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EM MEMÓRIA DE ANTONIO DELFIM NETTO

Foto do escritor: José Luiz AlquéresJosé Luiz Alquéres


 

Os mais conhecidos e influentes ministros da fazenda dos últimos 60 anos foram Pedro Malan, no chamado período da redemocratização, e Delfim Netto, nos anos de governo militar.

 

Bastante polêmico, Delfim Netto, ao deixar o ministério, se candidatou e foi eleito para cinco mandatos como Deputado Federal por São Paulo. A memória dos anos do milagre brasileiro, ainda que machucada por taxas de inflação crescentes, permaneceu viva no fiel eleitorado de base que possuía naquele estado – o que lhe conferiu uma grande independência de posições, nem sempre bem compreendidas quando exerceu estas funções no legislativo.

 

Eu tive o privilégio de algumas interlocuções pessoais com Delfim e registro aqui às que me vem na memória agora: Ele gostava de brincar com os nossos sobrenomes, pois o dele, na origem italiana, era “Delfini” - e o meu “Alchieri”.


Dizia ele que pelo menos éramos mais alfabetizados do que nossos respectivos avós, “mas talvez não tão sábios”, enfatizava. Em outra ocasião, manifestou sua vontade de ler textos originais de grandes economistas utilitaristas e fisiocratas franceses do século XIX e início do século XX.


Eu consegui, com apoio inestimável de Renée Vergne, que obteve as autorizações especiais necessárias do governo francês, cópias dos referidos textos. Mandamos encaderná-las e a ele oferecemos em nome das Câmaras de Comércio França-Brasil. Delfim as saboreou e, anos depois, as doou com sua biblioteca para a Universidade de São Paulo, onde foi professor catedrático de economia política.

 

Quando fui morar em São Paulo almoçávamos uma ou duas vezes por ano, em geral, conversando sobre as relações Brasil e França e o futuro da indústria brasileira. Delfim era um economista com grande percepção de funcionamento do mundo real, o mundo das empresas, dos empregados, dos exportadores e dos interesses coletivos. Eu havia sido apresentado a ele pelo Prof. Antonio Dias Leite, meu mestre no setor de energia elétrica e um desenvolvimentista.

 

Desenvolvimentista, aliás, é uma palavra que virou uma “praga”, pois passou a ser associada àqueles que defendem uma total complacência com desequilíbrios fiscais e exagerados gastos públicos. Na realidade, em sua origem, que cito como idealistas do conceito estão Roberto Simonsen, Francisco San Tiago Dantas e o próprio Antonio Dias Leite, autor do célebre livro “Caminhos do Desenvolvimento”.


Desenvolvimentistas eram economistas focados no aumento da produção, da produtividade e da competitividade do setor produtivo nacional. Infelizmente, o adjetivo acabou colando em uma escola de economistas irresponsáveis no tocante a equilíbrio fiscal, o que é uma distorção da visão destes grandes pensadores.

 

Lembro em particular de um almoço agradabilíssimo quando havia sido publicado uma pesquisa do Valor sobre quem teria sido o maior economista brasileiro – e que havia resultado em um quase empate entre Roberto Campos e Mario Henrique Simonsen.


Delfim, que aparecia como o único votante em José Bonifácio, me fez uma apaixonada defesa de seu voto, calcada no fato deste ter sido dentre os ministros então já falecidos, aquele que tinha focado suas propostas de ação em um plano abrangente de desenvolvimento suportado pela modernização da agricultura. Anos depois, quando eu abri a minha editora Edições de Janeiro o convidei para escrever um ensaio sobre José Bonifácio, o que ele não pode aceitar e me indicou o “Cafu”, apelido do Jorge Caldeira, que infelizmente também estava concentrado em outros projetos e não pode executá-lo.

 

Algum tempo depois, eu editei o livro “Meu Século”, com reflexões do meu amigo Prof. Dias Leite, originalmente dirigidas aos netos, mas, na realidade, estendidas como uma forma de legado para as futuras gerações de brasileiros. Delfim Netto fez uma bela crônica em sua coluna na Folha de São Paulo sobre o livro, publicada na edição de 27 de abril de 2017.

 

Foram dois grandes brasileiros que com suas virtudes e erros participaram intensamente na transição de um Brasil quase rural para um Brasil potência, cuja trajetória nos últimos anos tem sido tão errática e preocupante.

 

Por tudo isso, cumpre a nós retomarmos com garra o trabalho de construção da nossa grande nação mais justa e mais sustentável.


Escute o artigo no Youtube / Cedro Rosa.




 

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