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CARTA AO AMIGO DO ALHEIO


Carlos Alberto Afonso TOCA


Rio de Janeiro, 28 de Junho de 2021.


Fotos : 1) INAUGURAÇÃO DA SEDE TOCA EM 1995

2) EM ATIVIDADE MUSICAL NA CALÇADA, O TOQUEIRO DANÇA COM A SAUDOSA JUJU



Ilmo.Sr. Ladrão, esperando que compreenda as razões desta intervenção, antecipo-me em - apesar de meu pesar - estimar-lhe encontrar tão saudável quanto provou estar no exercício da atividade cuja realização é o lamentável objeto desta carta.

Abro mão de auto-apresentação, na presunção de que, haverá Va.Sa. de conhecer-me, o que as práticas do sondar e do espreitar– em geral – presenças e/ou ausências – possibilitam. E, neste particular, não lhe nego o mérito.

Finalmente, encerro a presente introdução pela plena consciência de que Va.Sa. terá mais o que fazer.


Dói-nos o furto do Letreiro da livraria de MÚSICA que fundei, ainda na alvorada dos anos 90, com o objetivo de, nela, termos um instrumento adequado e ágil para a promoção do contato entre, de um lado, a LINGUAGEM MUSICAL e de outro lado, a CONSCIÊNCIA VOCACIONAL de POTENCIAIS MÚSICOS LOCAIS, para quem o exercício profissional da MÚSICA, certamente, resultaria, resulta e resultará sempre, em meio eficaz, não apenas para o prazer estético, mas, mais, muito mais além, para a PRODUÇÃO, ou seja, para o TRABALHO. E – como estou certo desta sua consciência – a PRODUÇÃO É CONDIÇÃO SEM A QUAL A SOCIEDADE NÃO SERIA POSSÍVEL. E ainda, senhor amigo-do-alheio, considerando que, nossa SOCIEDADE – a brasileira mais particularmente – em seu leque de aptidões e preferências é, em grande parte, vocacionada para a MÚSICA e para os ESPORTES e que, ainda, os nossos segmentos mais populares consagram a um e a outro grandes fatias de suas paixões, trago a convicção de que resta-nos, a nós, Educadores, e a nós, que, além de nos dedicarmos à EDUCAÇÃO, somos, também, profissionais de ENSINO – ou de JORNALISMO – atividades que compõem o MUNDO DA COMUNICAÇÃO que é o grande motor da relação interativa HOMEM-CULTURA (hábitos, valores, etc), interação esta – é o processo EDUCAÇÃO – que acrescenta HUMANIDADE à compleição biológica que somos ao nascer. E concluo, senhor ladrão, que conhecedores destas verdades e proponentes desta CAUSA, cabe-nos estimular ao máximo possível OS CONTATOS ENTRE TAIS LINGUAGENS : de um lado, a LINGUAGEM DA ATIVIDADE PRODUTIVA : em nossa opção de contribuição, a MÚSICA. E, de outro lado, a VOCAÇÃO PARA A MÚSICA, ainda em estado de inconsciência no HOMEM, seja em que faixa etária estiver inserido, pois nunca é cedo demais para começarmos este trabalho e nunca é suficientemente tarde para interrompermos.


Assim, este lugar, que muitos órgãos de comunicação nacionais e internacionais já classificaram como um TEMPLO, realmente o é. Não exatamente por nossa reverência, mas, fundamentalmente por quem compõe o nosso altar : A SOCIEDADE, A PRODUÇÃO e a MÚSICA.


Escrevesse-lhe eu, horas a fio, ainda assim, estaríamos muito longe de biografarmos a caminhada efetiva da TOCA DO VINICIUS, considerando as etapas da fecundação, da gestação e da existência. Mas, sem dúvida alguma, estes últimos 25 anos de trabalhos sediados na RUA VINICIUS DE MORAES 129 C, em IPANEMA, mais tarde, quando a TOCA completar cinquentenário, serão considerados o núcleo cronológico do Projeto. E posso entender – e, até mesmo, compreender – que nada disto tenha a ver com o que sensibiliza Va.Sa., senhor ladrão.


