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LENDA




Ninguém levava fé na Clarisse. Nem ela, insegura que era. Filha de intelectuais respeitados, tinha o nome escolhido pelos avós, vizinhos da Lispector famosa, no Leme. As duas famílias viviam no pequeno e aristocrático bairro ao lado de Copacabana. 


Clarisse era a antítese do sangue com aspirações burguesas e passado acadêmico que a família trazia consigo. Verdade que pais e avós, pela via da universidade, tinham atingido uma qualidade de vida impensável para os antepassados migrantes que vieram da Itália, mas verdade também que isso não os tornara ricos, daquele tipo imune às variações da inflação ou à sucessão de crises que a cada repetição exterminava parte do capitalismo periférico. 


A Clarisse era de uma doçura inexplicável para quem conhecesse seus ancestrais, todos dados ao virulento e violento esporte da discórdia barulhenta. 


Uma lenda rondava a família, que  não acreditava em superstição e creditava a história às mas línguas. Segundo a lenda, a cada geração uma mulher se “perderia” da família, levando a vida para caminhos obscuros, absolutamente diferentes do planejado pelos pais. E isso ocorreria como compensação pela irmã de sua bisavó paterna, a primeira médica da família, cuja aspiração inicial era ser vedete do teatro de revista mas, obrigada pelos pais a construir uma “carreira digna”, tornou-se uma médica cruel, responsável, dizem, por mortes evitáveis e mesmo laudos falsos para mortes causadas pela ditadura militar, já no fim da vida.


O fato é que, para o bem da humanidade, não houve mais médicos na família, O pouco patrimônio que construíram foi consumido pelas ações judiciais que se sucederam e o clã teve que refazer sua história. 


A Clarisse cresceu ouvindo tanto a lenda do desvio quanto a história da antepassada. A família negava uma e confirmava a outra, mas não deixava de contar as duas juntas.


Para ela, nada daquilo fazia o menor sentido. Criada na Zona Sul e educada nas melhores escolas públicas, tendo transitado entre o Pedro II e os Colégios de Aplicação das universidades, era suficientemente madura pra não crer em superstições e mesmo para entender que a parente distante era apenas uma má pessoa, cujos atos poderiam ter sido, sim, potencializados a partir de frustrações individuais. Acontece nas melhores famílias e todos em casa sabiam que Hitler, por exemplo, era um artista frustrado e pouco talentoso.


Ria sozinha e achava o exemplo de Hitler exagerado, mas ele tornava a compreensão mais fácil para todos os que viessem com aquela conversa mole.


Era clara a intenção da família de Clarisse no sentido de que ela seguisse o exemplo dos pais, que dedicaram a vida aos estudos e agora, na casa dos 60 anos, ostentavam uma incrível biblioteca, inúmeras viagens de estudo e trabalho pelo mundo e uma filha única muito mais preparada teoricamente que a maioria dos jovens da mesma idade. 


A pequena Clarisse tinha aprendido francês na adolescência, tinha o inglês fluente e lera coisas impensáveis para sua geração. Não era esnobe com o conhecimento que tinha e normalmente subia os morros do Leme atrás das amigas mais próximas, Isabel e Ana, colegas da praia e dos rolês aleatórios, como jogos no Maracanã, rodas de samba e trilhas pelas matas da cidade. 


As amizades e os programas não eram exatamente o que planejava a família, mas também não eram completamente estranhos. Poderiam fazer parte de um projeto de “intelectual orgânico”, com a inserção da Clarisse naqueles espaços que depois a municiariam de conteúdo para dissertações e teses sobre comportamentos não normativos ou coisa que o valha. 


