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Mary Shelley versus Chat GPT



José Luiz Alquéres


O Globo de sábado, 4 de fevereiro de 2023, traz uma entrevista feita por um jornalista com este software de Inteligência Artificial (IA) super em voga, chamado de “Chat GPT”. Esse software permite que um computador acumule informações sobre tudo e as retrabalhe, podendo, por exemplo, escrever um artigo de jornal sobre praticamente qualquer tema. Seja o problema da Amazônia, um tema científico ou mesmo político. A inteligência artificial é extremamente versátil. Na matéria em questão, o jornalista tratou o software como um “entrevistado” de fato. Ele foi questionado acerca de suas possibilidades e suas limitações. Foi perguntado também sobre a questão de suas “respostas” serem tratadas como material original ou simples plágio da obra de terceiros. Pode-se dizer que software se sai extremamente bem da entrevista.


Há um aspecto que vale, porém, destacarmos. Esta IA reconhece sua fragilidade intrínseca pois é vulnerável a ser alimentada com informações falsas e, naturalmente, isto comprometer suas respostas. Da mesma forma, ela assume sua incapacidade de julgar fatores subjetivos e naturais para nós humanos – como a desconfiança, suspeita ou fingimento do interlocutor. Isto ela não consegue fazer. Ou seja, inteligência emocional igual a zero.


Lendo o artigo me lembrei do romance gótico escrito por Mary Shelley, o clássico “Frankenstein”. Neste romance, de 1820, Shelley, extremamente culta e bem-educada, escreve aceitando um desafio lançado por Lord Byron. O desafio que lhe foi colocado era que escrevesse sobre temas “além da razão”. A inspirada Mary saiu-se com a obra que se tornou um fenômeno mundial. Cabe-nos perguntar o porquê do tema proposto. Isto ocorreu porque naquela época o mundo começava a se demonstrar saturado das teses do iluminismo, do racionalismo, da verdade, da onipotência do homem em conseguir tudo, em atingir tudo. Os artistas começaram a reagir a isso, mostrando, justamente, que esse mundo super-racional, era um mundo que tinha, de alguma maneira, perdido as suas características mais humanas, mais sensíveis, mais criativas, mais inovadoras e as reflexões de natureza metafísica.


O livro "Frankenstein" é uma alegoria. O Frankenstein é um médico que se refugia em um castelo isolado e, com partes recolhidas de diversos cadáveres, cria um ser artificial que ele denomina como “A Criatura”. Ele consegue infundir vida neste Ser por meio da passagem de uma corrente elétrica. Desperta a Criatura, Frankenstein, que era um gênio, ensina tudo possível para tal Ser. A Criatura, porém, foge do castelo e começa a circular no povoado vizinho – onde ocorrem crimes inexplicáveis a partir de então. Frankenstein vai atrás dela e acaba a confrontando. Assumindo a autoria dos crimes, a Criatura retruca "Não, eu não sou culpado de nada! Você é o culpado! Você é o meu criador, mas eu sou o seu Senhor!"


Esta frase me veio à cabeça quando li o artigo sobre o Chat GPT. Fiquei imaginando se será que algum dia uma versão mais moderna do software vai se dirigir a nós humanos e dizer: “Vocês humanos estão conduzindo o mundo seguindo as nossas ordens, porque nós dizemos o que é mais provável, o que é melhor, como curar suas doenças, como fazer isso, como fazer aquilo, com quem você deve se casar, como fazer a fertilização em vitro para ter o filho que você quer. Vocês estão criando uma sociedade totalmente desprovida de alma, que é o que eu também não tenho, totalmente desprovida de sensibilidade!”.


São reflexões como essas que me induzem a fazer um paralelo com a enorme falta de sentido que algumas decisões humanas estão sendo tomadas e conduzindo o mundo. Uma invasão da Ucrânia, uma disputa que quase gera uma guerra porque um balão meteorológico ou de espionagem da China se perde e passa sobre esconderijos de armas nucleares americanas. Devastação total da Amazônia ocorrendo há décadas. E, aparentemente, se descobre do nada que existem 20 mil garimpeiros poluindo uma área de reserva indígena onde morrem indígenas por desnutrição e envenenamento tóxico. Quer dizer, há um grande contrassenso na medida que se avança muito em vários campos e se ignora outros. As coisas que estão lá ocorrendo são por falta de sensibilidade. Então, a questão que fica é a seguinte: vamos ensinar logo as Inteligências Artificiais à procurarem essas coisas que nos são sensíveis, situações de agravos sociais, econômicos, de destruição ambiental e outros.


Em suma, nós precisamos desenvolver também um tipo de governança, ou seja, uma maneira de nos administrarmos, que nos faça focar na correção desse tipo de problema desde que eles aparecem de forma embrionária, de tal maneira que a gente possa combinar os benefícios da tecnologia, do desenvolvimento, da racionalidade com a característica única da sensibilidade e das virtudes humanas e mais do que humanas, teologais, como a fé, que, sabidamente, remove montanhas e a caridade, algo que a razão desconhece.

 

Entrevista gerada com o ChatGPT sobre Direitos Autorais e Músicas nas Redes Sociais




Como funciona o direito autoral?

ChatGPT: Claro! O direito autoral é um conjunto de leis que protege a propriedade intelectual de obras criativas, como músicas, livros, fotografias e filmes, entre outras. Ele garante ao autor o direito exclusivo de controlar a exploração comercial de sua obra, incluindo a reprodução, distribuição, exibição e outros usos.

E o que acontece com as músicas tocadas em redes sociais, como Facebook e Instagram? Elas também precisam pagar direito autoral?

ChatGPT: Sim, as músicas tocadas em redes sociais precisam ser licenciadas para serem usadas de forma legal. Isso significa que é necessário pagar os direitos autorais às organizações responsáveis pelos direitos musicais. A falta de pagamento dos direitos autorais pode resultar em sanções civis ou criminais.

Como a Cedro Rosa Digital pode ajudar neste processo?

ChatGPT: ACedro Rosa Digital é uma organização que trabalha para proteger, registrar e licenciar obras para as redes sociais. Ela pode ajudar os artistas e proprietários de direitos autorais a garantir que suas obras sejam usadas de forma legal nas redes sociais, e a receber o pagamento pelo uso de suas obras.


Cedro Rosa Digital


 

Violão Solo.


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