Vasco da Gama: SAF nas mãos dos do grupo americano 777 Partners tem tudo dar certo
A era do profissionalismo internacional no futebol brasileiro tem na aquisição dos direitos da SAF - Sociedade Anônima do Futebol - do Vasco da Gama, um marco histórico e um futuro promissor.
O futebol brasileiro, que nos últimos 30 anos vinha se aproximado da fábula da galinha de ovos de ouro, onde donos gananciosos, ao invés de esperarem a nobre penosa colocar um ovo por dia, mataram a ave valiosa para ter acesso a todos os ovos de uma só vez, perdendo tudo ao invés de ganhar tudo.
A galinha valiosa são os clubes e os ovos de ouro, naturalmente os jogadores.
Mas não houve morte imediata da galinha ou dos clubes, eles vinham agonizando gradativamente, sangrando em dívidas, “manipuladas pela mão invisível” de sócios-ocultos ou parceiros coniventes, combinados com a conjuntura econômica e a globalização.
O fato é que grandes marcas, grandes clubes estavam falindo por essa associação de fatores.
Na cadeia produtiva do mercado mundial do futebol, o Brasil exporta ativos – jogadores jovens e talentosos – a um preço de segunda classe para os padrões internacionais e importa os mesmos jogadores já em declínio esportivo e econômico. Ainda podem ganhar um rebate de 5% como clubes formadores nas segundas transferências, mas isso não muda a conjuntura.
“Mas pera ai, os jogadores brasileiros estão entre os mais caros do mundo”, diria um “corneteiro digital”.
Mas não na venda primária, Brasil para a Europa, sim na venda secundária, Europa x Europa. Ali os preços são de gente grande, como o caso Neymar Jr, transferido do Barcelona para o PSG por €222 milhões ou R$ 1.230 bilhão, ao câmbio de 18/3/2022.
Na conjuntura socioeconômica mundial, o Brasil faz parte do grupo de países “em desenvolvimento”, antes chamado “terceiro mundo”.
Nós somos exportadores de comodities, produtos básicos, o que ajuda muito na balança comercial, mas não gera criação de intensiva empregos e, consequentemente, geração-distribuição de renda. O Brasil, ao longo dos últimos anos, passa por uma grande desindustrialização.
Dados publicados hoje, 18/03/2022 pelo IBGE mostram achatamento de salários, com queda de 10%, em valor e forte desemprego, de 11%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Não somos nem criadores nem exportadores de tecnologia ou produtos com alta tecnologia ou valor agregado, somos importadores.
Não podemos dizer que somos um país pobre, mas empobrecido, mas podemos afirmar que somos um dos países mais desiguais do mundo.
Mas o que isso tem a ver com futebol? Tudo, porque vivemos numa sociedade globalizada na era da revolução digital.
Primeiro mundo na indústria do futebol é a Europa.
Apenas como um exemplo do mundo globalizado e da desproporção de investimentos em futebol, a Spotify acaba de comprar a propriedade de naming rights do estádio do Barcelona por USD 230 milhões de dólares (R$ 1.150 bilhão) por 4 anos, que passará a se chamar Spotify Camp Nou.
Ou seja, apenas uma propriedade publicitária de um clube europeu vale mais do que todo o investimento da S.A.F. do Vasco. Esta é a realidade
Não adianta espernear, falando que o Vasco vendeu barato, porque o clube, como 90% dos outros clubes brasileiros estão quebrados financeiramente, estão rolando dívidas para sobreviver.
O negócio Vasco e 777 Partners foi negociado na gestão de Jorge Salgado, um bem-sucedido empresário da velha-guarda do mercado financeiro carioca, ex-cartola do próprio Vasco e da CBF, na gestão de Ricardo Teixeira.
Salgado entende do mercado de capitais, pegou uma batata em brasa no clube carioca, simplesmente não tinha outra opção, se não a venda.
Passo a assumir um tom mais pessoal, não como uma espécie de aula magna ou “gato-mestrice”, mas como um relato de quem tem mais de 30 anos nesse business.
Já administrei carreira de diversos jogadores e treinadores da elite do futebol brasileiro, incluindo 5 jogadores do elenco profissional do Vasco em determinado período. Ao longo dos anos, decidi pulverizar minhas atividades, retornando ao início: música.
Ouça a música Casaca, (gravação demo) de Hamilton Fofão e Serjão Lorosa.
Conheça outras musicas de Fofão na Cedro Rosa.
