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Foto do escritorLais Amaral Jr.

"Beco da Cirrose", meu limite com Mário Peixoto




Semana retrasada, participei online do programa ‘Por dentro da Cedro Rosa’, com Tuninho Galante, com Ed, o editor de imagem, com a Luana Oliveira, direto de Itaquaquecetuba e com o Mariozinho Lago, que era o entrevistado da semana. Lá para as tantas, o Mariozinho, que tem sempre muito o que contar, falou num tal ‘Beco da Cirrose’, se não me engano, em Copacabana. (Live completa abaixo).


Ao ouvir isso, como se vítima de uma estilingada, minha mente foi arremessada por instantes, para alguns anos no passado. Para Angra dos Reis, onde vivi no final dos anos 1980. Morei numa quitinete localizada na travessa Miguel Elias Miguel, que liga a Rua do Comércio à Avenida Júlio Maria, que dá para baia, para o cais. O pequeno logradouro era mais conhecido como ‘Beco da Cirrose’.


Em 1989 passei a Semana Santa em Angra dos Reis. Parte do litoral fluminense que ainda não conhecia. Minha vida havia chegado a mais uma encruzilhada, entre as tantas com que se deparou. Terminado o ‘feriadão’, os amigos retornaram a Nova Iguaçu e eu fiquei. Desempregado e me sentindo bem recebido na cidade praiana, fiz teste para um jornal local, e dias depois já era funcionário do Jornal Maré e da Rádio Angra AM, então o vibrante complexo de comunicação do João Carlos Rabello. Fui morar provisoriamente no alojamento do jornal, até que me estabelecesse e conseguisse alugar alguma moradia. Esse alojamento era a tal quitinete no ‘Beco da Cirrose’. Num prédio que tempos atrás tinha sido um hotel. Hotel ‘Angra Turismo’, me disseram na redação.


Morei menos de um ano na quitinete que ficava no terceiro andar. A redação do jornal era bem perto e não era incomum pela hora do almoço eu dar um pulo em casa. Algumas vezes ao subir ou descer as escadas eu via um senhor magro, de cabelos brancos, sempre de pijamas, sentado à mesa no corredor do segundo andar, sendo servido por uma senhora. Sua governanta, eu deduzira. Ele nunca me cumprimentou. Eu salivava ao ver pasteizinhos numa travessa no centro da mesa. Pareciam sequinhos, tamanho perfeito e deliciosos, eu imaginava. Torcia para que um dia ele me oferecesse uma daquelas guloseimas. Tempos depois, eu já morando na ‘Praia do Anil’ vim a saber que aquele senhor, era nada mais nada menos, que o cineasta Mário Peixoto, autor do filme ‘Limite’, de 1931, o que me deixou muito decepcionado comigo mesmo. Como não fui saber disso antes! Eu não o vi mais. Em 1992 eu deixei Angra, mais ou menos um mês depois que o velho cineasta deixara a vida, o que só fui saber anos depois.


Mário Breves Peixoto, nascera em berço de ouro, como se dizia. Filho do comendador Joaquim de Souza Breves, um dos mais renomados Barões do Café e, pelo lado da mãe, ligado a uma linhagem de usineiros de açúcar. Autor de várias obras inacabadas, não só filmes, seu principal “o que fazer”, mas também romances. Em 1988 a Cinemateca Brasileira escolheu seu filme ‘Limite’ como o melhor filme brasileiro de todos os tempos e o fez uma referência do cinema nacional. Em 1995, pelo Centenário do Cinema, ‘Limite’ é considerado mais uma vez o melhor filme brasileiro de todos os tempos. O que se repete em 2015 por decisão da Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Um documentário premiado de Sérgio Machado, de 2002, “Onde a Terra Acaba”, título de um dos filmes inacabados de Mário Peixoto, fala da obra e da vida do cineasta. Fui vizinho e tangenciei um personagem dos mais complexos da nossa Cultura e só tinha olhos para os pastéis sobre sua mesa na hora do almoço. Do ‘Beco da Cirrose’, simpática alcunha derivada do número de bares ali instalados, volto a falar em outra oportunidade. Tim-Tim.


 

O que rola de legal na internet?


Live com Lais Amaral, Mario Lago Filho, Luana Oliveira e Tuninho Galante.


Disco Mariozinho Lago e os Cocorocas!


 

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