DOIS LIVROS E A MESMA LIÇÃO
Há quatro anos lancei um livro denominado “Três Mil Anos de Política”. Ao longo de cerca de 60 pequenos capítulos, eu procuro apresentar a evolução do pensamento e da prática política no mundo desde a antiguidade até os nossos dias. Ao final, constatada que a evolução deste pensamento não levou a sociedade, ainda, a um estado tolerável de convivência entre seus membros, eu procurei apresentar em um capítulo final, um “quase ensaio”, aquilo que acredito ser os pontos essenciais para o progresso da atividade política: a prioridade maior deve ser a educação das mulheres.
Em pelo menos oitenta por cento do mundo, por razões culturais, a mulher não tem o reconhecimento de sua igualdade com os homens, para não falar em uma profunda aversão que essa ideia encontra no plano cultural em sociedades como a islâmica, na China, Japão, Rússia e em outros países. No mundo ocidental, especialmente a partir da Segunda Guerra Mundial, houve um grande avanço nas conquistas femininas. Constatamos, porém, que o ativismo de vários movimentos noticiados diariamente em nossos meios de comunicação, denota que resta às mulheres um grande caminho a percorrer, não só no plano político, no voto, na representação, mas no plano cultural, na convivência diária, nas tarefas que lhes são atribuídas e em seus papéis como mães. Em seguida, o livro aponta como prioridade política, a necessidade de se abraçar a causa da sustentabilidade mundial. Apesar da sucessão dos alertas feitos por vários membros da comunidade científica quanto a degradação das condições naturais ao longo dos últimos 50 anos, as reações e medidas mitigatórias têm sido muito lentas.
Um terceiro ponto é a importância que, na organização das sociedades humanas, ou seja, na organização política, seja respeitada a diversidade de ideias. É uma condição delicada distinguir, em cada assunto, o que é fato e o que é opinião construída a partir do mesmo. Há pessoas que ainda resistem ao fato de a Terra ter o formato de uma grande esfera achatada em seus polos - e insistem, em pleno século XXI, em um terraplanismo. É o tipo de questão que não há o que se discutir quando se trata de suas implicações na formulação de políticas para a sociedade. Em outras palavras, não há que se respeitar em decisões que afetem a sociedade a hipótese de a Terra ser plana. Pode-se, isso sim, respeitar que cada um acredite no que quiser, mas que não se traga essa crença contrária a fatos cientificamente comprovados para o plano de que trata a política.
Tais considerações me levaram a explorar este terceiro aspecto em particular. O que fiz duas semanas atrás, no pré-lançamento do meu novo livro na Casa Petrópolis Instituto de Cultura. O livro se denomina “Uma Crônica da Ciência no Ocidente”. Ao longo dos capítulos - que abordam a evolução do conhecimento humano desde que o homem, há dez mil anos, se estabeleceu em aldeias e nelas pôde dividir suas atividades e, alguns deles, puseram-se a pensar, a criar e a experimentar, a Ciência vem progredindo e vem nos fazendo entender, cada vez melhor, o funcionamento do mundo. Na realidade, mais do que o mundo no sentido deste planeta, mas sim de todo o Universo.
Na procura do conhecimento ao longo desse período, oito a dez paradigmas, ou seja, modelos que sugerem o funcionamento das coisas, foram propostos e sucessivamente abandonados com o progresso de investigações em bases científicas cada vez mais apuradas. Apenas para citar alguns: já se acreditou que tudo que se passava no firmamento lá estava fixo – daí o nome “firmamento”. Estrelas seriam supostamente fixas, salvo aquelas que pareciam se mover (veio a se descobrir depois que se tratava dos planetas). Estas eram consideradas “estrelas móveis”. Esta foi, talvez, a primeira ideia ainda dos astrônomos dos impérios antigos, da Síria e da Babilônia. Ao longo do tempo, outros modelos se sucederam: a Terra sendo o centro do universo e tudo girando em torno dela. Depois, o Sol sendo o centro de tudo. Mais adiante, com o desenvolvimento de telescópios mais potentes, descobriu-se que o Sol não era o centro, e que havia outros sistemas solares, e, assim, paradigmas científicos foram se sucedendo.
Houve um momento no século XVIII no qual a imagem do universo era comparada a de um enorme mecanismo que funcionava com absoluta precisão, como um relógio. Os planetas em suas órbitas concatenados com os movimentos dos demais astros. Dois séculos depois, isso evoluiu. Não se tinha mais a ideia do mecanismo, mas sim a de uma espécie de “organismo”. Isto é, as diversas partes tinham suas funções próprias dentro da composição de um todo e seu funcionamento seria como o de um grande sistema que incluía vários subsistemas. Poderíamos fazer uma analogia com o corpo humano, onde há o sistema respiratório, o sistema circulatório, ...todos interligados a bem de um funcionamento global.
Este meu livro sobre a Ciência trata em certo trecho da ‘psicologia das massas’, quando abordo o comportamento de pessoas que levam a criação de políticas. Neste ponto, trago algumas conclusões relacionadas ao nosso momento atual. Uma das que eu reputo importantíssima é o perigo do chamado ‘efeito manada’. Quando se trata de movimentos de massa envolvendo grande parte da sociedade há tendência dos consensos se fazerem em torno do que é a base mais cômoda entre todos os seus membros. Ora, essa base mais comum é normalmente associada a instintos, ou seja, reações naturais, quase animais, que o homem tem quando confrontado com situações que a vida lhe oferece. Ao valorizar o instinto, a dimensão reacionária contra mudanças e a dimensão da agressividade para atingir seus objetivos tendem a predominar sobre a dimensão do raciocínio lógico e do comportamento solidário no sentido humanístico, de respeito às diferenças entre os membros.
A tendência de ação comum faz com que, como demonstram diversos estudos, o comportamento do indivíduo seja subvertido pelo comportamento da massa. Explicando melhor, no meio da massa o indivíduo a segue, mesmo que, se parasse para refletir, veria que está agindo contra suas convicções pessoais. Essa reflexão é preocupante agora, especialmente porque demanda uma mudança em relação a maneira de produzir e consumir que leva a sustentabilidade e a uma mudança no que diz respeito a igualdade de direitos entre os sexos. Problema fundamental tratado no livro anterior. São importantes temas para reflexão que levam a uma mesma conclusão: é fundamental a elevação da qualidade da educação para que o nível de convergência das opiniões da sociedade se faça em um plano racional superior a alguns planos que temos observado no mundo atual.
Como justificar no século XXI uma guerra como a da Ucrânia, ou mesmo qualquer guerra? Como justificar o genocídio de grandes populações na África e mesmo no território da antiga união das repúblicas socialistas e soviéticas? Como justificar o ativismo preconceituoso que se reforça nas sociedades avançadas, como vimos recentemente no episódio de racismo contra o atleta Vinícius Jr. ou mesmo em inúmeras outras situações similares nos EUA? No Brasil também abundam exemplos, mas não é objetivo deste artigo tratá-los. O objetivo, como muito bem colocado pela pedagoga Maria Cecília de Almeida e Silva no debate de pré-lançamento do meu novo livro em Petrópolis é que temos – não “transformar” a educação, mas sim “transtornar” a educação. Em outras palavras, fazê-la ‘transbordar’ de uma educação para o aprendizado para uma educação, como o próprio nome indica, para a ação. Não basta ser educado, há que se agir educadamente, caso queiramos melhorar a relação política, o ambiente da sociedade e fazê-la convergir para as grandes prioridades internacionais, já não apenas as brasileiras, relativas à prevenção do desastre climático que a cada dia se anuncia.
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