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Foto do escritorJosé Luiz Alquéres

Eva e Adãozinho


José Luiz Alquéres

Estamos no ano de 2022, numa floresta que existia nos morros de uma grande cidade. A sua existência era meio milagrosa , pois tudo em volta se encontrava devastado e cimentado. Casas, estradas, fábricas, praças, rios canalizados . Tudo enfim. O que um dia fora natureza não era mais. Das milhares de espécimes que habitavam a vizinhança , só restava uma: a espédie humana, muito orgulhosa de representar o mais sensacional produto da evolução.


Havia, é verdade, em algumas poucas casas uns vasos de planta, em geral exóticas, como cactus, especieis do México, arbustos do deserto de Atacama e até, nas familias ricas , uma espécie de aquário, com terra no fundo e um musgo sobre ela, vendido como lembrança da tundra siberiana. Estes aquários naturalmente, tinham que manter uma atmosfera refrigerada a menos 6 graus centigrados.


Adãozinho e Eva duas crianças de uns 14 anos de idade, moradores da estrada velha da Floresta, gostavam de sair do edificio que moravam , subir até o fim da ladeira e se perder na mata, onde alguma diversidade ainda havia. Sentiam correr nas veias uma certa adrelina em se sentirem perdidos e depois encontrar o caminho de volta.




 

Música Instrumental - ouça!

 

Com isso desenvolveram uma relação afetiva com a floresta, com as árvores de diferentes tipos, frutíferas ou não, com os canários, sanhaços, bem-te-vis, sabiás, cambaxirras e tucanos e com os micos, macacos-prego e esquilos Para estes levavam bananas.


Macacos são bichos folgados. No começo pegavam as frutas no chão, depois na mão das crianças e depois passeavam no ombro das mesmas. As vezes parecia até que se comunicavam.


Um dia quando estavam voltando para a casa, de tardinha, as crianças escorregaram num barranco e deslizaram na sua íngrime encosta. A sensação era de uma queda sem fim. Após caírem por um tempo indeterminado Adão se viu amparado do choque por um fofo capinzal. Estava de mãos dadas com Eva no inicio da queda e assim continuara


Adãozinho estava apavorado mas Eva, levantou-se com a ajuda de uns macacos-prego que vieram ajudá-los a se recuperar da queda. Ela conversou desembaraçadamente com eles enquanto Adãozinho observava a cena assustado. Adãozinho se sentia estranho pelo fato dos macacos e micos estarem falando a sua linguagem. Por ali passsava uma água corrente, cristalina, que beberam com inusitada sede e Eva pediu informações para uma cobra que estava enroscada num pé de jabuticabas, que ambos colheram..