Poema de Amor entre Criador e Criatura.
Vou começar dizendo que a essência de toda religião é o amor entre o Criador e a criatura. Não só na religião, como na arte e literatura, esse amor é um arquétipo (“Pygmalion” na mitologia grega e na peça de Bernard Shaw, “My Fair Lady” no filme, etc.)
Através de um estudo da oração do Senhor no Aramaico, língua original de Jesus, se descobre grande afinidade entre a mensagem dessa oração e certas religiões e praticas orientais, nas quais o corpo, ou a dimensão física, tem tanta importância quanto a mente, e a introspecção aponta para diversos tipos de meditação que nos ensinam a buscar nossa essência, ou o nosso eu verdadeiro, nossa alma pra melhor dizer, dentro de nós mesmos.
Na interpretação do Padre Nosso que vou relatar, redescobrimos Jesus numa liberdade poética que, sem ser dogmática ou tampouco discriminante, é muito menos acusadora e tudo reconcilia na divindade, expressando a sua pureza imaculada através do primitivismo versátil do aramaico.
A sua tradução ocidental, entretanto, reafirma a drástica divisão entre matéria e espírito, paraíso e terra, coisas do céu e coisas do mundo, como geralmente faz o pensamento puramente racional e julgador, que só consegue entender o "sim", através da sua oposição ao "não", quer dizer, só consegue enxergar a realidade através de uma constante polaridade entre extremos.