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Todo desconhecimento traz aprendizado




Ninguém nasce portando o conhecimento. Ninguém chega a este mundo com as respostas, mas sim com muitas indagações. E estes entendimentos chegam a nós com a curiosidade aflorada, depois com a busca incessante das informações através de muita paciência e dedicação. E com humildade para compreender que o conhecimento chega devagar, com muito suor e sobretudo com muita vontade de aprender e dominar o sentido daquela informação. Estes são alguns dos passos necessários para conquistar o verdadeiro aprendizado, que traz a experiência e o domínio da compreensão.


Quando saí de uma grande metrópole e vim morar na roça, foi uma decisão motivada pela necessidade extrema de conviver com algo mais natural, e sem trocadilho, mais próximo à natureza. A cidade está impregnada de resultados desfavoráveis, às vezes prejudiciais e até indesejados, para se resolver qualquer demanda. Para a urbe em si, os resultados visam soluções equivocadas. Nada melhora. As consequências, sem exceção, agravam a violência, a gentrificação, o caos no trânsito, a insegurança da população, a diminuição de jardins e parques, a deficiência do transporte público, etc.


Tendo vivido a maior parte de minha existência entre prédios cinzentos, ruas cinzentas e pessoas cinzentas, mal conseguindo ver o céu entre os grandes prédios, sem nunca saber em que fase da lua estamos, resolvi buscar uma outra alternativa. E, esta possibilidade veio ao me afastar deste câncer urbano.


Foi uma escolha feliz. Encontrei meu pedaço de chão afastado dos grandes centros e próximo às serras verdejantes repletas de vales com nascentes de rios, em meio às florestas e à natureza. Este meu desconhecimento foi aos poucos trazendo muita lucidez.


Depois de um caminho árduo para chegar até onde hoje me encontro, sinto-me vitorioso. De um neorrural tornei-me uma parte atuante deste território. Depois de tantos anos já me sinto inserido no contexto local. Trouxe comigo um conjunto de valores, além de uma série de perspectivas de melhores condições e qualidade de vida para mim e minha família. E estes valores foram se modificando pois vieram corrompidos pela cidade. A pressa, por exemplo, não combina em nada com o dia-a-dia rural. A natureza tem seu tempo. Na cidade ”time is money! Não há tecnologia que irá modificar parâmetros universais. O sol sempre nascerá no leste e descansará no oeste. Toda e qualquer plantação deve e tem que seguir o caminho da claridade.


O desconhecimento da vida no campo e a total ignorância de como a natureza se processa, traz à lembrança o estoicismo de Sêneca quando ele afirma que “a natureza não se revela de uma só vez”. Verão e inverno não se diferenciam entres si apenas pelo calor e frio. As nuances de possibilidades entre estas estações enchem compêndios de estudos. Excesso de chuvas e seca trazem oportunidades diferentes. Na cidade apenas decidimos levar ou não um guarda-chuva. Na roça são momentos de decisões e ações diferenciadas.


Na região em que vivo (um vale na serra da Bocaina na Mata-Atlântica) no verão, por exemplo, cuidamos do controle das valetas das estradas, da limpeza das bocas-de-lobo, plantio de vegetais da época, uso de galochas e capas de chuva, evitamos trabalhos nas estradas vicinais, para não incrementar a lama, o corte do mato é mais intensificado por conta da rapidez do crescimento da flora nesta época de verão, e tantas outras ações que surgem conforme a necessidade. Já na seca, a irrigação torna-se preponderante em algumas plantações, o frio (estou no sudeste e a seca ocorre no inverno) traz a necessidade dos casacos e outros protetores, o dia nasce mais tarde e se põe mais cedo, é hora das reformas, conservação e benfeitorias das estradas e na construção civil. Lenha para a lareira e para o fogão não esfriar a cozinha nem o café. Algumas hortaliças abundam por conta da estiagem.


Conhecimentos profundos trazem também as alternativas entre outono e primavera. No outono há o preparo para o inverno. Na primavera fica evidente as cores e os perfumes. Na vida animal percebe-se a excitação da procriação, na vida vegetal a alternância da alimentação natural possível no decorrer desta época do ano. No plantio ou na colheita, tudo possui uma sabedoria milenar que a tecnologia tenta inibir com produtos sintéticos.

Adubos naturais ou agrotóxicos venenosos? Um produz alimentação saudável, talvez de menor peso, menor volume ou não tão repleto do appetite appeal que a propaganda de food styling tanto enaltece, mas rico de saúde.


O outro, apesar da beleza do formato e das cores, tem apenas como objetivo central, causar desejo praticamente imediato para a venda e consumo do produto, mesmo sabendo que é péssimo para seu bem-estar. Este conhecimento você adquire nas leiras de sua horta ou do seu pomar, com o resultado da plantação que você tanto se dedicou e não nas gôndolas do supermercado, onde a mentira, a doença e a ambição prevalece.


Para legitimar o título deste artigo, insisto na minha premissa que todos ser humano ao atingir os sessenta anos ou seis lustros, deve se mudar para uma cidade pequena, onde seu expertise pode fazer uma diferença. Deixe a cidade grande para os mais jovens e venha aprender a ter uma vida saudável, sem estresse, com qualidade. Venha respirar ar puro, beber água de fonte sem cloro nem flúor. Comer alimentos saudáveis sem veneno e ter a oportunidade de dormir 8 horas de noites escuras e silenciosas.


Mas – a bem da verdade – corre o risco de ser acordado no alvorecer, às 5 horas da manhã, por saracuras que cantam em dueto de macho e fêmea discutindo a relação justo embaixo de sua janela. Confesso que já esbravejei muito, espantando estas aves. Nem tudo são flores na roça, afinal gosto de acordar mais tarde e mereço algumas horas a mais de sono!


Luiz Inglês

Bananal, serra da Bocaina

3/11/23


 

O renascimento das cidades pequenas e áreas rurais ao redor do mundo está impactando positivamente a qualidade de vida de seus habitantes de diversas maneiras.




Este fenômeno é impulsionado por uma combinação de fatores, incluindo cultura, educação, tecnologia e economia.



Grandes artistas nesta playlist do Youtube / Cedro Rosa, escute!


Culturalmente, muitas dessas localidades preservam tradições e valores que promovem um senso de comunidade forte. Isso cria um ambiente acolhedor e inclusivo, contribuindo para o bem-estar dos residentes. Além disso, a riqueza cultural dessas áreas atrai artistas e criativos, impulsionando a cena artística local.


Música para relaxar, artists Cedro Rosa / Spotify.

A educação é valorizada, com escolas de qualidade e programas de aprendizado contínuo. A tecnologia conecta essas áreas remotas ao mundo, permitindo acesso a informações e oportunidades de negócios. Isso, por sua vez, impulsiona a economia local, com empreendedores rurais se beneficiando da globalização.



A Cedro Rosa Digital, uma plataforma de distribuição de conteúdo, desempenha um papel crucial, permitindo que artistas independentes de áreas rurais compartilhem seu trabalho com um público global. Isso não só gera renda para esses artistas, mas também enriquece a cultura local e a qualidade de vida, incentivando o crescimento sustentável dessas comunidades em todo o mundo.

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