FUTEBOL
Um comentarista de futebol, cujo nome eu obviamente não lembrarei, disse certa vez que o futebol (e é importante circunscrever essa afirmação ao Brasil, mesmo que ele não tenha pensado assim...) é a coisa mais importante dentre as menos importantes. Se eu limito arbitrariamente a circunscrição do dito, é por razões que conhecemos. Nos Estados Unidos e em Cuba, por exemplo, essa afirmação não faz o menor sentido, assim como em diversas outras partes do mundo. Eu ousaria inserir a Índia aí, o que traz boa parte da humanidade pro mesmo campo sem traves, sem aquele desenho característico, sem o aparato todo do popular esporte bretão. E olha que na Índia os ingleses tentaram com força. E com trocadilho, por favor.
Pois bem. Nesses lugares onde não impera a civilização do onze contra onze, algumas de nossas expressões favoritas não fazem o menor sentido. “Bola pro mato que o jogo é de campeonato”, “pimba na gorduchinha”, “a bola foi lá onde a coruja dorme”, todas expressões consagradas pela nossa crônica esportiva, lá soariam inertes e desprovidas de senso ou de humor.
Para nós, no entanto elas são referências claras de situações que em muitos momentos extrapolam as quatro linhas, como gostava de falar certo personagem atualmente em plena submersão, quiçá em breve hóspede do sistema penitenciário.
O fato é que aqui no patropi até quem nunca olhou pra um gramado de perto tem suas opiniões e paixões clubísticas, volta e meia levadas às últimas consequências por gente que tem no clubismo suas únicas razões de uma vida praticamente sem sentido fora dos 90 minutos de uma partida. Lamentavelmente são muitos. Alguns precisam ser regularmente retirados de circulação pela polícia e pela justiça, bem como causam prejuízos financeiros a seus clubes, com a suspensão de jogos e a proibição de torcidas organizadas.
Uma amiga, botafoguense (agora reduzo a circunscrição ainda mais, ao Rio de Janeiro), levantou há pouco uma questão que considero das mais relevantes, supondo que seja possível emprestar relevância ao tema, claro. Pois bem. Me dizia ela que é notável dentre aqueles que se preocupam com o futebol, uma divisão nítida de classes, que implica em maior ou menor repercussão dos resultados, a depender de quem os obteve. Não cabe aí nenhum critério econômico social. Quaisquer associações entre clubes e o perfil sócio econômico de seus torcedores deve ser afastado dessa discussão. Trata-se de uma “periferia simbólica”. Algo como o Ronnie Von em relação à Jovem Guarda ou as novelas da Record quando comparadas às produções do Projac. Com o curioso detalhe que é o fato de ambos os estúdios, da Globo e da Record, ficarem na mesma Estrada dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio.
Um caso objetivo ocorreu recentemente com a merecida vitória do Botafogo sobre o Flamengo, mesmo com o alvinegro jogando a maior parte do tempo com um homem a menos. Ainda que a repercussão dos feitos do Flamengo tenha, como todos os eventos esportivos, sofrido com o desgaste natural do tempo, eles são mais recentes que os do Botafogo, o que junto ao maior volume de torcedores, faz manter o protagonismo. Assim, mais que uma vitória do Botafogo, o resultado passa à história, sempre efêmera nestes casos, como uma derrota do Flamengo.
Num momento em que o grande time do Brasil parece ser o Fluminense, com seu dinizismo atropelando os adversários - especialmente o Flamengo – e Vasco e Botafogo tentando equilibrar suas realidades de passado glorioso e presente nem tanto, com a opção pelo modelo clube-empresa, dirigidos ambos por fundos financeiros estrangeiros, os botafoguenses em especial terão ainda algum trabalho pra se livrar do que parece ser uma condenação informal à periferia do futebol, lamentável pra quem teve Heleno, Garrincha, Gerson, Afonsinho, Quarentinha, Túlio Maravilha, João Saldanha na beira do campo e esteve entre os melhores times do planeta, base de seleções campeãs do mundo.
A arrogância tipicamente flamenguista, construída ao longo do tempo, só justificada na cabeça de torcedores mais radicais e comum a todos os radicais de todos os clubes, soa no caso da massa botafoguense, como uma impossibilidade, visto que a “auto-zoação” é o comportamento predominante, hábito adquirido com a sequência de resultados adversos que predomina já há algum tempo, desde pelo menos a grande conquista que foi o Brasileirão de 1995 e que antes perdurou de 1968 até a vitória sobre o Flamengo na final de 1988. “Coisas que só acontecem ao Botafogo”, como se convencionou dizer há tempos.
Enfim, o futebol não tem a menor importância e a dinheirama derramada no esporte poderia facilmente irrigar outras modalidades, reduzir valor de ingressos ou mesmo fluir para outras finalidades, mas só venho ao assunto pra evitar ser repetitivo com o tema mais mobilizador e feliz da semana, que envolve falsificação de atestados de vacina, PF na porta às seis da manhã e outras alegrias que nos fazem vibrar tanto quanto um gol do Cano ou, pra ser justo, do Tiquinho Soares, atual candidato a ídolo do Botafogo.
Ah! E neste momento em que digito, a despeito da zoação (você está lendo no domingo, mas eu escrevo na sexta!), o Botafogo é o líder isolado do campeonato brasileiro. A piada, por enquanto, é que estamos só na terceira rodada, das 38 previstas.
E outra informação importante é que eu sou flamenguista!!
Rio de Janeiro, maio de 2023.
Música, Arte, Cultura, Ciência
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