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Teatro e Pandemia.

Foto do escritor: Tessy CalladoTessy Callado

Tessy Callado, para CR Zine.


Tessy Callado, foto de Paulo Jabour / Coleção particular de Tessy.



Não é a primeira vez que a humanidade enfrenta situação de distanciamento social obrigatório diante de pandemia terrível para o Teatro.

Shakespeare participou de quarentenas em Londres na época da peste.


O teatro nasceu nos ditirambos na Grécia, nos rituais religiosos de Dionysos, deus do vinho, da celebração da vida, de ligação estreita com a terra, suas estações, sua colheita, sua fertilidade sua prosperidade. Ritual que era uma procissão alegre, um carnaval pelas ruas da Grécia. O teatro atrai riqueza, fortuna, e prosperidade para o povo que o pratica. O teatro se libertou quando deixou de pertencer à religião se tornou uma Arte e então foram construídos anfiteatros como estádios ao ar livre, na Grécia da época.


É claro que o teatro significa: aglomeração de pessoas, que produzem milhares de partículas virais transmissíveis (PVT) da respiração humana, rios voadores de nossa inspiração e expiração.

Agora a confraternização teatral tornou-se um perigo mortal! De tal maneira que recentemente uma ópera foi interrompida por espectadores em pânico de contraírem a Covid 19.


Na Londres de Shakespeare, a peste fechou os teatros várias vezes. Os sintomas da peste eram terríveis: febre, aceleração de batimentos cardíacos, falta de ar, seguidos de dor nas costas e nas pernas, sede e estado cambaleante. Dores de cabeça e depressão. Gânglios linfáticos inchados na virilha, no sovaco ou pescoço e em seguida ruptura, causando dor tão violenta que algumas vítimas pulavam pela janela. Finalmente a fala se tornava difícil e vítimas iam às raias da loucura de tanta dor e deliravam antes de sucumbir à parada cardíaca. Um modo tenebroso de morrer e terrível para quem assistia.


Os mais vulneráveis estavam entre os 10 e 35 anos de idade. De tal maneira severa a peste, que fechou os teatros por decreto real em 1582, 1592 (15.000 mortes) 1603 e 1607.

Os teatros londrinos da época eram do outro lado dos muros da cidade, uma periferia onde ficavam monastérios, prostíbulos, e outras “liberalidades”.

Na Londres da época nem o rei se banhava, a não ser “mergulhar as pontas dos dedos em água de rosas”. O rio Tamisa era um esgoto a céu aberto, a população vivia apertada em cômodos mínimos e não existiam noções básicas de higiene.


Além da peste havia a malária, a sífilis, o tifo, a varíola que atacou a Rainha Elizabeth I ainda criança, e a deixou careca (ela usava peruca) e com marcas que a obrigaram a usar maquiagem (de clara de ovos).


William Shakespeare podia ter saído de Londres para sua casa em Stratford, mas ficou escrevendo peças geniais para o teatro: Romeu e Julieta (“que uma praga recaia sobre as duas famílias”) , Hamlet, Timon de Atenas, Rei Lear, etc.


O fato é que Shakespeare escapou da peste, mas segundo dois de seus biógrafos ele que era muito erotizado e um namorador inveterado, e provavelmente contraiu a sífilis, que está lá em seus personagens que falam: “do paraíso do estado amoroso que depois leva ao inferno”...


Na última apresentação do Globe Theatre, a peça era sobre Henrique VIII e o título: “É tudo verdade”, quando o canhão disparou para a entrada da realeza, pegou no telhado de palha e as chamas incontroláveis envolveram e teatro de madeira que pegou fogo. Ninguém se feriu. Mas todo o material do grupo The King’s Men foi destruído e deve ter sido de partir o coração. Talvez algumas peças de Shakespeare tenham queimado também, foi como perder um braço.


Era hora de ir para casa. Foi só então que Shakespeare voltou para Stratford

Anthony Burgess, seu biógrafo fala de um jantar em Stratford, com Ben Jonson, e Drayton seus colegas, comeram carne de porco, e muita bebida. Não era o costume de Shakespeare comer e beber assim, e, sair no ar gelado para se despedir, e pegar uma pneumonia que o levou à morte.


Ben Jonson escreveu em sua homenagem:

“ele não era de uma época, mas de todos os tempos”.


Mesmo agora nesses tempos de pandemia e de pandemônio vale a pena qualquer mergulho em qualquer obra sua.


 

Tessy Callado é atriz, escritora, diretora e jornalista.

Traz a arte e a cultura na familia. Filha do escritor Antonio Callado e mãe do musico e artista plástico Joao Callado.

 

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