Quem foi que inventou o Brasil ?
Logo depois da independência, um ato impulsivo de Pedro I, mas que veio a coroar um processo que vinha crescendo desde o final do século anterior, o governo brasileiro se defrontou com a urgente necessidade de criar, sobre a herança colonial, um novo país e muito singular.
Contrariamente a todo resto da América, com exceção do Canadá, nosso país apresentou-se, desde o primeiro momento, como um império e não uma república.
O sentimento de independência havia nascido como uma revolta à metrópole portuguesa e, de certa forma, com notável percepção das coisas, os Bragança e seus Conselheiros, D'João VI e D. Pedro, perceberam a insustentabilidade da manutenção de uma subordinação institucional e econômica à Portugal, após tentarem manter um discurso de unidade dos Reinos.
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E que tarefa! D João português, casado com espanhola, pais de Pedro, português, casado com austríaca, num mundo que sofria na América os efeitos da independência dos Estados Unidos e em seguida, das várias repúblicas vizinhas ao Brasil, e na Europa as arrumações territoriais que se seguiram à derrota de Napoleão em Waterloo, estes governantes haviam de ter dúvidas de quão efêmero poderiam ser seus esforços. A determinação e liderança de Pedro I prevaleceram no primeiro momento e o reconhecimento da independência do Brasil por Portugal , foi conquistada e devidamente paga uma indenização. Os problemas então se sucederam , ou melhor, desde antes já vinham se sucedendo, através de vários movimentos separatistas. O de mais longa duração, cerca de 10 anos, foi o da República Rio-Grandense que teve durante uns meses a adesão de Santa Catarina, onde se fundou a República Juliana. É um movimento certamente muito influenciado pela independência da Província Cisplatina e sua transformação no Uruguai, derrota sofrida pelo Brasil logo no início do Império. Garibaldi, o unificador da Itália, lutou do lado dos derrotados por Caxias que, como governador da Província, pacificou (maneira de dizer) os gaúchos.
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Em Pernambuco ainda antes do grito da Independência duas revoluções haviam ocorrido, uma delas a sangrenta Revolução Pernambucana. Na época, Pernambuco era o estado mais rico do Brasil e a cobrança de impostos em benefício do Rio de Janeiro foi uma das causas da revolução
Ainda em Pernambuco a confederação do Equador, na qual se destaca a figura de herói de Frei Caneca, é um ponto alto do sentimento separatista ,que voltará a se manifestar, em1848, o ano das revoluções na Europa, com a Revolução Praieira, de caráter anti-oligarquias locais.
Na Bahia três outras revoluções, uma de escravizados entre elas, pontuaram a história da primeira metade do século XIX.
A construção da Federação Brasileira não foi portanto processo pacífico e a solidariedade a um conceito de nação, de união nacional, foi construído a poder de muita negociação, muita repressão e pela força das armas, mas foi a maior conquista do Império.
Naqueles meados do Século XIX pode-se afirmar que, amparado pelo desenvolvimento da agricultura do café, de um início de industrialização e de uma atração de capitais internacionais que ocorre com Mauá, Mariano Procópio e outros pioneiros, com a estabilidade política conquistada pelo respeito constitucional demonstrada por Pedro II, a ideia de nação se consolida.
Aquela idéia não é estática no entanto pois passam a crescer separatismos entre classes sociais e segmentos da sociedade. Eles irão desembocar na nova união nacional construída em torno da relevância adquirida pelo Exército na Guerra do Paraguai, episódio que fará emergir, no cenário político brasileiro, uma força nacional, e não mais regional com até então as elites agrárias conservadoras. Com ela virá uma visão mais forte de destino nacional, de abolicionismo, de modernização das estruturas e de uma visão racional - positivista- da administração da coisa pública.
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Anos depois, fruto de um golpe nascia a República, com aqueles valores, aceita quase naturalmente, não fora a dissidência elitista da Marinha em relação ao Exército, tão dolorosamente reprimida na Presidência de Floriano. Podemos dizer, talvez sonhar, que a Nova República e a redemocratização do País, com a Constituição de 88 e as eleições diretas de 1989, marcam a terceira etapa dessa história institucional, talvez ainda inacabada. No Bicentenário da nossa Independência devemos lembrar que, a exemplo da França muitos dos ideais de sua Revolução só se materializam e começam a ter continuidade a partir de 1870, 80 anos depois.
No Brasil levamos quase 70 anos até termos a nossa primeira Constituição republicana de 1891. E mais quase um século para chegarmos à de 88. Não há dúvida que somos um país jovem, mas o bom exemplo comum ao Império e aos grandes momentos da República, está na força do respeito à Constituição. Se ela não inventa, ela define o Brasil que procuramos criar.
Música.
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