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Aventuras e caos (não “causos”) na América Latina



Entre a tão sonhada reserva e a viagem corporal para Peru, Chile e Bolívia, o comentário do amigo Leo V. a propósito do malfadado golpe em Arce nos idos de junho/24: “não desmarque a viagem; em todo caso, na Bolívia dá tempo de uns dois golpes até a sua ida”. Parti em 15 de julho.


Minha enorme curiosidade sobre os Estados Plurinacionais, reconhecidos em constituição pelos três países, não seria satisfeita em Lima, uma metrópole como tantas, com suas belezas e tristezas e um trânsito que expõe as agruras do país carente de investimentos solidários (ou menos imperialistas, ‘multilaterais’ e criadores de dívidas impagáveis), ao mesmo tempo que tenta não sucumbir à ordem mundial. 


O metrô local é como o de Belo Horizonte: uma pequena linha que leva nada a lugar nenhum, causando engarrafamentos intermináveis a qualquer hora.


A chegada a Cusco, além da ressaca que não passa devido à altitude, me trouxe uma cultura profunda e natural aos povos andinos. Como nos filmes, as pequenas mulheres se vestem coloridas, rodadas e de tranças até a cintura nos seus afazeres cotidianos; crianças às costas embrulhadas e protegidas às vezes substituídas por preciosas ‘mercancias’.


Homenzinhos, também morenos e de olhos orientais em suas sandálias de sola grossa e tiras de couro, acorrem em passinhos apressados com seus burricos de produtos locais ou a socorro de gringos desmaiantes, como foi o meu caso. Todos sem meias, seus pés empoeirados se confundindo com a terra solta a temperaturas negativas. Em comum-união (ou comunhão), seus bens, seus ganhos, seus cuidados, e a Wiphala a representa-los: a bandeira do Estado Plurinacional ganha sentido.


A beleza e a extensão antropológica de Machu Picchu e Ollantaytambo merecem aqui mais uma referência entre as milhares já feitas. Me resta, talvez, um registro mais recente sobre o aparecimento da Montanha de Sete Cores em 2015 devido ao descongelamento fruto do aquecimento global. Particularmente, preferia que estivesse ainda coberta de neve, privando nossos olhos de sua beleza.


A não tão rápida quanto eu desejava passagem por Santiago, Chile, me afronta novamente com o velho e ruim Estado Liberal. De um lado, a caríssima Sanhattan (isso mesmo, a ‘Manhattan’ local) de arranha-céus e, desculpem, a ridícula ‘Embajada de los Estados Unidos’ em forma de fortaleza; de outro, milhares de habitações sociais construídas a toque de caixa e com baixa qualidade por Bachelet para abrigar os desabrigados pelo ‘mercado’, ou a triste decadência da região central, onde lojas de armas em fileira convivem com uma maioria de imóveis fechados e transeuntes empobrecidos – e ninguém reparou que “tava lá um corpo estendido no chão”, sem uma foto de um gol, anel, perfume barato – apenas um velho mendigo vítima do frio intenso que dois policiais velavam à espera do rabecão.


Nesses termos e tempos, a próxima parada - La Paz, me acolheu com sua simplicidade andina como um bairro onde a gente nasceu: a pracinha, a farmácia, a sorveteria, a avenida em que, para meu deleite, desfilavam como balizas do 7 de setembro jovens na festa anual da Entrada Universitária. Teleféricos balançam pelos céus as cores da Wiphala, símbolo presente em todas representações governamentais ao lado da tradicional bandeira Boliviana. Entre uma cor e outra, a linha amarela é a que nos leva a El Alto, comunidade periférica onde Freddy Mamani se intitulou arquiteto e deu lugar, não sem o exagero próprio dos ascendentes, a uma arquitetura espetaculosa que reverencia raízes andinas; seus ‘chaletos’ são verdadeiras casas com terraços em que os novos-ricos daquele bairro-favela fazem seu churrasquinho dominical na altura do quinto andar. Abaixo, o primeiro andar comercial, o segundo com salão de festas para aluguel, e ainda o terceiro e quarto andares com apartamentos tipo Airbnb.

Os El-Alteños se veem representados por um objetivo, um status que não lhes é negado.


Doze horas no imponente ônibus turístico, uma van mal conservada pelo jovem motorista da pequena cidade de Uiyuni e nossa também jovem guia Lilian nos levam ao maior e mais alto deserto salar do planeta, cujo subsolo guarda 70% do lítio mundial, muito nióbio e o borato de sódio que salta na superfície dos lagos adjacentes.


A imensidão branca e as águas absurdamente coloridas pelos minerais só são contrariados pela pobreza das vilas, a carência de variedade alimentar e a escancarada dificuldade de um país que escolheu comunalmente não se curvar ao capital mundial.


