ERA UMA VEZ UM PAÍS
Quem, como eu, era apaixonado pela irreverência subversiva do Pasquim, aquele celeiro de craques talentosos, sabe muito bem que uma das sessões mais saborosas do jornal era Dicas do Pasquim, um território livre para as mais geniais e, inúmeras vezes, absurdas observações da equipe.
Uma que nunca me esqueço (se não me falha a memória, que sempre me falha, publicada pelo Ziraldo) contava o caso de uma aluna que levara um tiro de escopeta na imaginação e criatividade ao receber uma péssima avaliação da professora.
Era redação de tema livre e a menina escreveu sobre Era Uma Vez.
Em resumo, ela explicava que Era Uma Vez, por mais que procurasse, não encontrava seu lugar no mundo, até o dia em que descobriu sua verdadeira vocação e passou a ser o início de todas as estórias.
Pois não é que a professora nem deu nota?
Apenas devolveu a redação com uma pergunta cretina: era uma vez o quê?
Isso tudo me veio ao raciocínio (se é que eu sei fazer isso de raciocinar) ao pensar no absurdo em que nos metemos aqui nesse nosso Brasil Varonil.
Um presidente sociopsicopata a vomitar asneiras e ameaças, enquanto um dos seus filhos zero manda todo mundo enfiar as máscaras no rabo.
Um Congresso que consegue ser das piores coisas que já vi na vida.
Um judiciário rendido e sem moral.
A mídia, então, perdeu de vez a vergonha (se é que um dia teve vergonha de alguma coisa).
No Rio de Janeiro, onde tudo está uma merda e não faltam problemas pra serem resolvidos, os (in)digníssimos deputados estaduais se reúnem para votar EM CARÁTER DE URGÊNCIA a troca de nome do Maracanã (eternizado Estádio Jornalista Mário Filho), por Edson Arantes do Nascimento-Pelé (aquele mesmo que não quis dar nome nem à própria filha).
Viramos, ou sempre fomos, um país machista, misógino, homofóbico, racista,...
No meio disso tudo ainda congelaram por 15 anos os reajustes para servidores públicos.
Isso me reportou imediatamente às palavras do meu amiguinho Rem Bodinho, o filósofo de Niterói:
“Servidor público já caiu no mesmíssimo golpe por 4 vezes: com Collor, FHC, Temer e Bolsonaro e se ferrou em todas...
Quando teve uma breve melhora de vida, pediu pra tirar o PT.
Ou seja, Quando você se achar a pessoa mais burra do mundo lembre do servidor público que votou no Bozo e agora vai ficar 15 anos sem reajuste.”
Daí, me lembrei de uma velha piada que cai muito bem pra “esses pessoais”:
Um servidor público que votou no Bozo ligou pro Guinness
- Acabo de resolver um quebra-cabeças de 3000 peças
- Nada de especial
- Mas resolvi em uma semana
- Também não difícil
- Claro que é, na caixa tá escrito de 3 a 5 anos ]
PS: Depois do texto já pronto veio a notícia que o ministro da morte pediu pra sair por
problemas de saúde, o que poderia ser cômico, se não fosse trágico, e me bateu uma dúvida: não seria hierarquicamente correto o capitão Jair acompanhar o general Pazuello no pedido de arrego?
Até a próxima esquina.
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