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SUPERSTIÇÃO BOTAFOGUENSE

Foto do escritor: Jose Roberto SampaioJose Roberto Sampaio


 

​​Era dia de jogo do Botafogo. À noite, o time enfrentaria seu atual maior rival: o Palmeiras. Não havia muito otimismo. Houve 3 tropeços seguidos. Três empates em três jogos, teoricamente, contra adversários mais frágeis.  Uma vantagem de 6 pontos e a liderança do campeonato haviam ficado para trás.


​​Apesar do jogão marcado para aquele mesmo dia, naquela manhã, estava tranquilo. Não porque fosse indiferente às emoções que normalmente acometem os torcedores antes dos grandes jogos, especialmente as finais de campeonato, como estava encarando aquela partida. Fazendo uso do decantado pessimismo alvinegro, em minha cabeça aquele campeonato estava perdido. Ainda traumatizado com o que aconteceu, no fatídico campeonato brasileiro de 2023, em que o Botafogo jogou fora um título praticamente garantido, após acumular uma vantagem de 15 pontos, para mim, como no ano passado, se desenhava mais uma decepção.


​​Acredito que esta paz interior era produto de minha autodefesa. Não aguentava sofrer mais por causa do Botafogo. Já havia doído muito a perda da liderança, o que me fez “provisionar”, como dizem os contadores sobre as contingências, minhas esperanças de vitória ou de título.


​​Nem sempre o coração está em sintonia com o cérebro. Chegando na academia, um querido amigo flamenguista me provocou, com estas ou outras palavras:

​​- Estou torcendo pelo Botafogo. Mas está duro! O campeonato estava ganho! Assim não vai dar. Vão perder de novo o título.


​​Não poderia aceitar esta provocação, sem nada falar. Resolvi então arriscar um vaticínio, pretendendo calar meu interlocutor:


​​- Você, flamenguista, não está acostumado a torcer pelo Botafogo. É assim mesmo: perde do time da várzea e ganha do campeão do mundo. Não há título sem sofrimento para o botafoguense. Vamos ganhar do Palmeiras. E seremos campeões. Você vai ver!

​​Nelson Rodrigues já disse: “Só os profetas enxergam o óbvio”.   Estava me sentindo naquele momento, convencido por meu coração, um vidente. Por um momento voltou o otimismo. Fiquei convencido da vitória.


​​Desejaria ter atingido na minha vida um estado espiritual de transcendência, como os monges budistas. Não precisava ser um nirvana, bastava um samadhi. Para aqueles amigos leitores que não sabem, Buda pregava o desapego aos desejos, que são a origem de todo o sofrimento humano. Se você não deseja, logo não sofre. Quando acordei, dando ouvidos ao meu cérebro, estava sem esperança de vitória, sem expectativa nenhuma, por conseguinte, sem desejo, sem dor. Após aquele rápido diálogo, tudo mudou. Guiado por meu coração, passei não só a acreditar na vitória, como a almejá-la. As aflições voltaram.


​​Decidi então não pensar mais em futebol. Tinha, no curso daquele dia, importantes compromissos profissionais. Passei a focar no trabalho. O jogo daquela noite, contudo, não me deixava desapegar do tema. Encontrei várias pessoas e o assunto sempre voltava. 


Foi aí que os sinais começaram a aparecer. Naquele dia, pode não significar nada e de fato não significa, toda vez que cheguei no escritório, o elevador estava com a porta aberta me esperando. Bom presságio… não tive dificuldade de pegar táxi, que chegou no instante seguinte ao que assomei à calçada. Todas as reuniões foram bem-sucedidas. Todos estes sinais, muito representativos para alguém que se deixe levar pela diversão da catarse futebolística, como eu, por puro divertimento, embora, repito, nada representem em termos de realidade, tornaram-se, nas circunstâncias, relevantes.


​​Diante de tantos sinais positivos, passei a considerar o triunfo, naquela noite, certo. Passei a estar, o que é absolutamente incomum em um botafoguense, confiante no êxito.

​​Tive, deste modo, um dia calmo. Não me estressei com o assunto futebol. Achei até estranho. Não é comum este estado de espírito antes de jogos decisivos. Já à noite, quando fui me vestir, para o evento, pensei:


​​- Qual foi a roupa que eu usava quando assisti a última vitória do Botafogo? 


​​De fato, não me lembrava. Deixei para lá. Mas conheço botafoguense, genuinamente supersticioso, que faz questão de usar a mesma roupa, até a mesma cueca, que vestia, em uma vitória importante do clube no passado. Não chego a este extremo.


 

Chegada a hora da partida começar – assistia com meu filho e minha nora – o Palmeiras parecia melhor. Um primeiro ataque perigoso. Um segundo. O Botafogo errando passes, disse para mim mesmo:

​​- Será que os sinais positivos, no curso do dia, me enganaram?


​​A tensão voltou a dar as caras. Mais um ataque perigoso do Palmeiras. A apreensão era grande. Pensei em ir ao banheiro ou mesmo ir falar com minha mulher que via uma minissérie, na TV do quarto. A fuga é uma forma de escape. Não cedi ao medo, enfrentei meus fantasmas. Resolvi ficar e encarar a realidade de uma partida que, àquela altura parecia perdida. O gol do Palmeiras, acreditei, era uma questão de tempo!


​​De repente, tudo mudou novamente. Em uma bela jogada ensaiada, Gregori, recebendo passe de Almada, arremata, certeiro, para a meta alviverde. Gol do Botafogo. 1x0. Uma explosão de alegria toma conta de todos. Minha querida norinha, que dormia, acordou assustada com os gritos meus e do meu filho, a tempo de comemorar com a gente mesmo sendo flamenguista.