O resumo da história é que Clarisse, Isabel e Ana formaram um trisal, moram juntas e são muito felizes. Clarisse não cursou a universidade, tornou-se dançarina e chef de cozinha. As três juntas - Isabel e Ana são engenheiras - tocam um bom restaurante e vivem absolutamente felizes não muito longe de onde cresceram. Os pais não se frustraram e faz tempo que deixaram de se preocupar com a tal lenda - absolutamente misógina - da perda de uma mulher por geração. Descobriram que uma sobrinha, da mesma idade da Clarisse, é uma influencer dedicada a espalhar fakenews favoráveis ao bolsonarismo no Brasil e às teses de extrema direita na Europa e nos Estados Unidos.


Se há lenda, a Clarisse ao menos não tem nada a ver com isso.

Que alívio!


 

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ARTE DO POVO, PARA O POVO E COM O POVO



A Cedro Rosa Digital, uma plataforma brasileira dedicada à certificação e distribuição de obras musicais, tem inovado ao utilizar os mecanismos dos Artigos 1-A e 3-A da Lei de Incentivo à Cultura para promover pequenos patrocínios em massa. Essa estratégia tem permitido o financiamento de importantes projetos culturais, como:

  • +40 Anos do Clube do Samba: Um documentário que celebra o legado do Clube do Samba, uma das instituições mais importantes na promoção do gênero musical no Brasil.

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Incentivos Fiscais: Uma Ferramenta Global de Fomento à Cultura e Entretenimento


Em todo o mundo, países utilizam leis de incentivos fiscais como uma ferramenta poderosa para fomentar a produção cultural, cinematográfica e televisiva. Essas políticas têm se mostrado eficazes não apenas para apoiar artistas e produtores locais, mas também para atrair grandes produções internacionais, gerando emprego e renda, além de promover o turismo cultural.


Exemplos de países líderes em incentivos fiscais culturais


Estados Unidos: Nos EUA, diversos estados competem para atrair produções oferecendo generosos incentivos fiscais. A Califórnia e a Geórgia são exemplos notáveis, com créditos fiscais que podem chegar a 30% dos custos de produção. Isso tem atraído grandes produções de Hollywood, como séries da Netflix e filmes da Marvel.


Reino Unido: O Reino Unido também é um grande player no campo dos incentivos fiscais. Oferece até 25% de reembolso nos custos de produção, o que tem atraído produções icônicas como a série "Game of Thrones" e filmes da franquia "James Bond".


Canadá: O Canadá é conhecido por suas políticas favoráveis, com créditos fiscais federais e provinciais que podem totalizar até 45% dos custos de produção. Toronto e Vancouver são destinos populares para produções americanas.


França: A França oferece um crédito fiscal de 30% para produções estrangeiras, incentivando a filmagem de produções internacionais no país. Este incentivo tem sido um fator crucial na decisão de filmar grandes produções em cenários icônicos franceses.


Como participar

Participar do financiamento desses projetos é simples e acessível a todos. Empresas e indivíduos podem destinar parte de seus impostos devidos para apoiar a produção cultural através dos mecanismos dos Artigos 1-A e 3-A. Esses artigos permitem que uma parte do Imposto de Renda devido seja direcionada a projetos culturais aprovados, proporcionando uma forma de apoio financeiro sem aumento de custos para os patrocinadores.


Para mais informações sobre como participar e contribuir para o desenvolvimento da cultura brasileira através da Cedro Rosa Digital, visite Cedro Rosa Digital.


A utilização de incentivos fiscais para a cultura é uma prática global que tem mostrado resultados positivos tanto para a economia quanto para a preservação e promoção das artes. A inovação da Cedro Rosa Digital em promover pequenos patrocínios em massa é um exemplo inspirador de como essas políticas podem ser utilizadas de maneira criativa e eficaz.


Referências:

  1. Tax Credits for Filming in California

  2. UK Film Tax Relief

  3. Canadian Film or Video Production Tax Credit

  4. France’s Tax Rebate for International Production


Essa matéria apresenta uma visão abrangente de como os incentivos fiscais têm sido usados globalmente para promover a cultura, com um foco especial na inovação da Cedro Rosa Digital no Brasil.


 



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