Se eu fosse o Aladim, pediria ao gênio um mundo novo. Com mais cachaça e menos tiros.
“Sonhei que despertei e, me dei conta que acordei noutro país, onde as pessoas tinham balas de fuzis e o povo andava sem razão de ser feliz. Era um país fora da lei sem diretriz, embarcação sem direção tentando em vão colher a paz plantando a guerra”.
Esses versos perturbadores do contundente e belíssimo samba Sonho Estranho de Moacyr Luz e Chico Alves, a princípio espelhava o momento ruim pelo qual o país passava, convivendo com o risco de cairmos nas mãos do nazifascismo. É a minha leitura do recado em forma de samba. E o pior é que o samba continua com seu prazo de validade em vigor.
Passado algum tempo da ameaça que vivemos, estou sentado à mesa do nosso ‘pé sujo’ habitual, na nossa micro confraria ‘Terça da Cachaça’. Na mesa a turma comenta um enredo inquietante. O clima de revolta da natureza contra nossos desmandos, a humanidade. Secas e inundações assassinas. Falam das incertezas locais, chacina de médicos em bairro chique, tipo nossa Miami. Nas favelas e comunidades periféricas chacinas não chegam a ser novidade. E a mente rebobinou a lembrança do jovem angolano morto a pauladas, bem ali, também. O Haiti é aqui? E é a Barra da Tijuca, não a Baixada Fluminense.
A mente deu um pause, assim como não se ter no que pensar. Caramba! Será que estamos no final de uma noite das nossas mil e uma noites de pavor? Tudo parece ruir. Se eu fosse o Aladim esfregaria a lâmpada e pediria ao gênio meus três desejos. Eu fui Aladim na infância. Sonhava encontrar a tal lâmpada. O primeiro desejo seria mesmo conquistar meu grande amor platônico da escola. E ela nem sabia que era a minha princesa. O segundo pedido geralmente era ter uma geladeira cheia de chicabom. O terceiro desejo visava o futuro, ser um craque da pelota ao me tornar rapaz. Este às vezes eu trocava pelo desejo ver meus pais voltarem a se entender. Mas a gente era só criança naquele tempo.
Vislumbro a lâmpada (garrafa?), na minha frente. Libero o gênio. Ele preenche o pequeno copo. Repito algumas vezes o gesto. É um gênio preguiçoso. Assume devagar sua condição de satisfazedor de desejos. É um gênio legitimo que nasce num lugarzinho tranquilo da Zona da Mata mineira chamado Santa Cruz do Escalvado. Esse gênio líquido, transparente, cheiroso, desce bem. E sobe bem também. Vou matutando os desejos e o gênio vai me dando asas. São três desejos no máximo. Minha princesa agora é minha filha. “Tudo de muito bom pra ela, gênio, por favor”. O segundo desejo é que o frango frito do Haroldo não falte nunca aqui na nossa mesa. O terceiro desejo é que não demore muito a vivermos num mundo mais racional com uma sociedade mais justa e equilibrada, e que a miséria, fonte direta e indireta de tanta violência, seja extinta. Seria um múltiplo desejo?
Nessa altura o assunto na mesa já deveria ser futebol. Depois resvalar para cinema, música e para as eleições municipais do ano que vem. Peguei a garrafa (lâmpada?) e tomei mais um gole daquele líquido genial. Indaguei ao meu íntimo se no ano que vem haverá mesmo o ano que vem. Alguém fala de mais uma guerra, agora no barril de pólvora do Oriente Médio. Preocupante. Retornam flashs: o irmão da valente deputada era um dos médicos mortos. Que diabo de funesta coincidência é essa? Ou não foi uma trágica derrapada do destino, como estão dizendo? Seja o que tenha sido, qualquer das versões e desconcertante. Estamos patinando num thriller. Só pode. Alguém na mesa comenta o meu silêncio. Estou num transe (pensei, mas não falei). Apenas ri e disse que não era nada. E uma balada apocalíptica martela a mente, se gruda como um chiclete. Amo meus amigos de mesa de bar e cada vez esse ambiente me parece mais acolhedor que o resto do planeta. Claro que isso tem a ver com o gênio líquido da garrafa. Só ele para me convencer que o mundo tem uma saída. Uma saída feliz. Um planeta sensato. Vamos lá, gênio!! “Naquela manhã Eu acordei tarde, de bode Com tudo que sei Acendi uma vela Abri a janela E pasmei Alguns edifícios explodiam Pessoas corriam eu disse bom dia E ignorei (...)” (Nostradamus – Eduardo Dusek)
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