Conheci muitas coisas boas no SESC, incluindo o grande Sérgio Sampaio
Estive no final de semana passado na capital, participando a trabalho, da Expo Rio Turismo, no emblemático Jockey Clube, no Rio de Janeiro, em evento realizado pela Secretaria de Estado de Turismo (SETUR) em parceria com a TurisRio. Lá, representações dos estados divulgando seus atrativos turísticos, salão de artesanato com produtos variados, incluindo café, queijos, doces e cachaças maravilhosas. Logo na entrada um Tiranossauro Rex divulgando o ‘Parque dos Dinos’, a ser inaugurado em breve em Miguel Pereira, e muitas atrações: folclore, artistas de todas as regiões como Fernando Ott, de Casemiro de Abreu, o ótimo grupo de choro ‘Passagem de língua’, de Mendes, Jongo da Serrinha e nomes consagrados: Diogo Nogueira, Tony Garrido, Barão Vermelho. Um evento grandioso.
Havia ainda um auditório essencial do SESC/SENAC aonde eram realizadas palestras oportunas e importantes para o turismo como por exemplo a liberação do jogo e suas consequências para a atividade turística, a gastronomia e sua importância também para a atividade em questão, com a Mônica Rangel, turismo social, turismo virtual e tantas outras. Assisti algumas poucas pois não podia ficar muito longe do nosso estande da região das Agulhas Negras. E em meio a tantas atividades diversificadas que aconteciam paralelamente, intimamente tendi a valorizar a importância das instituições que enriqueceram um evento desse porte. Como o SESC, responsável por muitos desses papos incríveis.
Gosto do SESC e lamento Resende não ter um. Barra Mansa, cidade vizinha tem o um com uma sede belíssima, junto ao rio. Os SESCs de São Paulo são fortíssimos. Já assisti ótimos shows no SESC Pompéia. Tenho uma afinidade antiga com essa instituição, que de certa forma é responsável pelo meu envolvimento com as palavras. Meu ofício. Começou assim: certo dia, na distante juventude, ao chegar no balcão de uma drogaria, o atendente conhecido, depois de me servir indagou se eu conhecia algum bobo que escrevesse poesia. Uma centelha iluminou meu interior. E num reflexo respondi: “eu faço, por que?” Ele meio sem jeito disse que a namorada participaria de um concurso de poesia promovido pelo SESC e queria divulgar a competição. Até aquele dia eu não acreditava que meus desabafos no velho caderno em espiral, poderiam ser considerados poesia. Mas ao ouvir a indagação do atendente, tive certeza que eram poemas aquelas mal traçadas linhas. Na mesma noite peguei um texto intitulado ‘Para Martin Luther King’ que escrevera em homenagem ao líder negro, dei umas polidas e dias depois, o inscrevi no concurso.
Na época eu fazia pré-vestibular na ADN do Meyer. Na volta costumava passar no cartório aonde meu pai trabalhava. Certa tarde ele me perguntou: “você faz poesia?”. Não entendi nada, mas disse que sim e ele contou que um amigo lera num jornal local que ele classificara um poema num concurso do SESC. Temos o mesmo nome e o amigo não reparara no meu ‘Junior’. Eu tinha esquecido do concurso que já acontecera e eu ficara em segundo lugar. Pelo regulamento, os dois primeiros colocados participavam da final em Niterói junto aos demais classificados nas cidades onde havia SESC. A final também já tinha acontecido. Três anos depois tirei outro segundo lugar. Dessa vez acompanhei o concurso e fui para a final em Niterói. Nada. Mas valeu.
O SESC de Nova Iguaçu daquele tempo, era acanhado. Não tem comparação com as grandiosas instalações da sede atual, na margem da Via Dutra, sentido Rio. Num certo sábado, haveria um show, no salão da instituição e eu fui enviado para entrevistar o cantor, Sérgio Sampaio, autor de ‘Eu quero é botar meu bloco na rua’, grande sucesso de uma edição recente do Festival Internacional da Canção. Fiquei entusiasmado e apreensivo por não saber como seria recebido. Cheguei e me pediram para esperar numa sala próxima. Ele não demorou. Franzino, cabelos longos, sorridente e com a garrafa de um whisky ordinário na mão. Perguntou se me incomodaria ele tomar uns tragos durante a conversa, eu disse que não. Até aceitei umas poucas doses. Ele tomou muitas doses daquela porcaria, cuja produção certamente, passou a anos luz da mais modesta das destilarias escocesas.
Eu já admirava o artista e gostei imensamente do cidadão. No papo fiquei sabendo que o autor do sucesso que estourava nas rádios naqueles dias, ‘Cala a boca Zebedeu’, o maestro capixaba Raul Sampaio, era seu pai. Sérgio Sampaio foi amigo de Raul Seixas, de Xangai e chegou ser considerado um dos malditos da MPB. Sua biografia é ampla. Em 1994, antes de lançar um programado disco com músicas inéditas, morreu de pancreatite. Foi botar seu bloco na rua de alguma outra dimensão. Grande abraço, Sérgio.
“Hoje está passando um filme de terror Na sessão das dez, um filme de terror Tenho os olhos muito atentos E os ouvidos bem abertos Quem sair de casa agora Deixe os filhos com os vizinhos” (Filme de Terror-Sérgio Sampaio)
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