Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho estão juntos no meu Beijo

Como disse aqui outro dia, em janeiro fui ao show do Chico, que contou com a participação daquele esplendor que é a Mônica Salmaso. Antes um telão exibia a agenda da Casa. Apareceu lá: 16 de junho, Paulinho da Viola. Eu não titubeei e tentei envolver a turma de imediato: “Ôpa! dia 16 de junho estaremos aqui outra vez”. Mas aí, como diria o Belchior, veio o tempo negro e à força fez comigo o mal que a força sempre faz, eu me enrolei e não consegui comprar o ingresso.
Alguns conhecidos foram mais espertos e garantiram os seus. Entre eles, o Antônio Carlos, grande amigo e companheiro de mesa cativa no boteco do ‘Haroldo Pé Sujo’ nas noites de terças-feiras. Como é de costume, ele mostrou empolgado as gravações que fez do show. Ainda estava encantado com o que vira e ouvira. Paulinho da Viola comentando as canções. O que mais chamou sua atenção foi o caso clássico do samba ‘Sei lá Mangueira’. A parceria com o mangueirense Hermínio Bello de Carvalho que rendou algum desconforto ao mestre Paulinho, na época, presidente ala de compositores da Portela.
Um resumo pra quem não conhece o caso (se é que alguém não conhece): Hermínio Bello de Carvalho mostrou a Paulinho algumas letras. Saindo uma parceria, a música seria incluída em algum evento musical. Paulinho gostou muito de determinada letra e logo a musicou. Hermínio para fazer surpresa ao parceiro, inscreveu o samba no Festival da TV Record, que era então a maior catapulta musical. A intérprete foi Elza Soares e o ano, 1968. Paulinho ainda tentou tirar a música do festival. Não queria muita exposição para o samba. Não conseguiu. Nunca foi cobrado na Portela, mas o clima ficou meio nublado por ter feito um samba para a agremiação rival. Aí, o homem, que não brinca em serviço, pagou a dívida dois anos depois com a histórica ‘Foi um Rio que passou em minha vida’ e tudo ficou em paz. Como deveria ser.
E lá no ‘Haroldo Pé Sujo’, entre um gole e outro, curtimos muito a gravação feito por celular do trecho do espetáculo em que o Paulinho da Viola conta o caso. Foi quando me dei conta de que o Hermínio Bello de Carvalho também deve ser incluído nessas memórias descompromissadas do meu tangenciar com Estrelas aqui na Criativos. Não foi um aperto de mão como no caso do Chico ou do Paulo Cesar Pinheiro. Com ele foi apenas a voz ao telefone.
Contextualizando: no final dos anos 70 e início dos 80 eu andava mais ou menos embriagado pelo movimento de poesia pornô que tinha na crista da Gang o Eduardo Kac, o Caio Assis Trindade, a Leila Mícollis, o Mano Melo e outras feras. Em 1983 eu reuni alguns poemas e lancei o livreto, ‘O Beijo da Mulher Piranha’. O título foi uma brincadeira com o filme do argentino Hector Babenco, ‘O Beijo da Mulher Aranha’, que fazia o maior sucesso. A capa foi do Luiz Carlos Coutinho que na época era diagramador do Jornal dos Sports, a produção gráfica foi do Jocenyr Ribeiro e na contracapa, a minha caricatura feita pelo talentoso e saudoso Wanderley Marins, que partiu muito antes do combinado. Os três, grandes amigos meus.
Voltando ao Hermínio. Eu gostava muito do ‘Sei lá Mangueira’, com maior afeição pelos versos: “A vida não é só isso que se vê. É um pouco mais, que os olhos não conseguem perceber, que as mãos não ousam tocar, que os pés recusam pisar...” Acho que na ocasião o autor comandava a Funarte. Liguei para lá e me passaram a ligação pra ele. Pedi a autorização para usar os versos como epígrafe no meu livreto e ele concordou, na boa, quase monossilábico. Enquanto na outra ponta da linha eu, trêmulo e feliz por falar com um sujeito da estatura artística e cultural de um Hermínio Bello de Carvalho. Valeu, mestre!! Obrigado.
“Vista assim do alto Mais parece um céu no chão. Sei lá Em Mangueira a poesia feito um mar, se alastrou E a beleza do lugar, pra se entender Tem que se achar Que a vida não é só isso que se vê É um pouco mais Que os olhos não conseguem perceber E as mãos não ousam tocar E os pés recusam pisar Sei lá não sei Sei lá não sei
Não sei se toda beleza de que lhes falo Sai tão somente do meu coração Em Mangueira a poesia Num sobe e desce constante Anda descalça ensinando Um modo novo da gente viver De cantar, de sonhar, e de sofrer Sei lá não sei, sei lá não sei não A Mangueira é tão grande
Que nem cabe explicação” (Sei lá Mangueira-Paulinho da Viola/Hermínio Bello de Carvalho)
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