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Foto do escritorLais Amaral Jr.

Tarde de pelada, caipirinha e Chico Buarque. Nossa!!


Adalberto Cantalice era editor, e dono, da ‘Revista Equipe’. Um periódico no modelo SQP (Sai Quando Pode), como ele mesmo definia. Conquistar anunciantes para uma revista de cultura e política na Nova Iguaçu da década de 1970 era uma garimpagem árdua e tarefa das mais ingratas. Menos mal que redatores e colaboradores atuavam graciosamente. Era o espírito quixotesco que nos embriagava fazendo crer que resistir à opressão asfixiante daqueles tempos de chumbo na Baixada Fluminense, e no país, era uma obrigação de quem se acreditava, cidadão consciente. Éramos pretenciosos.


O patrocínio garantia a publicação da revista e era vital para Adalberto pagar o aluguel e sustentar a família. Mulher, seis filhos e um gato. Com exceção do tricolor Luiz, o segundo filho, todos eram torcedores do América. Inclusive o gato, costumava se gabar. A vida ficara muito dura para o velho 'Canta' desde que a concessão da Rádio Solimões saiu do controle da sua família. Ele trocara o Rio por Nova Iguaçu para dirigir aquela que era uma das emissoras do seu tio. Acho que era isso.


A Revista, além da dupla função, era uma grande fonte de satisfação para ele. Mas paralelamente o homem vivia a correr atrás de outras formas de geração de recursos. Um dia, isso já no início da década de 1980, ele chegou para mim e disse que achara uma banca de jornal para comprar, mas com a condição de não vender jornais. A capatazia local não queria concorrência. Chamamos o Luiz Carlos Fávaro, na época meu cunhado e um sujeito dos mais dignos que conheço, e montamos a sociedade. Compramos a banca para vender livros. Ela foi instalada na Praça da Liberdade, no centro comercial da cidade. Cantalice deu o nome de ‘Barraca da Cultura’. Não demorou muito e ele propôs comprar nossas partes na sociedade, porque dividir o lucro por três, não estava valendo a pena. As previsões delirantes de um faturamento alto, não passavam mesmo de um delírio dele.


Fávaro e eu abrimos mão da nossa parte, mas eu costumava ficar pela manhã na banca. A maioria dos livros que começamos a vender eram da Codecri, a editora do Pasquim. Fomos lá e conseguimos uma boa quantidade de livros em consignação. Líamos mais do que vendíamos. Tivemos também alguns problemas tipo, quando fomos fichados pelo DGIE (Departamento Geral de Investigações Especiais) por “vender livros comunistas”. A ditadura demorou a acabar na Baixada. Um advogado amigo, Delário Ribeiro foi na delegacia e livrou Cantalice. E foi na banca que ele conheceu também pessoas interessantes. Entre elas, um médico de nome Ézio (não me recordo do sobrenome). O sujeito era simplesmente o médico do Politheama, o time de futebol do Chico Buarque. Cantalice passou a ser um grande fã do Chico desde quando era diretor da rádio e ouvira pela primeira vez ‘Construção’. Eu já era um fã de carteirinha desde os festivais da TV Record (a antiga). Resumindo: Cantalice conseguiu que o Dr. Ézio nos levasse para conhecer o homem.


Em uma tarde nublada num meio da semana, nós três nos mandamos para o Recreio dos Bandeirantes. Lá, dois campos de futebol soçaite. Um gramado, para os jogos do campeonato que o Politheama disputava, e um careca, para as peladas de quarta ou quinta-feira, quando Chico recebia os amigos. Dr. Ézio nos preveniu que Chico ficava meio arredio quando tinha gente desconhecida no campo. Prometemos nos comportar. Nada de tietagem.


Como o tempo estava mais para frio, nada de cerveja. Caipirinhas. E foram algumas, do Severino’s bar, lá mesmo no complexo esportivo. Entre os peladeiros, gente do MPB-4, o cantor Silvio Cesar e outros. Conversamos com alguns. Terminada a série de peladas, Chico saiu do vestiário de banho tomado e Doutor Ézio nos chamou para nos apresentar. Chico apertou nossas mãos cortesmente e até simpático. Adalberto, claro, entregou a ele exemplares da Revista Equipe. Ele passou os olhos e gostou de ver na capa a chamada da entrevista com João do Vale, compositor pelo qual ele tinha grande afeição. E nas despedidas, meu amigo, geralmente muito tímido, mas turbinado pelas caipirinhas foi imperativo: “Mas é pra ler, hein, Chico!”, ao que o compositor educadamente e num quase-susto, assentiu.


Na volta para a Baixada, Adalberto meio atormentado e apreensivo, quis saber se não tinha sido “grosso” com Chico. Nós rimos muito e dissemos que não. Claro que não. Querido e saudoso Cantalice e Doutor Ézio, responsáveis pelo “esbarrão” com o Chico. Sou eternamente grato.


“Politheama, Politheama

O povo clama por você

Politheama, Politheama

Cultiva a fama de não perder” (Hino do Politheama – Chico Buarque de Holanda)


 

Evandro Lima, Laís Amaral Jr e Sergio Fonseca



Samba.




 

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