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Elogio a uma sanidade qualquer



Tem sido difícil citar Boaventura ultimamente. Especialmente partindo de uma mulher e, oxalá, me dirigindo a muitas. Enquanto condeno suas posturas pessoais conhecidas há pouco não quero incorrer no erro de condenar sua obra, seu legado intelectual e suas posturas políticas tantas vezes acertadas. Isto posto, quero citar seu “Modernidade, Identidade e a cultura de fronteira” para recuperar algumas raízes dessa angústia solitária que persegue a tantos, mais que tantas, de nós.


Quando o ideário europeu, pelo qual fomos colonizados e indelevelmente marcados, nos desfez como seres da Physis grega, da unidade corpo-alma-natureza, para nos refazer para sempre partida/os, retirou também o homem ocidental da sua subjetividade contextual e coletiva. Não haveria mais uma identificação com sua terra ou seu clã, mas com uma subjetividade tão abstrata quanto o Estado (ainda que em formação) e tão individual que se realizaria pelo ‘ter’ mais que pelo ‘ser’. Este individualismo admitia um sujeito cuja matéria corporal podia ser dissecada, cuja casa, a matéria natural, podia ser destruída e cuja alma já não tinha tanta certeza do(s) deus(es) como seu(s) criador (es). O “eu” ali fundado é, portanto, fiel a uma entidade abstrata menos maleável que seus deuses anteriores e solitário. Ou seja, terrenamente domesticado e terrivelmente só.


Rousseau não só avisou que aquele caminho faria dos homens escravos de si mesmos e que sua imposição pela força às mulheres os faria ainda mais devedores de algo que não poderiam construir sozinhos, mas também propôs outro caminho civilizatório baseado na educação e na comunhão. Outros, como Marx e Engels, Fanon, Ghandi e tantas culturas não-hegemônicas propuseram também caminhos diferenciados, mais socialistas, panteístas, naturais e populares.

Mas não, o homem hegemônico continuou a se impor dentro da alma das/os oprimadas/os, como diria Paulo Freire. Os mitos capitalistas do amor romântico e da felicidade “para toda vida” continuam açoitando aquelas e aqueles que não os conquistam. Pior ainda, continuam humilhando quem não pode esconder suas frustações no consumo. E é aí que chego no nosso cotidiano. Pequeno, desencontrado, comezinho, pleno de seres intimamente angustiados, revoltados, enciumados de quem parece ter alcançado o inalcançável.


Diante da fragorosa falência do homem moderno e agora também da mulher moderna e dos diversos grupos que não se reconhecem nessa estrutura binária – absorvidos pelos paradigmas da individualidade e oprimidos pelas instituições – as opções são poucas e se dirigem basicamente a culpar o outro ou a transformar-se, num caminho mais difícil, dispendioso e longo.

É assim que, como numa gaiola de loucos, vemos frequentemente depositadas em nós demandas não ditas, emanadas das individualidades solitárias – para cuidar, suprir carências, assumir papéis sociais, sustentar materialmente... Em uma espécie de promissória sem anuência do outro. A cada insucesso de tais investidas corresponde um maior grau de frustração, de embarque numa espiral insana de inseguranças e culpas, insultos e vinganças, por vezes inconscientes.


Precisamos urgentemente rever nossas subjetividades, reposicionando-nos a todas e todos em intersubjetivações de reconhecimento (nas palavras da amiga Márcia Tiburi), em que sejamos todos mais iguais e libertos, menos cobrados e apegados a individualidades, transformando-nos para enfim convivermos a partir de nossas sanidades inconformes. Qualquer sanidade grávida de paz e admiração pelo diferente.


 

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