 O êxtase do torcedor, no momento do Gol, do seu time é contagiante. E inclusivo. Você não pensa em nada. Não há qualquer tipo de discriminação ou preconceito. Acho que sequer há tempo para pensar. Tudo é muito rápido. Na vibração do Gol não importa quem esteja do seu lado, se amigo ou inimigo, todos pulam e se abraçam. Arriscaria dizer que se, na torcida botafoguense, estivesse um israelense ao lado de um palestino ou um ucraniano próximo de um russo, na hora do gol do Botafogo, seriam todos capazes de se abraçar.  Pena que dure apenas instantes …o mundo poderia ser melhor se pudéssemos vivenciar, por mais tempo, a alegria espontânea, libertadora da comemoração do gol.   


 Passada a efêmera alegria do gol, volta a apreensão. Depois dos recentes traumas, a vantagem de 1x0 não trazia qualquer sensação de segurança. O Palmeiras, deve-se reconhecer, tem um bom time. Uma equipe que não desiste. Não tem jogo perdido. A ideia de virada me assombrava. Poderia ser a qualquer momento. Bastava um gol de empate. Seria um suplício.


​​Aconteceu então, para mim, o lance que mostrou qual era o desígnio dos Deuses do futebol para aquele jogo. Bola enfiada na área do Botafogo, o atacante do Palmeiras chuta cruzado em direção ao gol. A bolo passa pelo excelente goleiro John e caprichosamente choca-se com a trave. Naquele momento, vi que o jogo era nosso. Em seguida, uma jogada de craque Estevão, que cruza na área, a bola chutada pega John no contrapé. Em uma defesa de puro reflexo, o goleiro alvinegro consegue esticar o braço em sentido oposto à sua direção e salva o gol do Palmeiras. Pensei: “sorte de campeão”.


​​Tenho a convicção de que quando a bola não entra, apesar de todas as probabilidades, apesar das chances aparecerem, não é um dia bom para quem perde as oportunidades. O melhor é ir para casa. Nada vai dar certo. Quando as coisas vão neste diapasão, o insucesso no jogo é inevitável.  É a vontade dos Deuses do futebol se materializando na má pontaria ou má sorte dos jogadores.


​​O jogo seguiu sem que o Palmeiras reagisse. Veio o segundo tempo, nada de novo, até que em lançamento para o ataque, mais um gol do Botafogo. E depois outro. 3x0. Minha previsão de vitória, uma brincadeira com um amigo na academia pela manhã, se confirmava.


​​Fiquei feliz por mim e por todos os sofredores torcedores do meu time que desfrutaram deste momento de prazer orgásmico. Não à toa o futebol é um dos esportes mais populares do mundo. 

​​​​​​Rio de Janeiro 27 de novembro de 2024.

 

 

Conexões entre futebol, música, cultura e economia criativa

revelam potencial de entretenimento global



Escute a música Estrela Solitária, de Zé Arnaldo Guima, uma homenagem ao Botafogo.



Na interseção entre futebol, música e economia criativa, surgem exemplos de como essas áreas se conectam de forma inesperada, impulsionando negócios, cultura e inovação. Na Inglaterra, ícones como Ed Sheeran investiram em clubes de futebol, como o caso de sua associação ao Ipswich Town. Outro destaque é o compositor e hitmaker Elton John, que também é acionista de clubes.


Além disso, histórias de jogadores que fizeram transição para o mundo artístico são emblemáticas.


O lendário Julio Iglesias, por exemplo, iniciou sua carreira como goleiro do Real Madrid antes de se tornar um dos maiores cantores da história. Já na França, o ex-futebolista Eric Cantona se reinventou como ator e figura cultural de destaque.


Escute Papo no Maracanã, de Tuninho Galante e Marceu Vieira, na Spotify. Disco Cedro Rosa.


No Brasil, essas conexões também se manifestam de maneiras singulares. John Textor, presidente do Botafogo, é conhecido por seus investimentos no setor de cinema e entretenimento. Outro exemplo notável é Antonio Galante, fundador da Cedro Rosa Digital e conhecido no meio musical como Tuninho Galante. Com décadas de experiência como músico e produtor, Galante também atuou como agente FIFA, representando grandes clubes e jogadores como Romário, Rivaldo, Alexandre Torres e Carlos Alberto Torres.


Ele negociou contratos de transferência e publicidade para times como Vasco da Gama, Botafogo e Fluminense, sempre destacando que seu foco estava em conteúdo e entretenimento, independentemente do setor.


Hoje, Galante lidera a Cedro Rosa Digital, uma plataforma que combina inovação tecnológica com economia criativa. A empresa desenvolve um sistema global de certificação, distribuição e licenciamento musical. Por meio dessa plataforma, artistas podem certificar suas obras, garantindo direitos autorais internacionais, enquanto empresas e consumidores acessam músicas de forma segura e transparente, seja para download, sincronização em filmes, vídeos promocionais ou publicidade.



A Cedro Rosa Digital busca revolucionar o mercado musical, oferecendo segurança jurídica e eficiência em negociações diretas na plataforma. Esse modelo representa uma nova forma de conectar arte e tecnologia, criando oportunidades para criadores e promovendo a economia criativa como um motor de desenvolvimento.



Essa convergência entre futebol, música e negócios não apenas enriquece a cultura global, mas também demonstra o potencial do entretenimento como uma força transformadora no cenário econômico e social.

 

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