A próxima do Laranjão contra Lula
- Lais Amaral Jr

- 24 de set.
- 3 min de leitura

Ele tinha que concluir o texto para o ‘âncora’. As mãos inertes sobre o teclado. Em seu entorno mais uma novidade vinda do Grande Irmão do Norte agitava o pessoal e as expressões de espanto e protesto voavam na redação, como pássaros sem rumo. O jornalista pensa alto sobre o mais recente absurdo de Trump:
- O cara suspendeu o programa do Jimmy Kimmel! Caramba! Mais de 20 anos no ar. E a ABC não vai fazer nada? E a propalada liberdade de expressão? E a primeira Emenda, como é que fica?
O jornalista precisa se desligar daquele pequeno alvoroço. Tem prazo para entregar o texto ao âncora. As imagens precedem o texto antes de chegarem ao teclado do notebook. Mas oscilam. Aparecem distorcidas na tela do monitor, como um filme. Ele está entorpecido.
Trump chegara ao Salão Oval com cara de poucos amigos naquela manhã. Mal humorado, não cumprimentou ninguém. Deu ordens para que apenas Jason Miller entrasse com ele. Lá fora, nos corredores da Casa Branca, circulavam, à boca pequena, humorados e ácidos comentários dando conta que a primeira dama, dona Melania, “dormira de calça Lee”, como se dizia tempos atrás.
Para a turma mais jovem, a necessária contextualização. Calça Lee, foi o primeiro jeans a fazer sucesso no Brasil. Lá pelos anos 1970, superando outras tentativas. Nosso gosto se rendeu ao pano duro e pesado. A turma de Jovem Guarda ajudou a popularizar a peça que era adquirida em importadoras ou por contrabando. Era a calça dos cowboys norte-americanos. Mais tarde a Levis Strauss introduziu um corte mais ao nosso gosto. Depois é história. Tudo é jeans.
Naquele tempo, auge da Guerra Fria, vivíamos o constante sobressalto de não haver o amanhã. E o folclore de então, alertava: Se a mulher do presidente americano (ou russo) dormir de calça Lee, o cara acorda puto e aperta o botão. O outro, em resposta, aperta de lá e começa a guerra nuclear. Pronto, acabou-se o mundo.
Na verdade, Trump ainda não digerira algumas reportagens e um editorial do New York Times. Matérias positivas sobre o Brasil, depois da condenação de Jair Bolsonaro e alguns generais, pelo Supremo Tribunal Federal, pela tentativa de Golpe de Estado. Falou meio no sussurro para Jason Miller, apesar de estarem a sós no Salão Oval:
Trump – “Está tudo indo bem, fora essa mídia safada. Mas depois eu dou um jeito, como fiz com esse bosta do Kimmel. Bolei mais uma ‘Slutty’. Jogo mais merda no ventilador e o mundo inteiro olha pra cá. Reclamam, deblateram, e nem reparam no Ben dando mais uma vassourada em Gaza. Eles ficam me xingando como se eu fosse o pior dos mundos e não demora, criamos a nossa Riviera, o Trump Gaza e o escambau. Sem falar das riquezas que virão, claro”.
Jason Miller – “Dodô, outro tarifaço não vai pegar bem. Ninguém acredita mais”.
Trump – “No fucking tariff! Que tarifaço o quê, Jason, parece que não me conhece. Agora vou mexer com a paixão de latinos e outros panacas que curtem essa besteira de soccer. Já até conversei com aquele bundão do Infantino, da FIFA, pra ele ficar na dele. Que é só mais uma cascata pro mundo olhar pra mim, enquanto o Ben limpa Gaza de vez. E, paralelamente, claro, as bolsas de valores tremem, ações despencam, outras sobem, e nesse cassino maravilhoso, faturo mais uns bons milhões de dólares”.
Jason Miller – “Já faturastes uns três bilhões, Presidente. Aumenta minha comissão”.
Trump – “Tranquilo. Você é meu chapa. Agora ouve: vou proibir que as seleções de futebol do Brasil e do Iran entrem nos Estados Unidos para a Copa do Mundo. São ditaduras declaradas. E mais, no início do ano já envio a Guarda Nacional para empestear New Jersey, que é onde será a final dessa bull shit. Hahahaha”.
Jason Miller – “Wow! Proibir o Brasil de disputar a Copa do Mundo! Essa vai ser a melhor, Chefe. Muito bom”.
As imagens se retorcem, somem. O colega do lado pergunta sobre a chamada e o jornalista, voz empostada como a do locutor do horário: “Donald Trump proíbe entrada de Brasil e Iran nos Estados Unidos, para a Copa do Mundo”.
Silêncio geral na redação. Agora o bicho pega!
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