PROCURA-SE VIVO OU MORTO
Os apreciadores dos velhos filmes do faroeste se lembrarão que era um a visão clássica, um garoto ver um cartaz de papel, colado na porta da delegacia com um retrato, ou melhor um desenho em preto e branco, da cara de um bandido. Havia sempre uma polpuda recompensa, tanto maior quanto mais perigoso o facínora. Em geral o garoto corria para o xerife dizendo que o bandido estava bebendo no bar. E lá se dava uma briga homérica, para usar outro termo de época. Essas reflexões me vieram á cabeça ao me lembrar que vamos completar dois anos do País estar em situação de COVID ( para usar outra estranha construção de frase).
Uma das primeiras polêmicas causadas foi saber se Covid era vírus ou bactéria.
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Lembro de respostas muito contundentes: é vírus. E aí a próxima pergunta: mas qual a diferença? O vírus não tem vida, já a bactéria é um micróbio, um ser vivo. E isso era posto para encerrar o assunto num país de 220 milhões de epidemiologistas da noite para o dia.
Contrariamente às copas do mundo, que nos transformam durante 2 meses num país de técnicos de futebol, o vírus da COVID, morto que é, já vai para dois anos que continua promovendo grandes estragos econômicos e grandes tristezas humanísticas. Algo mais profundo tem que ser respondido. Como o bandido do faroeste, que se oferecia a recompensa, vivo ou morto, como é que uma coisa morta oferece tanto perigo?
Aí cabe lembrar que nesses tempos além de português e matemática é bom que todos saibam um pouco de ciências.
Não me proponho esgotar o assunto, mas talvez possa dividir com todos alguns conhecimentos. A grande questão a definir é o que é vida. A depender desta definição podemos classificar os vírus como vivos ou mortos.
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A NASA ao sair procurando vida em outros planetas precisou definir vida. E o fez, de acordo com o pensamento predominante nos meios científicos americanos como: um sistema químico, auto-sustentável, capaz de evoluir de forma darwiniana. O vírus pode evoluir de forma darwiniana, sofrendo mutações? Sim. estão ai variantes alfa, delta , ômicron até agora. Mas como outros vírus ele não é um sistema químico auto-sustentável. Ele , sozinho , não consegue se reproduzir.
Portanto não é vivo. Aqui temos que recordar aquelas lições de ciências do ginásio, onde decorávamos que o menor ser vivo é a célula, que pode se reproduzir por cissiparidade, dividindo-se ao meio, e progressivamente forma tecidos, que podem adquirir determinadas funções, que são então denominados órgãos. O vírus é perverso. Não tendo a capacidade de sozinho se reproduzir, ele penetra na célula, se aloja no seu núcleo e se reproduz então numa velocidade muito superior do que a própria célula consegue, infectando os organismos onde isto se dá. Vírus, diga-se de passagem, que podem atacar animais e plantas. Por essa característica talvez a definição de vida da NASA é que não estaria certa.
Foi só na segunda metade do século XX que se descobriu melhor as características dos vírus em relação às quais não existe unanimidade. Pesquisadores do Instituto Pasteur, de Paris, por exemplo, o consideram um ser vivo. As pesquisas para exterminá-lo em função disso se orientam de forma diferente.
Nesse clima, as redes sociais vão nos dando explicações parciais, os médicos anunciam orientações divergentes e uma enxurrada de fake news não torna a nossa vida mais fácil. O que fazer ? Infelizmente o uso político nos faz desconfiar do que dizem autoridades sanitárias governamentais, porque as de nível federal falam uma coisa e as de nível estadual outra. Mesmo a nível federal a ANVISA fala uma coisa e o Ministério da Saude outra.
Por enquanto, há que se recorrer às autoridades científicas laicas, como no caso, a Associação Médica Brasileira, cujo compromisso é com a ciência e a ética. E lamentar termos chegado onde chegamos., indo para 1 milhão de mortos, sem termos uma orientação confiável e clara.
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