquitetura, dança e música, além de carpinteiros, soldadores, seguranças, cozinheiros, costureiros e sapateiros, entre outros.


São aproximadamente 9 meses de trabalho entre um carnaval e outro, começando com a desprodução dos carros alegóricos ainda quentes do último desfile. Depois reinicia o ciclo, com a contratação da equipe de carnaval, criação e lançamento de enredo, apresentação de protótipos das fantasias para os chefes de ala, concurso de sambas-enredo, ensaios nas quadras, ensaios tecnicos no sambódromo, até o novo desfile.


Cada escola de samba é uma fábrica de sonhos.


Uma das melhores lembranças que tenho da MOCIDADE INDEPENDENTE dos anos 1990, onde éramos campeões e referência do Carnaval é a Keyla, um travesti nordestino, de baixa estatura, inteligente, que foi promovida de cozinheira a chefe do almoxarifado, posição de destaque em qualquer agremiação, pelo grau de responsabilidade.


Recebi com alegria a notícia da volta dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage à MOCIDADE para o Carnaval de 2025.


Após o desfile das campeãs acontece uma espécie de Ano Novo no Brasil, uma espécie de novo ciclo, onde as coisas começam-recomeçam a funcionar.


O executivo volta a executar, o legislativo volta a legislar, o judiciário volta a judiciar... A economia volta a funcionar com força total.


O Carnaval é um dos raros momentos, onde o Brasil para, mas ao mesmo tempo vai pra frente.


 

"Carnaval: Uma Festa de Pertencimento e Prosperidade Cultural"



As brincadeiras do Carnaval e outros folguedos são muito mais do que simples diversões - elas são catalisadoras de pertencimento, emprego, renda, cultura e economia. Essas festividades, enraizadas em tradições profundas, unem comunidades, proporcionando um senso de identidade compartilhada e orgulho cultural. Além disso, o Carnaval é um impulsionador econômico significativo, gerando empregos temporários e estimulando o comércio local com a venda de alimentos, bebidas e produtos temáticos.



Enquanto isso, no mundo da música, a Cedro Rosa Digital, fundada pelo renomado produtor e compositor Tuninho Galante, está revolucionando a maneira como os criadores são remunerados por seu trabalho. Através de sua plataforma inovadora, a Cedro Rosa Digital certifica obras e gravações musicais, garantindo que os artistas recebam os devidos direitos autorais. Isso não apenas protege os interesses dos músicos, mas também promove um ambiente mais justo e transparente na indústria musical, incentivando a criação e o talento.




Em um mundo cada vez mais digitalizado, a Cedro Rosa Digital é uma luz guia para os criativos, assegurando que seu trabalho seja reconhecido e recompensado de forma justa.

0 comentário

+ Confira também

destaques

Essa Semana

bottom of page