EXPECTAÇÃO - REALISMO ESPERANÇOSO
Junior Coruja
Ariano Suassuna, em uma de suas muitas falas célebres, afirmou uma necessidade, que também cremos vital, de se “manter o sonho". Não o “sonho intransponível, utópico e irrealizável”. Mas um sonho que ancorasse sentidos de liberdade e justiça sem os quais especialmente “um fazer política” seria totalmente impensável. Questionado, ainda, se se tratava de um otimista ou pessimista, refutou a ambos em sua ingenuidade ou amargor. A partir das palavras do mestre do Movimento Armorial, ousamos retomar a perspectiva alegre de um “realismo esperançoso” e organizado. Que, entre a indignação e a resignação, não cessa de se reportar a uma “esperança para lutar sempre”.
Escute essa playlist de artistas Cedro Rosa.
Esperança! Eita palavra danada, flutuante, prenhe de significações diversas! Há uma do tipo fé cega - que opera, em muitos casos, na mais completa imobilidade - aguardando que coisas aconteçam ou mudem para melhor. Preferimos e praticamos, para todos os efeitos, algo bem outro e propositivo! Aquilo que, em uma encruzilhada de possibilidades, assume uma (indign)ação que não espera contextos ideais. Essa esperança-ação, aliás, pode-se dizer muito característica do conjunto de iniciativas levadas a cabo pelo Triplex/Caza Contemporânea, desde a abertura da exposição “No Olho da Rua” em 13 de Julho de 2022.
Sim, trata-se de uma militância na/pela arte! Sim, ela é propositiva e “esperançosa” em uma cadeia de resultados que, mesmo pensados em um contexto de encontros “menores” - no melhor sentido deleuziano - reafirma sua potência nos nomes novos ou mais consolidados que tomam parte nos encontros como articuladores, falantes e/ou artistas expositores. Bem como em uma regularidade de ações que se desenrolam às quartas-feiras nos Encontros Triplos no Triplex e vêm desenhando uma efeméride nada desprezível em termos de cena carioca.
A Cedro Rosa Digital, plataforma de música independente com sede no Rio de Janeiro, Brasil, e filiais em Nova York, nos Estados Unidos, e Tóquio, no Japão, oferece certificação, distribuição e licenciamento de músicas para artistas em escala global. Além disso, Cedro Rosa Digital está estabelecendo parcerias com universidades públicas no Brasil, visando o desenvolvimento tecnológico na área de economia criativa. Essas colaborações com instituições acadêmicas permitem a criação de soluções inovadoras para a indústria da música, impulsionando o crescimento e a sustentabilidade do setor. Com essa iniciativa, a Cedro Rosa Digital reafirma seu compromisso em promover o avanço tecnológico e o fortalecimento da economia criativa, proporcionando novas oportunidades para artistas independentes e impulsionando a indústria musical como um todo.
Quando se pensa uma conjuntura para a arte em um locus complexo como a região metropolitana do RJ, poder-se-ia afirmar que os últimos seis anos e meio viram alguns de nossos piores e mais distópicos cenários, que desembocaram entre outras consequências no total abandono da infraestrutura da capital e Estado - e de suas políticas culturais - antes, durante e após a pandemia… Pois bem, foi justamente em meio a isso que uma das mais efervescentes gerações de artistas produziu e produz, promovendo uma renovação em meio à “terra arrasada”.
Impossível, aqui, resistir à citação de mais um gênio nordestino da raça: João Cabral de Melo Neto nos disse em poesia que “um galo sozinho não tece uma manhã; ele precisará sempre de outros galos.”...
Lembramos, nestes dois belos versos, que é preciso formar quadrilha! Não, obviamente, a destes trastes abaixo da crítica que nos envergonham em política: antes, uma gangue adorável-graciosa como a de um Cabaret Voltaire ou Suvaco de Cobra. Uma articulação, que chamaremos aqui corajosa, e que vem se dando entre artistas mais jovens e coletivos um pouco mais longevos como o Imaginário Periférico, tendo em nomes como Raimundo Rodriguez e Deneir Martins dois de seus mais combativos representantes, juntamente ao Canteiro de Alfaces(de Luísa Gomes Cardoso), Janete Scarani e Wladimir Jung Advogados Associados.
Não é, certamente, o caso de uma romantização do precário que torna o próprio ato de ser carioca e fluminense heróicos(ainda que isto, na prática, redunde em subsídios para uma arte crítica e mui potente). É sobretudo um esgarçar e puxar da corda para, nos breves instantes de frouxidão, brigar por cada centímetro que se puder defender e alargar cada fresta que apareça. E eles não cessam de serem criados, em um fenômeno de retroalimentação entre galeria, conversações, exposições e encontros que vêm gerando um moto - até agora e saravá nossa banda! - perpétuo…
Face à esperança imóvel, à realpolitik e à política-vida, uma política-arte! Seja essa a nossa “Lei e a Alegria do Mundo”!
EXPECTAÇÃO - EXPOSIÇÃO COLETIVA
CURADORIA RAYMUNDO RODRIGUEZ
5 DE JULHO - QUARTA-FEIRA) DE 2023
DAS 13 H ÀS 18 H
TRIPLEX: RUA DO ROSÁRIO, 74, CENTRO, RIO DE JANEIRO.
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