Viva Monarco!
Laís Amaral Jr. para CRIATIVOS!
Claudinho do cartório me pegou pelo braço e disse: “Vamos lá que o Monarco está te esperando”. Foi durante o breve intervalo de uma roda de samba numa tarde quente de sábado num clube em Nova Iguaçu. Início da década de 1990. Claudinho, um dos puxadores de samba do Leão de Iguaçu, era um dos destaques do acontecimento.
Paramos junto a uma mesa e ele me apresentou ao convidado especial da roda: “Monarco, ó o Laís aí!”. O homem me olhou com um leve ar de surpresa e rapidamente rebateu: “Só se for o filho do Laís”. O sambista achou que iria rever um velho amigo que há décadas não via.
Monarco passou sua infância em Nova Iguaçu. Meu pai, era da sua turma de peladas e rua de pé no chão. Sua mãe lavava roupa para minha avó, o que não impunha nem sombra de conflito de classes na amizade deles. Refeito da decepção de não rever o velho amigo ele me convidou para sua mesa e conversamos muito. Sempre muito afável e sempre disposto a ouvir o interlocutor com paciência e elegância, ele falou de meu avô, de meu pai, de minha avó, com uma sincera satisfação de ter convivido com eles.
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Depois disso ficamos meio que conhecidos. Eu já morava em Resende e pelo menos duas vezes no mês despencava de lá para curtir Choro e Samba no Lapazes, na Lapa. A noitada começava com Choro, acho que o grupo se chamava Bem Brasil, e, depois vinha o Samba e Monarco era o dono da festa, sempre apresentando um convidado especial. E era comum batermos um papo nessas ocasiões. Certa noite ele me apresentou a vários integrantes da Velha Guarda. Eu adorava aquelas noitadas musicais. Depois eu ficava pela madrugada no Rio.
Domingo passado Monarco foi o convidado do programa ‘Persona’, da TV Cultura. Não me lembro de ter visto esse programa anteriormente. Mas fui avisado e às nove da noite lá estava eu diante da telinha. Os entrevistadores, Atílio Bari e Chris Maksud, bem paulistas, me passaram a impressão de estar a alguma distância do universo do velho Hildemar Diniz. Mas relevo em parte, porque um programa de entrevistas desse nível, a distancia, com o entrevistado num telão, tende a ser mais frio mesmo.
No programa, bem amarradinho, as pastoras Neide Santana, filha de Chico Santana e Áurea Maria, filha de Manacéa derramaram juras de amor e gratidão. São filhas de coração. Maravilhosas. Serginho Procópio, que foi presidente da Portela e hoje é líder da Velha Guarda, o colocou no pedestal de Presidente de Honra da Escola. E não poderia faltar é claro, uma pergunta sobre a prodigiosa memória do homem.
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Nesse ponto senti a mesma emoção que senti há tempos, ao ler o perfil de Monarco feito pelo Henrique Cazes, para a coleção Perfis do Rio (Relume Dumará - 2003). O autor registrou na página 15: “o mais curioso é que ele lembra até hoje o nome dos clientes de sua mãe. Gente como dona Odília, dona Flormira...” Dona Flormira, minha avó paterna. ‘Vó’ Mira.
Monarco, aos 87 anos lembrando histórias e cantando sambas de seu tempo de jovem em Oswaldo Cruz é realmente, um cara fora da caixinha. Uma figura comovente. Sem clichês, e com uma visão das coisas, que por muitas vezes podemos confundir com ingenuidade. Ninguém chega a essa idade com o respeito que tem em seu meio se não tiver qualidades reais e se não for alguém de comportamento legítimo e transparente. É uma instituição do Samba o senhor Hildemar Diniz.
Gostei quando o Atílio Bari, ao encerrar o programa agradeceu o entrevistado, prometendo uma nova entrevista daqui a dez anos. Que assim seja. E viva Monarco!
“Eu sou Portela
Desde os tempos de criança
Ainda guardo na lembrança
Algo e vou revelar
Me lembro o Paulo quando sorrindo dizia
Ao sambista que surgia
O segredo e o seu modo de cantar...”
(Portela desde que eu nasci – Monarco 1963)
Lais Amaral Jr escreve toda quinta-feira, na CRIATIVOS!
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