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Foto do escritorLais Amaral Jr.

Coisas que acontecem no ponto maior do mapa.


Era um bar amplo e naquela altura tinha poucas mesas ocupadas. Nelas, os ocupantes eram senhores que tinham ao lado, e até em alguns casos, ao colo, jovens travestis. Escolhemos uma mesa próxima da saída, com visão aberta da rua. Já era dia claro e Evandro dedilhava mais uma pérola quando, num breve intervalo, dois travestis se aproximaram de nossa mesa e um deles se dirigiu ao Mariozinho, indagando, meio tímida. Mas isso já é o final dessa história.

A Lapa sempre foi mítica aos meus ouvidos e isso desde muito cedo. Em criança ouvia os mais velhos falarem dela, era cantada em versos que ecoavam pelos rádios de casa, da casa de minha avó, da minha tia (Lapa, minha Lapa boêmia / A lua só vai pra casa / Depois do sol raiar). Até certa vez eu ouvi minha mãe espraguejar contra meu pai sobre uma suposta amante dele: "você tem uma vagabunda da Lapa, seu cretino!".


Passei a frequentar mais fielmente o bairro boêmio, depois do seu mais recente renascimento, com a música sempre puxando o cordão. Antes minhas incursões se limitavam a uma ou outra ida ao Circo Voador, e com mais frequência ao Bar Brasil, ao Arco-íris. O ‘Semente’ está mais firme na memória do pontapé reinicial, e logicamente o ‘Carioca da Gema’, a meu ver, uma certeira inspiração de como o samba e os sambistas devem ser tratados.


 

Escute a Playlist - Os Grandes Mestres do Samba – Spotify

 

No ‘Carioca da Gema’ vivi noitadas maravilhosas. Curti bem de perto a nova geração de sambistas como Teresa Cristina, Nilze Carvalho, Ana Costa, Moyseis Marques, ainda nos tempos do ‘Tempero Carioca’ e depois, no voo solo. Vi Monarco e os filhos Mauro e Marquinhos. Lá fui apresentado a personagens formidáveis, como o imenso Luiz Carlos da Vila, quem já admirava a distancia e há tempos. Evandro Lima do ‘Tempero’, amigo de outros tempos, me apresentou ao saudoso e mavioso poeta da Vila da Penha.


Em algumas daquelas madrugadas, encerrada a função no ‘Carioca da Gema’, e isso era lá pelas duas e caquerada, Evandro, violão em punho, conduzia um pequeno grupo de apaixonados por música, noite e bar, para uma esticada. Algumas vezes essa esticada era logo ali no ‘Novo Capela’. Numa dessas noitadas estava presente a figura emblemática de Mariozinho Lago, que conhecera tempos antes. Lembro-me de conversas sobre o Lefê Almeida, renascimento da Lapa e alguma coisa sobre seu gigante pai, Mário Lago.


A madrugada mergulhava em seus estertores e o chope fluía tranquilo, assim como o violão do Evandro, até que os impertinentes ponteiros do relógio da casa mostraram que eram 6 horas da manhã. Hora do Capela fechar. Alguém se lembrou de um bar que ainda estaria aberto. Seguimos. E voltamos à indagação do primeiro parágrafo. O travesti perguntou ao Mariozinho:

- Não foi seu pai que fez Amélia?


Mariozinho, sem rodeios e sem a menor vaidade, respondeu que sim. As jovens voltaram às mesas mais afastadas e a que perguntou sublinhou: "Viu? Não te falei?!". Deu pra ouvir.


Mariozinho pode até não recordar e certamente nem se lembra de mim. Tem tempo que não o vejo. Mas foi ele quem motivou a breve e, possivelmente corriqueira ocorrência. Gostei de poder imaginar uma possível satisfação dele em testemunhar o reconhecimento do valor de seu pai junto à alma do povo. E Mariozinho conhece bem sobre essa espécie quase invisível que é o compositor. Mas não Mário Lago que tem a altura das exceções. Alguém que mergulhou fundo nas pessoas. Seja ela ou não uma mulher de verdade. E isso tinha que ocorrer na Lapa, o ponto maior do mapa, já cantou outro nobre compositor.



Mário Lago, Homem do Século XX, na Cedro Rosa.


 

Artistas e projetos que fazem a Cedro Rosa


Evandro Lima canta "Dança da Porta-Bandeira", parceria com Lais Amaral Jr.



40 Anos do Clube do Samba - CD / Filme



 


Lazir Sinval, do Jongo da Serrinha, na Cedro Rosa


 

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Playlists

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Bossa Nova / Spotify

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