Ordem e progresso?
Me pergunto se as pessoas sabem o que é cidadania. E se sabem, quais são os motivos para não exercê-la. Cidadania é o conjunto de direitos e deveres de um indivíduo na sociedade. E tem gente que utiliza o termo mais pra lembrar dos "direitos" do que dos "deveres".
Esses dias ouvi uma história que contava o seguinte: uma moça passeava com seu cachorrinho na rua. Ele fez suas necessidades em frente à casa de uma senhora, que da janela, observava tudo. Quando percebeu que a moça não iria recolher as necessidades do dog, a senhora então disse: não acredito que você vai deixar a sujeira do seu cachorro na minha porta. E a garota respondeu: a rua é pública. Fiquei me perguntando o que ela quis dizer com aquela frase. Para mim foi uma das coisas mais sem sentido que já ouvi.
Porque assim como essa moça, nenhuma pessoa passando nesta mesma rua ao ir pro trabalho, escola, para passear com os filhos, visitar o vizinho irá gostar de se deparar ou pior, pisar, em sujeira de cachorro. Ela não sabe ou prefere não saber que exatamente pelo fato da rua ser pública é que todos sem excessão devem cuidar dela. Aliás das ruas, praças e todos os locais que frequentamos. Fico me perguntando se essa mesma moça não se incomodaria, ao ir encontrar com o namorado, de pisar por acidente no mesmo cocô que ela deixou de recolher.
Música Instrumental me acalma! Escute!
Sem falar em cidadania no trânsito. Caso frequente acontece ao vermos uma guia alta onde é possível estacionar três ou quatro carros facilmente, caber só dois pelo distância de um carro para outro que se deixa ao estacionar. E ao perguntar para um motorista o porquê ele não estacionou deixando vaga para outros carros, você provavelmente ouvirá algo do tipo: se eu estacionar na vaga corretamente, vem outro e me espreme, aí depois não consigo sair da vaga. Somos vítimas de vítimas?
Aí você está na fila do mercado. Passa por você um senhor com dois itens na mão. Você gentilmente cede seu lugar, quando se surpreende com ele acenando para a esposa e lá vem ela com um carrinho de compras abarrotado. Oi? Alguém gentil sendo tratado como bobo por outro que se acha esperto?
Esses são poucos exemplos de falta de noção e falta de vontade de exercer a cidadania. Essas situações são familiares a todos nós, além de muitas outras que provavelmente vieram à mente de vocês enquanto lêem o artigo. E a minha indagação central é a seguinte, o que mais precisa acontecer para as pessoas acordarem sobre a necessidade de pensar no outro, de cuidar das pessoas, dos objetos dos lugares? Quando é que o povo vai acordar para o fato de que, se não fizermos nossa parte, não há milagre que mudará o mundo. A pandemia parece estar cedendo um pouco e não ficou nenhuma lição de amor ao próximo, de empatia?
Termino dizendo que a cidadania é um exercício diário no que tange aos deveres. Recolha a sujeira do seu animalzinho. Cuide de estacionar o carro e deixar vaga livre e cuide de facilitar a saída do carro à sua frente, o de trás, sempre que possível. Pegue os itens do mercado que caíram no chão. Dê a preferência para os carros nos locais corretos. Se der, atravesse a rua na faixa de pedestre. Não jogue sujeira em local público. Ceda o seu lugar no transporte público para quem necessita. Seja gentil e empático com as pessoas.
Porque somos o exemplo de nossas crianças, que fazem parte da geração futura. Elas nos observam. E se nos observam, existe grande chance de elas aprenderem conosco. E se elas aprenderem, teremos uma geração de pessoas que olham para os outros além de olhar para si mesmos. Não se trata de ser "certinho", nem de agir de forma correta em absolutamente todas as situações. Se trata de respeito, de querer os direitos, porém, cumprir com os deveres.
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