Dois de Dezembro: Salve Ary Barroso. Viva Marquinhos de Oswaldo Cruz
Num bate papo há uns pares de anos com um simpático casal de Resende, Carlos Menandro e Márcia Maretti, passei por uma suprema crise de inveja, ao ouvir deles, que naquele ano iriam ao ‘Trem do Samba’. Tinham sido convidados por um primo da Márcia. Eu ainda não consegui entrar nesse veículo maravilhoso que a cada dia 2 de dezembro, sai lotado da estação da Central do Brasil, com o pessoal tocando e cantado até a estação de Oswaldo Cruz. Lá se espalham em várias rodas pelo subúrbio. Para minha grata surpresa, quem é o tal primo da Márcia? Nada mais nada menos que Marquinhos de Oswaldo Cruz. De lá pra cá Carlos Menandro e Márcia repetiram algumas vezes essa viagem empolgante, cheia de ritmo e alegria.
No dia 2 de dezembro se comemora o Dia Nacional do Samba. E lamentavelmente, o tradicional ‘Trem do Samba’, pelo segundo ano seguido não circulará pelos trilhos suburbanos do Rio. Ano passado devido à pandemia e agora, por questões financeiras alegadas pela concessionária da ferrovia, a Supervia. Não haverá ‘Trem do Samba’, que é a mais original e simpática manifestação pelo Dia Nacional do Samba, um poderoso evento organizado pelo antenado sambista Marquinhos de Oswaldo Cruz. Mas terá samba. Neste sábado, dia 4, três palcos estarão montados em Oswaldo Cruz e o samba vai rolar. E muita gente irá reverenciar esse ritmo que possui as digitais mais destacadas da Cultura popular do país.
Dizem os registros que o Dia do Samba nasceu da iniciativa de um vereador de Salvador, Luís Monteiro da Costa, que pretendia homenagear Ary Barroso, e isso lá em 1940. Ary tinha composto ‘Na Baixa do Sapateiro’ um mega sucesso que abrilhantou um filme da Disney e que encantou o Brasil na voz de Carmem Miranda. Ele foi a Salvador receber a homenagem e certamente deve ter consolidado aquele equívoco sobre a sua naturalidade. Para muita gente esse mineiro de Ubá era baiano. Não, logicamente, para seus conterrâneos, que durante algum tempo alimentaram essa cisma com o grande compositor.
Roda de Samba, aqui!
Essa implicância é ilustrada por uma saborosa história que já faz parte do folclore da MPB e que ouvi de Sérgio Cabral (pai), não me lembro se num show ou em uma entrevista. Contam que certa vez, Ary Barroso estava num bar e um cidadão mineiro, de Ubá, já um pouco calibrado e carregado daquele amargor por acreditar num suposto desprezo municipal por parte do compositor, indagou, inquisitivo ao gênio: "Você faz música pra Bahia, exalta tanta coisa e nunca falou em Ubá na suas criações. Por que esse desprezo por sua terra?" E Ary Barroso do alto de sua agilidade mental mandou a resposta: "Já fiz sim, meu amigo. Escute só". E cantarolou um dos seus maiores sucessos: "Risque, meu nome do seu caderno/ Pois não suporto o inferno / Do nosso amor fracassado...". E foi em frente até os versos definitivos e fundamentais: "Mas se algum dia, talvez / A saudade apertar / Não se perturbe / Afogue a saudade / Nos copos de Ubá".
Certamente o mineiro, orgulhoso do seu torrão natal e por ter passado anos alimentando essa mágoa com o conterrâneo ilustre, só de birra não deveria dar muita bola para o repertório do grande Ary. Desconhecia a letra de um dos mais célebres sambas-canções de nossa história. Terminada a cantoria, o homem, arrependido e por que não, amolecido por umas e outras, (e dizem, com os olhos umedecidos), abraçou o compositor se desculpando.
Agradeço penhorado ao vereador soteropolitano da distante década de 1940, que pode ter sido o pior político do mundo, pior até que Bolsonaro (embora ache isso impossível) mas a sua homenagem ao grande Ary Barroso criando o Dia do Samba, valeu por todo seu mandato. E um agradecimento ao brilhante Marquinhos de Oswaldo Cruz, parente e chegado de gente que admiro e considero muito.
"Na Baixa do Sapateiro
Encontrei um dia
A morena mais frajola da Bahia
Pedi-lhe um beijo, não deu
Um abraço, sorriu
Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu
Bahia, terra da felicidade
Morena, eu ando louco de saudade
Meu Sinhô do Bonfim
Arranje outra morena
Igualzinha pra mim" (Na Baixa do Sapateiro - Ary Barroso)
Chora, Cavaco, segura marimba, ronca cuíca!
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