CRITÉRIOS E PRIORIZAÇÃO PARA CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Oficina de Trabalho – Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB) - Brasília – DF –29 de janeiro a 2 de fevereiro de 2024
Relato de uma participante, geógrafa de plantas e ambientalista - Maria Cristina Weyland Vieira – (Confederação Nacional das RPPN - Associação de RPPNs e outras Reservas Privadas de Minas Gerais - Instituto Sul Mineiro de Estudos e Conservação da Natureza - Comissão Mundial de Áreas Protegidas).
No início do ano de 2024, foi realizado na capital do nosso país, Brasília, em pleno planalto central, um evento histórico do qual tive a honra de participar: Oficina de Trabalho: Critérios e Priorização para a Criação de Unidades de Conservação Federais. A oficina foi realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com apoio institucional, técnico e financeiro do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de diversos parceiros.
Em minha trajetória de quatro décadas como ambientalista, pela primeira vez participei de um evento promovido por uma instituição ambiental do governo federal que reuniu analistas ambientais do ICMBio, representantes de instituições universitárias, organizações não governamentais ONGs e Associações Comunitárias de Povos Tradicionais para avaliar como tema focal as atuais propostas de criação de Áreas protegidas federais.
A mentora, alma e coração deste importante evento foi Iara Vasco, Diretora de criação e manejo de unidades de conservação do ICMBio
No Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília/DF, ficamos então de certa forma isolados do mundo e imersos na abordagem de avaliação de propostas de criação de novas áreas protegidas federais nos inestimáveis biomas brasileiros.
Foram 5 dias intensamente vividos. No primeiro e no quinto dia, participamos das plenárias. Na abertura do primeiro dia, após as falas inaugurais que descreveram os objetivos da oficina, foram apresentados as oportunidades e os limites para criação de unidades de conservação. Em seguida, houve uma explanação da programação, seguida de uma sessão de debate sobre critérios, rito de criação de UC e processos em andamento.
No segundo, terceiro e quarto dia, participamos dos trabalhos em grupo, divididos entre os vários biomas brasileiros. Neste momento, os participantes identificaram os Biomas em que atuavam e, assim, os grupos com os quais poderiam colaborar melhor. Como vivi toda a minha existência no Bioma Mata Atlântica, onde desenvolvi a maioria dos meus projetos (com exceção de um projeto de agrofloresta na Rondônia nos anos 90), e nele realizei todas as minhas pesquisas acadêmicas, desde a monografia de graduação até a tese de doutorado, certamente que me inscrevi no grupo de trabalho deste bioma.
A experiência nos grupos de trabalho por Bioma foi altamente envolvente. À medida que os excelentes coordenadores do nosso grupo Mata Atlântica, analistas ambientais do ICMBio, apresentavam as diversas propostas de áreas protegidas/UCs federais para avaliar e priorizar quais as mais importantes e factíveis, pudemos nos aprofundar no conhecimento de áreas preservadas nesse valioso Bioma, considerado área prioritária para conservação no planeta.
Nas sessões em que os participantes dos vários grupos por Bioma se reuniam na plenária, pudemos tomar conhecimento das propostas de UCs avaliadas e priorizadas pelos demais colegas em seus grupos dos biomas da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal assim como dos Ecossistemas Costeiros.
Foram apresentados vídeos maravilhosos dos Biomas com um potencial fantástico para serem utilizados em programas de educação ambiental com escolas.
O Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB) em Brasília possui uma ótima infraestrutura para eventos, com auditórios para realização de plenárias e várias salas de trabalhos próximas para os trabalhos em grupos. Além disso, dispõe de hospedagem ao lado do espaço de eventos, com quartos confortáveis e compactos que proporcionam a zona de conforto necessária para o hóspede. Tão somente quisera ter tido uma vista para o Verde.
O CICB também conta com espaços gastronômicos para lanches e refeições dos painelistas dos eventos, e até mesmo para confraternizações com apresentação de músicos. Embora tenha sentido falta de um piano (sendo uma pianista amadora de música clássica e alguma bossa-nova desde os 15 anos).
No quinto e último dia da Oficina, nos dedicamos à articulação e encaminhamentos, à avaliação final e ao encerramento. Em determinado momento, houve uma apresentação coletiva e individualizada dos representantes de associações comunitárias de Povos Tradicionais, tais como quebradeiras de bicuíba da Rondônia, Faxinais do Paraná, Quilombolas e vários outros, cujas vozes estão sendo ouvidas atualmente (Vozes que antes eram silenciadas, finalmente estão sendo ouvidas).
Na manifestação dos profissionais do ICMBio que atualmente estão se mobilizando em prol da sua carreira menos valorizada que de outros profissionais de órgãos federais, foram apresentados depoimentos contundentes e expressivos sobre a necessária valorização de carreiras no ICMBio que vêm sendo defasadas e desvalorizadas pelo Governo Federal. “Somos apaixonados por nossas carreiras, mas pedimos nada mais, nada menos do que reconhecimento por conservarmos a Biodiversidade Brasileira”.
Se fosse possível voltar no tempo e reviver meu passado recente, gostaria de participar novamente da Oficina. Dessa vez, me concentraria ainda mais nas plenárias e nas sessões dos grupos de trabalho. Aproveitaria melhor os contatos nas conversas informais nos intervalos para enriquecer meu conhecimento em áreas protegidas, arquitetar interações para projetos com RPPNs e contribuir ainda mais, com minha experiência de ambientalista, em prol de áreas protegidas.
Agradecimentos a Andressa Novaes pela revisão e aperfeiçoamento do texto e ao colega Alexandre Silva de Oliveira do ICMBio que me ajudou com esclarecimentos para o texto.
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