Um Caminho Para o Rio
Há 20 anos Olavo Monteiro de Carvalho foi eleito presidente da ACRJ e, poucos meses depois, Sergio Cabralo Filho governador do Rio de Janeiro.
Naquela ocasião, sopraram ventos positivos de esperança para nossa cidade. Isto se intensificou com a eleição de Paes para prefeito. Urani, Thedim, Rossi, Olavo e eu, então presidente da Light, criamos no restaurante de nosso amigo Luciano, a OsteRio, um espaço semanal de debates com os maiores expoentes da vida comunitária e autoridades do nosso Estado. Tempos depois, Urani publicou o seu livro “Trilhas para o Rio”, apontando caminhos e políticas públicas para o que cognominava o “desencalhar da baleia”.
Está na hora de uma nova geração levantar bandeira semelhante, embora não mais se trate de “trilhas”, mas sim “avenidas” que precisam ser criadas. Avenidas “haussmannianas” que permitam o fluir das pessoas, mas também a reconfiguração de bairros e regiões de planejamento nos quais possam se materializar investimentos públicos em centros cívicos administrativos de educação e de lazer.
Um adensamento habitacional nessas regiões, como preconiza Sergio Magalhães, é importante, criando mais espaços verdes e maior presença de equipamentos sociais, além de beneficiar a organização dos distritos escolares, da segurança pública, dos hospitais e postos de saúde, hoje ainda muito carentes em algumas regiões.
Face ao desmantelamento das entidades públicas e do foco na própria sobrevivência, que exaure o empresariado, uma possível entidade para liderar este movimento de repensagem da cidade, influência sobre o poder público e realização de algumas ações tópicas, poderia ser um fórum das concessionárias de serviço público.
Estas entidades, citando aqui nominalmente as Barcas, a Supervia, a Light, a CEDAE e as novas empresas de águas e saneamento, o BRT, a Comlurb e aquelas ligadas à distribuição de gás e sinais da internet, sofrem pesadas perdas decorrentes da incapacidade de prestarem os seus serviços em várias regiões onde o Estado não se atreve a pisar. Elas procuram atuar individualmente na solução de um problema que não é mais de cada uma delas, mas sim da cidade como um todo.
O que proponho é uma ação coordenada onde medidas de caráter urbanístico, além de um ilhamento regionalizado dos serviços de tais concessionárias, crie grandes sub-unidades urbanas nos quais uma ação concentrada delas recupere condições de civilidade, cidadania e orgulho de viver em cada um desses bairros.
O Estado, evidentemente, é essencial, mas deve ouvir e apoiar o esforço consensual definido pelas concessionárias, secretarias estaduais e municipais especializadas e as organizações sociais de cada uma dessas comunidades.
Os resultados visados, basicamente uma cidade de comunidades diversificadas com expressões culturais próprias e sem situações de habitação sub-humana ou infraestrutura deficiente, poderão ser observados no prazo de dez a quinze anos de trabalhos bem planejados.
Pode ser que isso seja um sonho, mas é também uma necessidade de sobrevivência para uma metrópole que, além dos seus problemas não resolvidos, vai receber uma carga adicional decorrente dos eventos extremos causados por mudanças climáticas. Eventos que não pouparão as suas regiões costeiras, os inúmeros bairros com habitações populares e favelas situadas em áreas de deslizamento ou de inundações, além de o enorme efeito que a automação e digitalização de processos causará no mercado de trabalho e residencial.
É importante que nossas lideranças políticas e empresariais corajosamente se lancem na implantação desta cidade adequada a um futuro que já está se tornando presente e que pensem grande.
A recuperação do centro de grandes cidades como o Rio de Janeiro e outras regiões urbanas abandonadas ao redor do mundo pode desempenhar um papel crucial na economia criativa. Esses espaços possuem um enorme potencial para se tornarem hubs culturais e econômicos, revitalizando áreas degradadas por meio da arte, tecnologia e empreendedorismo. Transformar prédios históricos, ruas e praças em centros culturais e polos criativos não apenas resgata a identidade e o patrimônio cultural dessas regiões, mas também estimula a geração de emprego, renda e inclusão social, ao atrair criadores, empreendedores e turistas.
A Cedro Rosa Digital, por meio de suas inovações na certificação e distribuição musical, pode ser um dos agentes transformadores desses projetos. Seu trabalho de representar artistas de cinco continentes e facilitar o licenciamento global de obras cria um modelo sustentável que fortalece a cadeia produtiva da música e valoriza os criadores. Ao unir música, tecnologia e cultura, a Cedro Rosa pode contribuir diretamente para iniciativas que promovam shows, exposições e eventos em espaços revitalizados, fortalecendo a economia local e global.
O portal CRIATIVOS! também desempenha um papel essencial nesse processo. Como um canal diário de divulgação e debate sobre cultura, ciência e economia criativa, o portal pode amplificar as iniciativas de revitalização urbana, destacando eventos, projetos e artistas que transformam o espaço urbano. Ele se torna um pilar fundamental para engajar o público e conectar instituições, governo e empreendedores em torno dessas ações.
Outras instituições, como universidades, ONGs, empresas privadas e órgãos governamentais, podem contribuir oferecendo subsídios, programas de capacitação e apoio técnico. Além disso, políticas públicas que incentivem a ocupação cultural e a restauração arquitetônica são fundamentais para a sustentabilidade de tais projetos.
As playlists da Cedro Rosa Digital em homenagem ao Rio de Janeiro, podem servir como inspiração e trilha sonora para eventos que promovam a cultura carioca. Essas curadorias destacam a riqueza musical da cidade e ajudam a resgatar sua essência cultural, fortalecendo seu papel como capital criativa e cultural.
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