Bem que a Ciça Guimarães poderia levar o João Roberto Kelly, no ‘Sem Censura’

a’
Estamos chegando ao funil do período carnavalesco. Para a tristeza de muitos. Eu incluído nesses muitos. Tenho uma identificação muito grande com o Carnaval. Até já disse isso aqui algumas vezes. Nem mesmo grandes frustrações como a de não ter desfilado até hoje na minha Escola de coração, diminui a sensação de felicidade que essa parte do ano me proporciona.
Sou portelense, mas gosto de todas as Escolas. Recentemente li o livro O Prazer da Serrinha: Histórias do Império Serrano, do jornalista Bernardo Araújo, coleção Cadernos de Samba, que comprei na Folha Seca. Se já alimentava um profundo respeito pelo ‘Reizinho de Madureira’, devo confessar que o respeito foi promovido ao estágio de veneração. Império Serrano é imenso, essencial. Histórico.
Mas voltando, o tal funil é quando o período pré-carnavalesco vai terminando para dar lugar ao propriamente dito “Reinado de Momo”, que termina oficialmente, algumas horas já na Quarta-feira de Cinzas adentro. Nesse período, fora as novidades que aparecem (algumas inclusive para ficar), os traços da tradição da folia se mostram presentes e com força. Como as marchinhas, por exemplo.
Sou do tempo em que as rádios estimulavam a adesão geral a esse período mágico, veiculando diariamente a trilha musical própria da época. Havia uma distinção clara na transmissão: músicas de Carnaval executadas mais ou menos de outubro em diante, ocupando a maior parte dos horários radiofônicos, e, as chamadas ‘músicas de meio de ano’, que eram executadas fora do período carnavalesco.
Havia programação específica. Eu guardo na memória, como fosse um quadro na parede, irremovível, programas que divulgavam músicas de Carnaval. Como o de José Duba. O horário tinha cadeira cativa no rádio lá de casa. Minha mãe era uma carnavalesca de primeira e nesses dias a casa virava um atelier animado. Ela confeccionando sua fantasia e de meu pai, outro amante do tríduo momesco, como realçava José Duba, eu e minha irmã na fila, assim como gente da família e amigos. E a trilha sonora a embalar aquelas tardes frenéticas era, invariavelmente, composta pelas marchinhas.
Sábado passado eu me esbaldei no ‘Bloco Etílico Carnavalesco Crustáceos da Manguaça’, que há 24 anos saracoteia uma semana antes do Carnaval, em Resende, e mais uma vez, constatei a perenidade desse gênero carioquíssimo. Num intervalo para o chopp (não sou de ferro), o pensamento passeou agradecido pelos geniais Ary Barroso, Zé da Zilda, Zilda do Zé, Braguinha, Noel Rosa, Zé Keti (junto a outros não tão famosos), autores de marchinhas, sambas e marchas rancho que embalam a festança até os dias de hoje.
E, falando nessa turma genial, um destaque muito especial para o ‘Rei das Marchinhas’, João Roberto Kelly, de, entre outras joias: Mulata Bossa Nova, Colombina Iê, Iê, Iê, Cabeleira Zezé. Ele, com 86 anos, ainda compõe, sorte nossa. Pena não termos mais o José Duba ou mesmo o Chacrinha, na TV, para divulgar o repertório da vez. Chegaríamos no sábado com as novidades na ponta da língua.
Faço um apelo à maravilhosa Ciça Guimarães que leve João Roberto Kelly ao seu fantástico ‘Sem Censura’. Quem sabe dá tempo de a gente sair cantarolando a mais recente cria do homem: “Tem ladrão no meio do cordão / ladrão importante / Falando grosso / Com pinta de bom moço”.
Roda de Samba para Churrasco
Cedro Rosa Digital, a plataforma da Musica Independente Certificada.
Escute, Pesquise, compartilhe.
Disponivel para downloads e trilhas sonoras diversas, tudo oficial, gerando receita para artistas e criadores.
CHORO DA VIDEIRA, chorinho ao vivo!

Comentarios