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Foto do escritorMário Lago Filho

Que Família!

Aquele aglomerado de pessoas poderia ser considerado qualquer coisa, menos uma família.

Estava mais para um apanhado de piadas antigas.


Como, por exemplo, no dia em que o marido, preocupado com o futuro da filha, falou com a esposa:


- Querida, precisamos conversar com a Norivalda (quem dá um nome desses à própria filha?). Afinal esse noivo dela não passa de um canalha, que vai estragar a vida da menina.

Ao que a mãe retrucou, sem se alterar:

- De jeito nenhum. Na minha vez ninguém me alertou.


Curiosamente, ele, gauchão do interior, foi o mesmo que, alguns anos antes, foi ao colégio da filha reclamar com a professora:


- Guria, minha filha anda reclamando que tá sofrendo um tal de bulling aqui.

- Nossa, isso é muito grave! Quem é a sua filha?

- É aquela gorducha ali, com cabeça de capivara.


E, como não poderia deixar de ser, o clima estendia-se às sogras.

Um dia, o marido gauchão deu um saco cheio de mangas a sogra, que perguntou espantada:


- Você nunca gostou de mim, por que agora tá me dando presente?

- Porque eu quero ver o cão chupando manga.


Ou quando a mulher do gauchâo ligou pra sogra perguntando:


- Querida, quando o filho se caga quem deve limpar, o pai ou a mãe?

- A mãe, é claro.

- Pois então trate de vir aqui limpar o seu filho, que chegou em casa completamente bêbado e todo cagado.


Até o papagaio que o casal comprou na lua de mel, desde o início entrou no clima da família.

Ele foi adquirido numa feira ilegal no interior de Não Sei Onde e adorava narrar as proezas sexuais do casal naquela voz alta de papagaio:


- Agora ela pegou o bingulim dele e tá tratando que nem sorvete! Agora ele tá montado nela que nem peão em Barretos!


Cansado daquilo, o gauchão cobriu a gaiola com uma manta e avisou:


- Se tirar a manta, vai direto pra panela!


Muito a contragosto, o papagaio se resignou e passou o resto da viagem na maior agonia, ouvindo tudo sem poder narrar nada.

Até o dia de ir embora, quando o casal já fazia as malas e tinha uma que não fechava de jeito nenhum.


- Faz o seguinte, mulher: você senta em cima, faz força e eu tento encaixar.


O papagaio se ligou na conversa.


- Não deu certo. Então eu, que sou mais pesado, vou sento em cima, faço força e você tenta encaixar.


O papagaio se arrepiou todo.


- É, tá difícil. Então sentamos os dois em cima, fazemos força juntos e tentamos encaixar.


Aí era demais. O papagaio jogou a manta pro alto e gritou:


- Foda-se a panela, que essa eu não perco de jeito nenhum!


Até a próxima esquina.


 

O que rola de bom na internet?