Como Acelerar Inclusão nas Empresas

Uma conversa descompromissada no fim de semana pode nos trazer muitas reflexões. Eu assistia de longe dois jovens executivos, na faixa dos 45 anos de idade, conversarem sobre a situação profissional. Um deles era gerente de uma grande empresa multinacional, com sede no Brasil, atuando no setor de minérios. O outro , de maturidade semelhante, era um consultor da área financeira.

O segundo comentou um caso de seleção de um novo profissional para a empresa de um amigo. Após um concorrido processo seletivo, disputavam a vaga dois rapazes e duas moças. Os rapazes eram mais adequados, mas o gerente da área, a quem cabia a palavra final, escolheu uma das moças. Não por causa dela ser bonitinha, mas porque uma das suas metas, que lhe daria direito a ganhar um bônus, estava atrelada a ter um ambiente de trabalho diversificado. Ou seja, deu preferência a atender o interesse próprio sobre o da empresa.

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O outro, que estava muito desanimado, contou que na sua área, haviam escolhido uma moça para ser a Diretora. Ele concluiu dizendo que, além dele, havia 3 outros chefes de departamento mais qualificados do que a moça em questão. Como homem, branco, sentia que havia batido no teto. Doravante naquela empresa não poderia esperar promoção.

São aspectos reais de um problema que as empresas estão vivendo que podem levá-las a uma certa diminuição da qualidade de gestão. Não está muito claro se minorias menos qualificadas ascendendo a postos de chefia sem o total de qualificações desejáveis, tem ou não condição de superar as suas limitações, por mais que um equilíbrio entre etnias e sexo nas nomeações para cargos de chefia seja desejável.

Algumas medidas podem contribuir para que problemas do tipo dos apontados nao venham a ocorrer e penalizem a empresa.

A primeira medida é um aumento da consciência do trabalho em grupo, da colaboração entre as pessoas , da redução da distância , e do salário, entre chefes e subordinados. Enfim ambos são necessários e precisam trabalhar em estreita colaboração. A proeminência do chefe é um resquício de organizações militares ou eclesiásticas, modelos replicados no ambiente empresarial, com nefastas consequências. Um péssimo exemplo para a organização do século XXI que deve ser muito mais horizontalizada.

A segunda medida é a adoção de um sistema inteligente de admissões e de treinamento no trabalho. Tive oportunidade ao longo da vida de praticar esta política em empresas que presidia, não só adotando a política de contratação de estagiários com perfil representativo da diversidade e oferecendo a eles, ao longo da sua estadia temporária na empresa, ou definitiva para os que eram contratados,.Em um dos casos, em 6 anos crescemos de 2% para 25%, a proporção de mulheres em cargo de chefia; Um resultado importante porque correspondeu também a um grande progresso empresarial. Um detalhe importante, era uma empresa de equipamentos pesados, com predominância até então de carreiras ditas masculinas.

A terceira medida é a utilização mais inteligente dos planos sucessórios. Hoje toda empresa tem planos de contingência para substituição de chefias, pois não estão livres, pelos mais variados motivos, - como salário, mudança de cidade, doença, mudança de estilo de vida - de perder seus executivos mais qualificados da noite para o dia. No meu entendimento a cada chefia masculina deve corresponder um possível sucessor de sexo feminino. E vice-versa. Incluindo Diretores e Presidente. Isso significará um certo custo adicional certamente compensado pelo aumento de produtividade e melhoria do ambiente de trabalho.

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O mundo do futuro deve ser resultado de um conjunto de ações nossas e não do acaso. Um dia espero ter tempo de escrever sobre a empresa como uma obra de arte, inspirado em Burkhart, que escreveu sobre o Estado como obra de arte.

Já posso adiantar que, para que elas assim seja, elas devem resultar de políticas intencionalmente conduzidas com perseverança, políticas racionais, combinadas com a criação de ambientes sócio-emocionais, que ensejem no microcosmo empresa, motivação para excelência e uma vida saudável e equilibrada.

Não preciso dizer que sou integralmente contrário a esta baboseira, de chefes fascistas, de retirar as pessoas da sua zona de conforto como estratégia de motivação, criando um horrível ambiente de trabalho. Não há maior incentivo para a própria superação, que a motivação individual para excelência, como qualquer atleta sabe.

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