Porque há, pelo menos 2 fatores que, pela ação presente ou pela ausência têm significado decisivo : 1- ninguém pode avaliar aquilo que não conhece. 2 – ninguém pode conhecer aquilo com que jamais teve um contato. E aqui, senhor ladrão, entra minha porção, ou melhor, minha farta porção de compreensão e, até, revolta, por constatar a AUSÊNCIA DE OPORTUNIDADES DOS SEGMENTOS MAIS POPULARES contatarem tais mundos, tais valores, tais informações. E quando chegamos a este ponto, não fora pela possibilidade do demérito – neste caso – inintencional, minha grande vontade seria pedir-lhe desculpas e render-lhe reverências, promovendo-o, em meu tratamento, de ilustríssimo senhor ladrão a EXMO. SENHOR AMIGO-DO-ALHEIO, em eufemística língua que resulta hipócrita pela impotência absoluta de referenciar os reais valores da LINGUAGEM, que se resumem na REVOLTA CONTRA AS EXCLUSÕES. E – entenda-me bem – como eu poderia estar aqui julgando alguém que já fora condenado desde o ventre materno, antes de nascer ? Não tenho condições morais de julgá-lo Exmo. Sr. Amigo-do-Alheio. Por outro lado, entretanto, asseguro-lhe reunir condições plenas para a PONDERAÇÃO.


Em Julho de 1995, Amigo Ladrão, exatamente no domingo 9, inauguramos a sede que com muito sacrifício alugáramos em 11 de Abril anterior. O Amigo Ladrão não tem idéia da energia somada entre o jovem casal – minha mulher e eu – e os 3 filhos, ainda meninos, somando-nos e produzindo como se fossemos 20 e não apenas 5. E como resultado, recebemos dos meios de comunicação – faça-se justiça – farta e qualificada divulgação. Bem como, recebemos da classe artística a mais expressiva de suas possíveis contribuições : suas apresentações em nosso pequeno teatro do 2º piso. E, durante uma semana inteira, interagimos com irmãos e irmãs, a maioria dos quais não conhecíamos, mas, ali, pela força do momento, passamos a conhecer e ser conhecidos e a caminhar de braços e mãos dadas como uma FAMÍLIA ÚNICA : A FAMÍLIA TOCA DO VINICIUS. E este sentimento é apenas – creia – a síntese do resumo do sumário. O PATRIMÔNIO MAIOR ESTÁ VIVO, COM SANGUE CORRENDO NAS VEIAS, CORAÇÃO BATENDO, PULMÕES RESPIRANDO... O PATRIMÔNIO MAIOR SOMOS NÓS. JUNTOS !!!


Aquele LETREIRO QUE ESTAVA SOBRE A FACHADA do ESPAÇO QUE OCUPAMOS DURANTE ESTES 25 ANOS, humanizou-se. Sua matéria – a madeira – não deixou de ser a mesma. Aquele LETREIRO, SENHOR LADRÃO, não perdeu nada, nada, nada de sua substância. O processo fenomenal foi o movimento inverso : NÓS, SERES HUMANOS, AGREGAMOS À MADEIRA DO LETREIRO. E CADA PEDACINHO DAQUELE LETREIRO, ladrão amigo, é UM PEDAÇO DE NÓS e, em certos casos, É UM DE NÓS INTEIRINHO. E ASSIM É COM A VITRINE, COM O CHÃO, COM AS PAREDES e com cada centímetro quadrado do espaço. O LADRÃO AMIGO PODE TER CERTEZA DE QUE AS ÚNICAS COISAS RUINS QUE TEMOS ALI, NÃO CHEGAM AOS PÉS DA POEIRA DO CHÃO, NÃO ALCANÇAM AO MENOS A ALTURA DO RODA-PÉ.


