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DO TERÇO À FOLIA



         

          Nasci no final da década de 1950 e catei o ar no primeiro choro, num mundo bem diferente. Naquele mundo havia um spray de ignorâncias decorrentes de um atraso tecnológico em todas as áreas, se comparamos com as de 2024. Por outro lado, o Carnaval era outro e a noção de prosperidade era mais coletiva, ainda precisávamos construir um “futuro”.


          Aos cinco anos de idade, já na década de 1960, vivia em um Brasil de pouco mais de 70 milhões de brasileiros e brasileiras, ou seja, aproximadamente três vezes menos populoso que o Brasil atual; a sensação espacial era diferente, com mais ar por habitante, além de uma mala de sonhos bem mais generosa.


          Em 1963, quando a folia começou, marchinhas, como Sai dessa onda, Tô com a macaca e Quero beber, atravessaram o centro do Rio de Janeiro. Nessa época, já havia uma certa nostalgia de carnavais passados, quando ainda se cantava Maracangalha, lançada em 1957.


          Foi nessa atmosfera pagã que fui parar no Hospital Souza Aguiar com um crucifixo que engoli e ficou atravessado na goela. Calma! Eu explico. Todas as noites rezávamos sentados, encostados à cabeceira da cama de meus pais, e, após as orações, minha mãe nos oferecia o terço para que o beijássemos. Naquele dia, o beijo se transformou em acidente e acabei engolindo o crucifixo.


          Ao chegarmos ao hospital, os médicos diagnosticaram o caso e, de pronto, puseram-me amarrado com os cintos de suas próprias calças, menos o anestesista que, com certeza, estava bêbado, ou quase isso, sambando na avenida ou cantando uma marchinha de carnaval. Até hoje não sei o que aconteceu com ele...


         Só sei que, do terço à folia, fui do céu ao inferno. Minha mãe, desesperada, não sabia se rezava ou reclamava do absurdo de não poder contar com um anestesista para ajudar a “tirar o Jesus de mim”. Pois é, foi essa a frase-verso que disse para ela que, ajoelhada sob a fé e a cruz da capela do hospital, foi do choro ao riso, do profundo desespero à maior alegria, enquanto, atrás de mim, os “frios anjos de branco do Souza Aguiar” soltaram uma bela gargalhada.


Há poucos anos, Jô Soares recebeu o médico responsável pelo setor do Hospital Souza Aguiar, que guardava o que algumas crianças engoliam: crucifixos, agulhas, bolas de gude, rodinhas de carrinho... Quando liguei a televisão, vi um vídeo mostrando os objetos engolidos ao longo do tempo, entre estes estava um crucifixo com uma etiqueta embaixo, onde estava escrito V. (Victor) T. (Tarcisio), dois nomes de santos, LOUREIRO.


           Pois é, era eu mesmo. Fiquei famoso pela garganta,. Cheguei à fama por terem retirado de mim um crucifixo, fixado naquela prateleira de vidro para sempre. Pode isso?   


         Tudo isso me fez chegar à conclusão de que até nos maiores traumas podemos rir de nós mesmos ou daquilo que, por pouco, não virou tragédia. Ainda vou escrever uma marchinha de carnaval que conte essa história ou pedir ao meu amigo e poeta Lais Amaral para uma possível parceria. Quem sabe?


         Enquanto a marchinha não sai e, para ilustrar tudo isso que, de tão intenso, volta à memória até hoje, em constantes flashes, escrevi um poema, publicado na coletânea Roteiro da poesia brasileira, anos 80, página 154, Global Editora:

 

        BEIJO ACIDENTAL

 

No ato de um beijo

sem as contas do terço

engoliu o crucifixo

mais tarde tirado a ferro

pelos frios anjos de branco

do Souza Aguiar

 

Quando voltou pra casa

A mãe rezava

Aos pés da cruz

e com a garganta azul de colubiazol

disse:

- mamãe não chora

já tiraram o Jesus de mim! 


 

O Brasil é amplamente reconhecido pela criatividade e inventividade de seu povo, características que se destacam na diversidade cultural, artística e científica do país. Artistas, intelectuais e cientistas brasileiros têm uma longa tradição de inovação, desde a música e a literatura até a tecnologia e a ciência, promovendo uma identidade única que encanta e influencia globalmente.


Essa criatividade encontra expressão em gêneros musicais como o samba, a bossa nova e o funk, em produções audiovisuais e literárias que capturam as nuances da cultura brasileira, além de inovações científicas que refletem a capacidade do país de enfrentar desafios de forma engenhosa.



A Cedro Rosa Digital tem sido um agente importante nesse contexto, contribuindo diretamente para o desenvolvimento de criadores musicais ao certificar e distribuir obras e gravações pelo mundo. A plataforma oferece aos músicos independentes uma estrutura sólida para garantir os direitos autorais de suas composições e gravações, gerando royalties e uma renda mais justa para os artistas. Isso não apenas valoriza o trabalho dos criadores, mas também assegura que suas obras sejam reconhecidas internacionalmente, o que fortalece a presença da música brasileira em diversos mercados. Além disso, com o sistema CERTIFICA SOM, a Cedro Rosa está desenvolvendo um meio de fornecer dados precisos das músicas, incluindo informações sobre compositores, intérpretes e demais envolvidos, o que é essencial para a credibilidade e valorização desses artistas.


O portal CRIATIVOS! também desempenha um papel fundamental ao reunir e divulgar o trabalho de dezenas de criadores brasileiros das indústrias criativas. Com postagens diárias de artigos, entrevistas e análises, o portal é um ponto de convergência para artistas, intelectuais e especialistas em diversas áreas, destacando temas de cultura, ciência, economia criativa e sustentabilidade. Por meio dessa plataforma, o público tem acesso a uma gama diversificada de ideias e produções, incentivando o diálogo e a troca de conhecimentos.


Exemplos dessa contribuição incluem artigos sobre tendências de design, debates sobre políticas culturais e entrevistas com músicos e cineastas que contam suas experiências e desafios. Dessa forma, o CRIATIVOS! não só divulga o talento brasileiro, mas também promove um ambiente onde a criatividade e a inovação podem prosperar.


Com esses esforços, a Cedro Rosa Digital e o CRIATIVOS! impulsionam o desenvolvimento das indústrias criativas no Brasil, ampliando o alcance e o reconhecimento dos criadores brasileiros e promovendo a diversidade cultural e intelectual do país no cenário global.

 

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