Despedidas e certeza da finitude. Coisas incômodas
Antes que me interpretem mal, devo dizer que sou um sujeito alegre, pra cima. Até componho marchinhas de Carnaval. E sou botafoguense. Não faltam motivos para estar alegre. Mas dia desses, zapeando a tv entre um e outro programa de esportes, li num rodapé, não sei de que canal, que Tony Bennett, morrera. O cantor romântico norte-americano tinha 96 anos e deve ter vivido bem. Mesmo assim, a morte me incomoda. Não era um fã do cantor, mas o admirava, claro. Recentemente assisti a um show dele com a sempre surpreendente Lady Gaga e gostei muito.
Talvez eu tenha sentido um pouco mais por estar minha alma meio fraturada ainda, com a partida de João Donato, a qual senti, sim, como uma grande perda. Assim como de tantos outros que têm nos deixado. Recentemente foi-se o Ciron Silva, aquele estupendo ‘7 cordas’ de Volta Redonda, que falei outro dia aqui. O câncer se mostrou indiferente às orações e preces dos amantes e praticantes da música. Não demorou muito e lá se foi o inquieto e instigante Zé Celso Martinez. Lembro de uma animada palestra dele em Ribeirão Preto.
Falei aqui certa vez de um sujeito dos mais interessantes que conheci na vida, o saudoso Adalberto Cantalice. Editava uma revista em Nova Iguaçu, na qual eu escrevia. Depois trabalhamos juntos num diário lá mesmo na Baixada. Éramos amigos, daqueles de se sentarem na mesma mesa de bar, o que pra mim tem uma importância das grandes. Ele tinha lá suas manias. Uma delas, era a de ler obituários. E diariamente. Preocupado com a constatação de que estava morrendo muita gente com idade próxima da sua. Me parecia uma preocupação exagerada do velho ‘Canta’.
Hoje entendo o que meu amigo devia sentir. Essa incômoda sensação de que o cerco está se fechando. A finitude me incomoda sobremaneira. Não concordo em nada com a ideia de deixar de existir. Credo! Pé de pato mangalô três vezes! Mas é tanta gente admirável partindo, gente que marcou minha geração, que me passa a impressão que a cada despedida, lá se foi junto, um pedaço de mim.
Sábado passado fui a Vassouras ao Festival Vale do Café, que foi meio tímido este ano. Durante o dia perambulei por aquele belo Centro Histórico e visitei a sede da Sociedade Viva Cazuza, que fica na Praça Barão de Campo. Muito legal ver as coisas dele, pertences, lembranças, diários, fotos. Até comprei uma camiseta com um verso de ‘Codinome Beija-Flor’. À noite fui ao show de Oswaldo Montenegro, uma apresentação que era por conta do Festival de Inverno do SESC, maravilhosa iniciativa da instituição que rola por vários municípios.
Em dado momento Oswaldo Montenegro, bate um papo com a plateia e o pessoal começa a citar canções. Ele fala sobre elas. A inspiração, os motivos, coisas assim. Entre as canções gritadas, claro estava ‘Agonia’, a que projetou o artista, vencedora de festival e composta por um cara sensível, um multiartista de codinome, Mongol. Outro que a Covid tirou prematuramente do nosso convívio. De todas as canções pedidas, ‘Leo e Bia’, ‘Lista’ a bela ‘Lua e Flor’, que foi tema de novela de tremendo sucesso, todas ele cantou. Quase todas. Faltou ‘Agonia’, ansiada pelo público. No fim, a sensação de que ficou faltando algo. Alguma coisa incompleta. Como parece ser a vida.
“Se fosse resolver iria te dizer foi minha agonia Se eu tentasse entender por mais que eu me esforçasse eu não conseguiria E aqui no coração eu sei que vou morrer Um pouco a cada dia E sem que se perceba A gente se encontra Pra uma outra folia Eu vou pensar que é festa Vou dançar, cantar é minha garantia E vou contagiar diversos corações com minha euforia E a amargura e o tempo vão deixar meu corpo, minha alma vazia E sem que se perceba a gente se encontra pra uma outra folia” (Agonia – Mongol)
Cedro Rosa Digital: Ampliando Horizontes Musicais e Democratizando o Acesso
A Cedro Rosa Digital tem revolucionado o mercado musical, oferecendo acesso democrático a músicas de alta qualidade. Por meio de sua plataforma online, a empresa permite que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, explore um vasto catálogo de composições. Essa acessibilidade inédita aproxima culturas e conecta artistas e ouvintes de maneira única. Além de proporcionar acesso universal à música, a Cedro Rosa Digital também desempenha um papel essencial na descoberta de novos talentos. A plataforma serve como uma vitrine para artistas independentes, abrindo oportunidades profissionais e colaborações valiosas. Com isso, a empresa está desafiando as barreiras tradicionais da indústria e oferecendo mais opções aos ouvintes.
Com sua abordagem inovadora e inclusiva, a Cedro Rosa Digital está moldando o futuro da indústria musical. Ao democratizar o acesso e promover novos talentos, a empresa está enriquecendo a experiência musical para pessoas em todo o mundo, conectando artistas e ouvintes de forma mais direta e significativa.
Música muito boa, gravações Cedro Rosa, na Spotify.
Comments