E isto fica por conta da mediocridade, esta inevitável figura que, desgraçadamente se apossa de tantos semelhantes pela ambição desmedida, pela perversidade, pela inveja e por algumas outras doenças que não são contemporâneas ao ventre materno : só apareceram à luz. E é claro, que tanto quanto ao Senhor ladrão , muito compadecemos. Não, entretanto, sem ressalvas : O EXMO. SR. LADRÃO, PRECISOU TRAIR O PACTO PARA PODER COMER, mas os exemplos daqueles estão abaixo – bem abaixo – do amigo LADRÃO, pois jamais deixaram de ter o que comer, mas sobrou-lhes a ambição de comer a comida do outro, de ver a grama do vizinho mais verde do que a sua e de roubar de outra forma, com outra roupa, com outros instrumentos e, até mesmo, não raro, com algum saber honesto.


Preciso tentar fazer o AMIGO LADRÃO entender que, apesar de nenhum de nós precisar do LETREIRO para COMER, nós podemos, até entender, que o ilustre AMIGO-DO-ALHEIO, em sua visão, apenas tirou de uma parede de uma loja fechada alguma coisa que poderia render-lhe alguma outra e que, afinal de contas, ali, onde estava, não estava servindo a nada. E ESTA VISÃO PRÁTICA SERIA PERFEITA se NÃO EMERGISSE À FLOR DA PELE DAQUILO POR QUE TEMOS DADO A VIDA : A FIGURA DA IMATERIALIDADE. AQUELE LETREIRO, SENHOR LADRÃO, NÃO É FUNDAMENTAL PELO QUE TEM DE MATERIAL, MAS, EXATAMENTE, PELA CARGA DE IMATERIALIDADE, ANÁLISE QUE VAMOS ESTENDER AO PRÓPRIO LUGAR EM QUE O SENHOR FOI BUSCAR ESTA PEÇA QUE NÃO LHE PERTENCE, SEM TER A MENOR NOÇÃO DE QUE ESTE PEDAÇO DE MADEIRA PODERIA REPRESENTAR ALGUMA COISA E MUITO MENOS PODERIA ESPERAR DE QUE ESTA ALGUMA COISA QUE O PEDAÇO DE MADEIRA REPRESENTA É DO TAMANHO EXATO QUE CADA UM LHE ATRIBUI. EU, UM VELHO PROFESSOR APOSENTADO, UM VELHO MILITANTE E GUERRILHEIRO URBANO, VI UM PERSONAGEM DOS ÚLTIMOS 25 ANOS DE AMANTÍSSIMO TRABALHO, ser levado dali impiedosamente.


MAS....MEUS OLHOS SECARAM DE REPENTE. EIS QUE POR UMA FOTO QUE RECEBI DE AMIGO, FOTO EM QUE O ILUSTRE LADRÃO ESTÁ NA CALÇADA COM O PRODUTO DO ROUBO AO LADO, EM PÚBLICO. Estaria aguardando um receptador ?? Não sei, mas estava à luz do dia. E VEIO-ME A CABEÇA A FORTE ESPERANÇA DE QUE O LADRÃO PODERIA NÃO TER CONSCIÊNCIA DE QUE O ESTAVA SENDO. QUEM SABE ?


Vamos ver o que acontece. Em 9 de Julho próximo, aquela SEDE da TOCA DO VINICIUS completará 26 ANOS de ininterruptas atividades, sendo, apenas uma..... PEQUENA EDITORA-LIVRARIA. Não há exemplo similar ou próximo na adjacência. VAMOS SEGUIR EM NOSSAS LUTAS. E VAMOS LUTAR PELO RECONHECIMENTO DE NOSSO DEVIDO PONTO COMERCIAL, POIS A TOCA CONTINUARÁ VIRTUALMENTE, COM A MESMA PERSONALIDADE JURÍDICA, COM O MESMO DONO e com toda a herança de compromissos devidamente quitados, incluindo, se possível, alguma quitação de compromisso social. Quem sabe – afinal de contas – se o LADRÃO DO LETREIRO NÃO O ROUBOU POR AMOR ??? Eu não duvido. Pagarei para ver. E, rsrsrssrsr dou por encerrada a “presente introdução “.


Em tempo, convido-os para, a partir da próxima segunda-feira, 5 de Julho, revermos, aqui, pela CRIATIVOS, a história linda (se me permite) da Casa da Bossa Nova – TOCA do VINICIUS.


Carlos Alberto Afonso Toca para CRIATIVOS, em 28 de Junho de 2021.



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