Orquestra Maré do Amanhã
Carlos Eduardo Prazeres, para CRIATIVOS!
Seria redundante falar sobre o quanto a cultura representa para a economia do país ou da cidade do Rio de Janeiro. A cadeia produtiva da cultura movimenta um percentual significativo do PIB brasileiro. O dia em que os governos enxergarem o poder que a arte e a cultura têm, ao invés de cortarem o investimento na área, multiplicarão o mesmo.
A música, por exemplo. É a única expressão artística capaz de atingir o coração sem passar pelo intelecto. Por isso é capaz de milagres.
Ela aumenta a capacidade de concentração das crianças, melhora as habilidades na gestão do tempo e de sua organização, melhora a capacidade de trabalhar em equipe, ensina a ser perseverante, melhora a coordenação motora, aumenta as habilidades com a matemática, aumenta o senso de responsabilidade, melhora sua capacidade de escutar, desenvolve sua interação social, acaba com a timidez, cria uma sensação de sucesso.
Posso testemunhar que a música faz milagre e tem um poder transformador.
Ao longo destes dez anos vimos aprendendo como faz diferença oferecermos esta oportunidade às crianças das áreas mais pobres do país. Esta é a palavra capaz de mudar o Brasil: oportunidade.
Precisamos entender que crianças que nascem em favelas não são diferentes de nossos filhos e filhas. Elas também querem ser reconhecidas e respeitadas. A única diferença é que elas nascem se espelhando em exemplos ruins, mas na verdade aqueles que são reconhecidos e respeitados nessas localidades.
E é esse paradigma que precisamos quebrar. É importante dar oportunidade para que mais e mais jovens se tornem modelos a serem seguidos nas favelas.
Foi o que fizemos na Orquestra Maré do Amanhã. Trinta crianças, de 10 a 12 anos, escolhidos para se tornarem modelos a serem imitados. Fizemos delas protagonistas de suas histórias dentro da comunidade.
Essas crianças apareceram em todos os programas de TV, excursionaram pelo Nordeste, viajaram para Venezuela para cursos de música, apresentaram-se com a cantora Anitta no Réveillon de Copacabana, cantaram com artistas como Iza, Gilberto Gil, Elza Soares, Pity, Alcione, Maria Rita, Nelson Sargento, Carlinhos Brown, só para citar alguns. Estiveram no Vaticano tocando para o Papa Francisco, estão sempre na mídia. Assim, passaram a ser incensados em seu meio social, são tratados como celebridades.
Enquanto lhes dávamos esse protagonismo, fomos preparando os mesmos para se tornarem multiplicadores dentro da Maré. Hoje estes meninos ensinam música a 4 mil crianças. Toda criança matriculada em uma pré-escola está aprendendo música com eles.
E dá-se o milagre. Não são professores comuns, são “personalidades”, são iguais, são moradores da favela como elas. Dessa forma, pela primeira vez, uma criança olha para um grande exemplo a ser seguido e diz: “quero ser como o tio”. Vocês não imaginam o poder que isso tem!
Posso afirmar que é enorme o percentual de jovens ligados ao tráfico que lamentam não terem tido a oportunidade deles. Ouço esses relatos diariamente. Não há traficante que queira ver seu filho seguir “carreira”. Seus filhos estão nos projetos sociais que existem nas favelas. Desejam um futuro diferente para os que amam.
Se começarmos hoje a oportunizar novos caminhos para estas crianças, estaremos construindo, em médio prazo, um Brasil diferente.
ORQUESTRA MARÉ DO AMANHÃ
Carlos Eduardo Prazeres.
CARLOS EDUARDO PRAZERES
Quando, em 1999, as investigações sobre a morte do Maestro Armando Prazeres apontaram o Complexo da Maré como o provável local onde residiria o assassino, ninguém poderia supor que a vida de Carlos Eduardo Prazeres, filho do maestro, viria a se ligar totalmente à região.
Em 2010, onze anos após o doloroso episódio, Carlos Eduardo escolheu a região que fica ao longo das Linhas Vermelha, Amarela e Avenida Brasil para uma espécie de “vingança do bem”. Ali decidiu retomar o projeto de formação musical que o pai iniciara havia décadas com a Orquestra Pró Música e que teria sido abandonado por esta após sua morte. Fez renascer o sonho onde o mesmo teria sido interrompido: estava criada a Orquestra Maré do Amanhã.
Hoje, o projeto é um dos mais respeitados do país. Com o primeiro grupo, formado por 30 crianças, Prazeres conseguiu multiplicar o exemplo e fez com que estes musicalizassem todas as crianças matriculadas nas pré-escolas no Complexo da Maré, totalizando 4.000 atendimentos.
ORQUESTRA MARÉ DO AMANHÃ
Vencedora do Prêmio Profissionais da Música 2019, categoria MELHOR ORQUESTRA, a Orquestra Maré do Amanhã foi criada por Carlos Eduardo Prazeres em agosto de 2010 com o objetivo de ensinar e profissionalizar crianças e jovens do Complexo de Favelas da Maré no aprendizado de música clássica (https://youtu.be/8JibMRIyaMM).
Seu primeiro núcleo foi criado no Complexo da Maré, no CIEP Operário Vicente Mariano, no Rio de Janeiro. E começou preparando 24 crianças no ensino de teoria musical, violino, violoncelo e flauta.
Com apenas três meses de trabalho, as crianças apresentaram um resultado fantástico, realizando seis apresentações no final do ano de 2010 (https://youtu.be/f4R4JAxTnIg)
Nascia a Orquestra Maré do Amanhã, braço profissionalizante cujo diferencial é não ser apenas um projeto social, mas oferecer uma oportunidade real de mudança de vida para seus alunos, preparando cada um deles para o mercado de trabalho, enquanto evita que sejam arregimentados pelo tráfico de drogas (https://youtu.be/-gjcEjS0Xso e https://youtu.be/D-dduhnjGxs) .
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