Isso causava estranhamento e eu explicava que música e futebol eram faces da mesma moeda, o mundo do entretenimento, do show business, atualmente categorizado como indústria de conteúdo. O maior exemplo atual para essa convergência é o Spotify Camp Nou, explicitando a relação música e futebol.
Acompanhei de dentro a degradação financeira dos clubes. Havia um pacto de silêncio, ninguém tocava no assunto, até que numa ocasião, em entrevista ao O Globo, eu disse que os clubes brasileiros estavam vivendo uma espécie de “crack da bolsa de valores de 2019”, nos Estados Unidos.
Simplesmente era impossível receber as verbas combinadas em transferências e direitos esportivos-publicitários negociados aqui. O calote era institucional. Isso aprofundou a penúria no futebol brasileiro, porque as cobranças foram judicializadas e mesmo (ou por isso mesmo), com a lentidão da justiça brasileira, ao entrarem na fase de execução, deram o tiro de misericórdia nos clubes.
Até hoje, 2022, jogadores que pararam de jogar há anos, como Romário, Edmundo e Ronaldinho Gaucho ainda recebem acordos judiciais.
Mas por que a entrada de investidores estrangeiros podem trazer um futuro promissor? Pela injeção de capital novo combinado com outros fatores, como gestão profissional dos clubes de futebol através das S.A.F. em uma nova pessoa jurídica, proporcionada pela mudança na legislação esportiva, seguidos pela conjuntura socioeconômica e revolução digital, com explosão do mercado de streaming, já citados aqui. Esses são fatores fundamentais no atual momento histórico.
Ouça a música PAPO NO MARACANÃ, de Tuninho Galante e Marceu Vieira.
Discos Cedro Rosa. Disponível para trilhas sonoras.
Escute na Spotify.
Outro aspecto, a ESG ( "environmental, social and governance" ou ambiental, social e governança, em português), citado por Josh Wander, gestor da 777 Partners, em entrevista online ao Globo Esporte, é fundamental para qualquer instituição com ações em bolsa prosperar no mundo atual. Na mesma entrevista, Wander diz que “nosso objetivo é tornar o Vasco uma superpotência global"
Nos últimos 30 anos, os valores envolvidos na indústria do futebol se multiplicaram, com diversificação de relacionamentos, experiências, intercâmbio e escala global.
Um fã do Vasco, do Flamengo ou do Atlético Mineiro pode adquirir diversos produtos desses clubes como NFTs, acesso a treinos, bastidores, transmissões de jogos por canais próprios, etc. Fãns de futebol do mundo inteiro também tem acesso a esses produtos.
Ao mesmo tempo, manter os departamentos de futebol ficou muito mais difícil. Tanto os jogadores como a estrutura e a gestão ficaram mais complexas e caras.
Mas ao mesmo tempo, há mais formas de monetizar o esporte.
Seguindo a análise dos últimos 30 anos do futebol, neste período surgiram algumas das empresas mais valiosas do mundo, as de tecnologia, que migraram em peso para o mundo da geração de conteúdos e streaming.
Gigantes como Google, TikTok, Netflix, Spotify, Amazon, Twitter, Youtube e Facebook são gigantes que surgiram do nada e comandam o baile.
As transmissões de eventos esportivos geram as maiores audiências do mundo.
Os clubes de futebol criaram seus próprios canais digitais.
Um dos segmentos-chave por trás do avanço tecnológico, do mundo do streaming e das
redes sociais é a ciência de dados, a big data. Ao administrar esses clubes, os controladores terão acesso a dados de milhões de torcedores. Isso combinado com a big data do ecossistema do futebol, como formação de jogadores na base, treinadores, equipe técnica, assim como fornecedores, patrocinadores, torna esses ativos muito mais valiosos, pela escala global.
A entrada de investidores estrangeiros no formato de sociedade anônima no futebol brasileiro – um fenômeno internacional, eles também estão comprando clubes na Europa – não é a panaceia para todos os males, afinal de contas nem o sistema financeiro nem corporativo são geridos por freiras e volta e meia explode um escândalo, mas é uma novidade auspiciosa, pelo que significa em ganhos de escala, gestão e transparência exigidos nos dias atuais.
No entando, esses investidores internacionais terão maior conhecimento e poder de barganha para monetizar seus ativos.
Até o momento, os negócios mais promissores do Brasil, tanto para clubes como para o segmento como um todo, foram os do Botafogo, com John Textor, já analisado aqui na CRIATIVOS! e do Vasco, com o 777 Partners.
A conferir os desdobramentos.
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