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E se não existisse a cultura?



Edgard Duvivier, ao lado de sua obra Marielle


Finalmente estamos acordando desse pesadelo que flirtou com o fascismo durante os últimos quatro anos. Acordamos ressabiados como quem sonha estar caindo num precipício e se dá conta de que caiu da cama quando sonhava. Caímos da cama quando fomos obrigados a admitir que esse projeto retrógrado e absurdo teve o apoio de muitos milhões de pessoas. Sim, ele usou a enorme máquina do Governo, empenhou o que pôde e o que não pôde, deixou um rombo bilionário para conseguir votos, mas mesmo assim, fica difícil entender a escolha de tanta gente que apoiou o discurso mais racista, mais reacionário e mais estúpido que qualquer Presidente deste país já teve.


O que será que aconteceu? A sociedade ficou doente? foi culpa da internet? foi culpa da desinformação?


Certamente foram muitos os fatores que se juntaram para que o povo caísse nessa cilada, mas a meu ver, a principal causa é a falta de cultura resultante de um projeto antigo e persistente promovido pela elite que sempre governou o Brasil.


Religião e ignorância atuam em conjunto criando pessoas que não questionam, que não pensam, que aceitam o que lhes é imposto por aqueles que se acostumaram a ver como superiores. Os Reis sempre garantiram seu poder acreditando e fazendo acreditar que eles eram escolhidos pelos Deuses. Acreditava-se na Idade Média que o toque dos Reis poderia curar muitas doenças. O poder sempre exerceu fascínio e consegue um respeito muitas vezes inexplicável pela razão.


Com o movimento Iluminista, surgido no século XVII na Europa, e que culminou na Revolução Francesa, inicia-se uma grande mudança na sociedade. As pessoas passam questionar, a comparar, a se livrar dos dogmas e dar ênfase à ciência e à razão. A ciência é democrática, ela é sempre questionável e suas verdades servem para todos, homens, mulheres, ricos e pobres. O Iluminismo trouxe um projeto grandioso de civilização e emancipação da humanidade: o Humanismo.


A ciência veio libertar as pessoas da tirania da superstição e até mesmo da Natureza. pois a ciência pode prever os cataclismas, evitar acidentes, evitar deslizamentos, controlar epidemias. É fácil entender porque os governantes preferem manter o povo na ignorância e na aceitação cega de qualquer lei ou falta de lei, no desconhecimento total de seus próprios direitos. Por isso a elite Brasileira que tanto aprecia a cultura quando viaja, sempre procurou fazer pouco das manifestações culturais em seu próprio país e defende às claras ou às escuras um projeto de manter o povo para sempre ignorante. Expressões como "Levar a vida na flauta", "Não faz arte menino!" incutem na cabeça das pessoas que a Arte é uma besteira e que o artista é um vagabundo. Existe um enorme número de pessoas que nutre um ódio conflituoso aos artistas e repetem sem pensar besteiras contra as leis de incentivo cultural, como se eles próprios não precisassem e não fossem consumidores de cultura. Isso é tão absurdo quanto alguém se revoltar contra os produtores de feijão, de arroz, de automóveis, ou dos remédios que eles próprios consomem.


Pode-se viver muitos dias sem feijão, sem arroz, sem remédio, mas não se vive sem cultura. Uma pessoa não vive um único dia sem consumir algum tipo de cultura, que seja música, teatro, novela, filme, literatura, artes visuais, design etc. O Homem sem cultura é um animal, mas não um simples animal, é o pior, o mais fraco, o mais indefeso dos animais.


Diz o mito de Prometeu que os Deuses Gregos andavam entediados no Olimpo pois na condição de imortais, nada disturbava sua calma eterna. Para se divertir, eles incumbem Prometeu (etimologicamente, Pro = antes Manthano = aprender, aquele que antevê) de criar os seres mortais. Epimeteu (do grego: Epi = depois, Manthano = aprender, aquele que tem visão póstuma), suplica ao seu irmão Prometeu que lhe deixe criar os animais. Prometeu concorda mas diz que os homens ele mesmo vai criar. Epimeteu começa o trabalho e vai criando os animais atribuindo a cada um, uma qualidade. Aos pássaros ele dá penas e asas, o leão e o gorila ganham a força, as cobras ganham camuflagens e veneno, a raposa ganha esperteza e muitos pelos, a gazela ganha rapidez e assim por diante. Quando Prometeu chega, se dá conta de que seu irmão havia usado com os bichos todas as qualidades disponíveis e não sobrava mais nada para dar aos homens. Furioso e sem saber o que fazer, ele os cria fracos, pelados, lentos e indefesos. Sabendo que a humanidade que ele criara não teria a menor chance de sobreviver, ele resolve então roubar dos Deuses no Olimpo o fogo e a Arte (Luz e Técnica) para dar aos Homens.


Com essas ferramentas os seres humanos passam a ser donos do seu destino, se equiparam aos Deuses e se tornam juízes absolutos do Bem e do Mal. Diferentemente dos animais que são prisioneiros de seus instintos, que não podem fugir àquilo para o que foram programados, os Homens passam a poder escolher o que fazer, podem ser bons ou maus, úteis ou inúteis, amigos ou inimigos, fazer a guerra ou a paz. Com a sabedoria eles se tornam mais poderosos do que qualquer animal e capazes de exterminar a todos inclusive acabar com a própria humanidade.


Não sabemos se foi um engano, um descuido ou uma brincadeira a criação da Humanidade, mas sabemos que a cultura e o saber é o que nos torna humanos.


Vamos acordar de uma vez e levantar do chão com o objetivo firme de promover a educação e a cultura tentando abrir os olhos das pessoas para o importante fato de que um povo sem cultura é um povo dominado.


Um povo sem cultura não é um povo mas uma colônia de ratos.


 

Arte e Cultura

Edgard Duvivier e Tuninho Galante falam sobre Arte e Cultura


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