Matéria prima
No mês em que completamos um ano de pandemia é difícil pensar em outro assunto diante do absoluto descalabro em que nos encontramos; do número crescente de mortes, 294.115 até o momento em que escrevo; e do cenário dantesco que se descortina.
Como escreveu Vinicius de Moraes em seu Samba da Bênção “a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não”, mas por ora, seguimos entristecidos.
Nesse contexto sombrio, à primeira vista, falar de cultura, de economia criativa e do impacto da pandemia nesse setor pode parecer inoportuno, mas me parece que essa é uma impressão errada. Entre outras razões pelo papel fundamental que cultura, nas suas mais diversas manifestações, vem desempenhando nos últimos doze meses.
Chama a atenção, tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista cultural, a potência de um país como o Brasil, decorrente, em grande medida, dos seus recursos naturais, da sua fundamental miscigenação e das nossas diversas e tão ricas manifestações culturais cuja criatividade e originalidade são mundialmente reconhecidas e admiradas.
Do maracatu ao samba, do frevo ao forró, do chorinho à bossa nova, do baião ao xaxado. Isso sem falar no artesanato, no cinema, na literatura e porque não do futebol, expressão máxima, junto com a música, do Brasil no exterior.
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I Seminário "A Música na Era Digital", promovido pela Cedro Rosa.
Veja como foi a Mesa 2, que reuniu Jose Pires / ECAD, Miguel Faria (Diretor Cinema), Antonio Adolfo, Antonio Murta (Goyanes, Murta Advogados), Hugo Sukman (jornalista) e Marcela Maia (Biscoito Fino). Mediador: Tuninho Galante (Cedro Rosa).
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Que essa riqueza cultural seja relegada ao descaso e ao desprestígio que temos acompanhado nos últimos anos, durante os quais a cultura vem sendo tratada como um mal desnecessário a ser eliminado, mostra a cegueira e a limitação intelectual que acomete nossos governantes. São emblemáticos da mediocridade em vigor os episódios recentes envolvendo a Cinemateca Brasileira e o prêmio Camões concedido ao Chico Buarque.
O senso comum mostra que nem o mais míope dos governantes poderia deixar de enxergar e investir na força original da nossa cultura – cujo valor econômico é inegável – e o quão essencial é a economia criativa em um país como o Brasil. O que se verifica, no entanto, é um vasto capital cultural inexplorado e um segmento da economia brutalmente afetado pela pandemia em virtude da natureza das suas atividades que pressupõe contato físico em ambientes fechados como é o caso de shows, cinemas e teatros.
De acordo com dados da Firjan de 2019 o setor de Economia Criativa no Brasil contribui, diretamente, para cerca de 2,61% do PIB nacional e 1,8% do total de empregos do País.
Em vista disso, voltar os olhos para esse setor, mensurar corretamente o impacto econômico e social sofrido e elaborar propostas para sua recuperação parecem ser medidas urgentes.
Parece importante notar que o fenômeno das lives no segmento da música trouxe não só alento à clausura – viva Teresa Cristina –, como movimentou a economia. Temos aí elementos aptos a demonstrar a relevância da economia criativa: crise, inovação e novos modelos de negócio através da monetização das lives e dos eventos on-line.
É razoável que ainda haja alguma dúvida sobre a força vital da indústria criativa para o desenvolvimento humano? Ao que parece, só por essas bandas: em 2019 a ONU declarou 2021 o ano internacional da economia criativa para o desenvolvimento sustentável. O que a experiência nos mostra é que o investimento na indústria criativa estimula a inovação, promove transformação econômica e progresso.
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Maria Paula Carvalho, especial para a Revista CRIATIVOS!
Clique e saiba O QUE É A ECONOMIA CRIATIVA?
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Não por acaso a proteção cultural está amplamente disciplinada na Constituição de 1988 em seus artigos 215, 216 – A, cabendo ao Estado gerir e promover políticas públicas de cultura. Em isso ocorrendo, fomenta-se a produção de renda, a criação de novos postos de trabalho, a geração de receita e a promoção da diversidade cultural.
É tarefa inglória esperar que o atual chefe do Poder Executivo – portador de incapacidades e limitações muito mais graves do que uma simples miopia – consiga compreender o potencial do patrimônio cultural sob sua gestão, mas como diz o ditado: “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.”
Esse mal há de acabar, as oportunidades são inúmeras e é urgente que as políticas públicas em todas as esferas ampliem seu olhar para a capacidade inesgotável de produzir riqueza da nossa cultura.
Clarisse Escorel, especial para CRIATIVOS!
Clarisse Escorel tem ampla experiência em direito autoral e economia criativa.
ECAD - Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais – Diretora Jurídica – de 04/2011 a 07/2020.
· Responsável pela viabilização de novos negócios com empresas de serviços digitais tais como Google, Amazon, Spotify, Deezer e Globoplay.
· Negociação, análise, elaboração e gestão de contratos comerciais com parceiros nacionais e internacionais.
MOMSEN, LEONARDOS & Cia - Advogada – de 05/1997 a 09/2010.
• Atuação voltada para o processo administrativo de registro de marcas, averbação de contratos de transferência de tecnologia e licenciamento junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI, negociação de contratos de propriedade intelectual, direito autoral e ações judiciais versando sobre essas matérias.
Artistas e Projetos Cedro Rosa.
Clarice Magalhães em Meu Saravá
Gisa Nogueira e seu lindo disco na Cedro Rosa
Grupo Tempero Carioca. Discos Cedro Rosa.
Projeto 40 Anos do Clube do Samba - Vaquinha Digital a partir de R$ 25, 00. Filme, Disco.
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