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Encantamento pela vida pode levar a amor, respeito e inclusão



Suzana M. Padua



Conservar a natureza demanda sensibilizar a humanidade para um tema ainda bastante abstrato. Por isso, os desafios são vastos.


Hoje, grande parte da sociedade vive concentrada em meios urbanos, distante de áreas naturais. A diversão passou a ser passeios em shoppings e não mais ao ar livre, em paisagens naturais. Sendo assim, o trabalho de sensibilização se torna desafiante, pois é visitando florestas, restingas ou lagos de água límpida que o encantamento acontece. E, infelizmente, áreas naturais em bom estado de conservação e próximas aos centros urbanos são cada vez mais raras no Brasil, apesar de sua incomparável riqueza natural.


A maior diversão está nas mídias sociais do celular, ou em telas maiores com séries ou programas de televisão, que nem sempre exigem pensar, se envolver, aprender e menos ainda agir. Durante os dois últimos anos, a COVID provocou ainda mais isolamento social e acirrou essa tendência.


Sensibilizar exige contato direto, experiência e uso de todos os sentidos, trazendo interesse e até deslumbramento que levem as pessoas a se apaixonem pela natureza e se sentirem parte dela. Mas, quando se está distante, a tendência é não se importar se uma espécie vive, sobrevive ou se extingue. É como se o que acontece na natureza nada tem a ver com a gente.


Aliás, a tendência é de as pessoas não ligarem causas a consequências. Há sempre uma busca pelo responsável em tudo o que ocorre, principalmente quando são desastres. Deslizamentos de terra como os que ocorreram em Friburgo em 2011, ou Petrópolis em 2022, raramente se questiona seriamente o que os causou. A culpa é da natureza e não do desmatamento, real causador da catástrofe. Com contaminação de rios é similar. Pessoas adoecem quando a água fica contaminada com esgoto jogado dos cursos d’água. Só 45% do esgoto no Brasil é tratado e quando se adoece a culpa raramente é atribuída à fonte correta. Há ainda irresponsabilidades, como uso de plástico uma vez só, em embalagens, sacos de supermercado ou copinhos descartáveis, levando os mares a uma poluição devastadora – hoje já se tem informações de que em poucos anos haverá mais plástico do que vida marinha nos oceanos. Outro exemplo irresponsável das ações humanas tornou-se evidente com as tragédias em Mariana e Brumadinho. As empresas envolvidas sabiam dos riscos que corriam e nada fizeram para evitar, e o resultado foi a morte de centenas de pessoas e da vida em geral. Ou seja, nem sempre se aprende pela dor e ainda se repete ações que levam a tanto sofrimento, talvez porque as consequências são rapidamente atenuadas e até esquecidas.


Sair da apatia, despertar para a necessidade de envolvimento em iniciativas de restauração e mitigação dos impactos de nossas próprias ações pode não ser fácil, mas urge ser tentada. Hoje sabe-se que é uma questão de sobrevivência da própria espécie humana pelas consequências das mudanças climáticas e outros distúrbios que nossa forma de vida vem causando. Já que não aprendemos pela dor, que tal irmos pelo caminho do amor? A humanidade precisa adotar outras formas de vida que respeitem e valorizem o que é natural para não mais correr riscos de passar por desafios que só tendem a se intensificar. Vale a pena o empenho de tentar o caminho do amor.


Uma nova educação pode ser um processo lento. Lento porque o aprendizado precisa ser incorporado pelo aprendiz, o que requer bem mais do que a mera transmissão de conhecimentos. Saber é fundamental, mas não é suficiente para que as pessoas mudem sua forma de agir e interagir com o mundo. Mudanças exigem reflexões, escolhas conscientes e motivação para um engajamento. E quando se trata de valorizarmos nosso papel na teia da vida, precisamos adotar comportamentos éticos e sustentáveis. Questionar e se rebelar contra realidades destrutivas é o que precisamos nesse momento de nossa história - o contrário do que é incentivado pela educação tradicional, que prefere o aluno cordato e passivo para dar menos trabalho. Mas, é de inconformados e questionadores que o mundo necessita.


A mídia segue também os rumos de passividade de suas audiências. Manipula de maneira a aumentar consumos desnecessários e a se agir de formas desviadas da conduta correta (basta ver personagens de novelas tramando contra outros, ou mesmo a maneira com que notícias são passadas com vieses tendenciosos e destorcidos). Muito é por conta de quem mantém a mídia, mas o espectador ingênuo ou não acostumado a pensar criticamente, pode ser levado facilmente a aderir a tendências nada construtivas.


Por isso, o processo educacional precisa ser criativo. É necessário mudá-lo completamente para empoderar cada indivíduo, de modo que se sinta capaz de transformar a realidade e compreenda que colherá aquilo que plantar, mesmo que as consequências de seus atos não sejam imediatas. Cada escolha determina o que acontecerá no futuro. Cada ato traz consequências, sejam elas boas ou ruins para a vida individual ou da coletividade. O longo prazo se confronta com o curto prazo, comum na atualidade, em que se espera que tudo seja resolvido na velocidade de um piscar de olhos, ou num clique numa tecla de computador.


Educar dá trabalho e exige ousadia e inovação por parte do educador. Precisa dar uma ressignificação ao ser, uma maior amplitude com direito a sonhar uma vida plena para si e para a sociedade. Na verdade, é preciso aprender ou reaprender a sonhar e exercitar o sonho. Grande parte da humanidade não ousa sonhar e aceita o que vem pronto. Sonhar significa ampliar a visão da potencialidade individual para que se chegue a realidades coletivas desejáveis, muitas vezes diferente daquela em que a gente se encontra. Sonhar exige coragem! É romper com o estabelecido. E o ideal é que os sonhos sejam banhados de amor pela vida.


Amor é uma palavra que poucos autores têm coragem de mencionar. Admiro aqueles que o fazem sem medo de serem piegas. É de amor que o mundo precisa. O encantamento pela vida pode levar a esse sentimento de amor, respeito e inclusão de todos os seres e elementos naturais. Se esses valores forem repassados como base de uma nova educação, as chances serão maiores de um despertar de maravilhamento pela vida.



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