Comparar esse universo natural e político ao vendidíssimo Chile é inevitável. Os passeios, a 3800 metros ou mais, terminam com a lama que ferve nos gêiseres soltando fumaça e puns ao nascer do sol.


“Da lama ao caos”: o simples retorno do Salar de Uyuni à vila de mesmo nome, torna-se uma aventura com o aviso de que não havia mais possibilidades de voltar a La Paz por via terrestre e com a surpresa da falta de gasolina. Na van (parada no meio da estrada) e no país: como os caminhoneiros de 2018 no Brasil, os transporteiros bolivianos, impulsionados pela extrema direita, entraram em greve para pressionar o presidente a uma saída urgente ao gosto dos ‘revoltosos’ ou talvez a renúncia, numa espécie de golpe branco 5G, como convém ao século XXI.


Saímos corridos pelas estradas de terra para Calama, porta de entrada do Atacama, onde há um aeroporto. Dali e à custa de uns bons vinténs, voaríamos para Santiago e Guarulhos. A travessia gelada por 8 horas, o horizonte desértico vizinho ao Atacama e o protocolo de imigração terrestre (que hoje exibe fotos constrangedoras de mulheres “mulas”) me trouxeram à mente nossos bravos de 68, enquanto a chegada ao Chile parecia a certeza civilizacional do retorno ao mundo do capital e suas ‘facilidades’. 


Uma tempestade nunca vista assola a capital Chilena cancelando todos os voos, o que abre negociações quase mímicas para a hospedagem, novo voo e novas conexões para a volta ao Brasil. 


Montanha das 7 cores_Lucia Capanema

Como o sofrimento de quem tem o dedinho do pé pisado, nosso caos particular nos parecia enorme; mas holisticamente se alinhava de forma temporal ao verdadeiro caos da Bolívia, cujo altivo e periférico povo finca seus pés no chão e resiste em sua imposta escassez às desigualdades, aos ataques do centro imperial e às veleidades de sua pequena mas sempre voraz elite; e aos caos chileno, que em seu grande engano liberal, segue aniquilando sua cultura enquanto se entrega a Manhattan e tem num episódio climático quase portoalegrense a estampa de um rei que está nu. 


A tempestade na ‘hype’ Santiago e o triste espetáculo colorido da montanha recém descongelada a 5200 mts se conectam tanto na inversão da Pachamama quanto no desvelamento de um caos programado (e de péssimas intenções) que segue açoitando nossa América Latina, verdadeira inventora da modernidade que a Europa tomou para si. 


Viva Pachacútec, símbolo Inca, vivam as mulheres e homens que resistem na comonalidade representada pela Wiphala. E, porque não, abaixo os Yankees. São os votos do pequeno caos egocentrado que termina na noite de sábado, 03/08.

 

Já em Guarulhos, emitindo vouchers de Uber e hotel em Tatuapé enquanto marcava o voo que finalmente me levaria ao saudoso Rio na manhã de domingo, o atendente da Latam pergunta acerca das bagagens: “A senhora fez despacho de alguma coisa?”


- Não, amigo, despacho eu só faço na encruzilhada...


 Inovação em Filmes e Séries Musicais



A Cedro Rosa Digital tem se destacado como uma força inovadora na produção de filmes e séries musicais, aproveitando os incentivos da Agência Nacional do Cinema (ANCINE) para promover projetos que valorizam a cultura musical brasileira. Entre os projetos mais notáveis estão "+40 Anos do Clube do Samba", "Partideiros 2" e a minissérie "História da Música Brasileira na Era das Gravações". Esses projetos não só celebram a rica tradição musical do Brasil, mas também geram empregos e renda para centenas de profissionais da indústria criativa.


Projetos Destacados

  • +40 Anos do Clube do Samba: Em co-produção com a TV Cultura de São Paulo, este filme celebra mais de quatro décadas de um dos movimentos mais influentes do samba, reunindo depoimentos e apresentações de grandes nomes que ajudaram a moldar o gênero.



COMO APOIAR!

( qualquer valor )


Depósito direto na Conta do Projeto + 40 ANOS DO CLUBE DO SAMBA

Banco do Brasil - Banco: 001 - agência: 0287-9

conta corrente: 54047-1

PLAY PARTICIPAÇÕES E COMUNICAÇÕES LTDA - CEDRO ROSA

CNPJ: 07.855.726/0001-55


Conta OFICIAL verificada pela ANCINE.

Informe pela e-mail os dados e comprovante de deposito, para emissão do recibo


  • Partideiros 2: Esta continuação do aclamado "Partideiros" explora ainda mais o universo do samba, destacando grandes nomes do gênero e novas revelações. A série oferece uma imersão profunda na cultura do samba, suas origens e seu impacto na sociedade brasileira.

  • História da Música Brasileira na Era das Gravações: Esta minissérie detalha a evolução da música brasileira desde a introdução das gravações fonográficas, oferecendo uma visão abrangente e educativa sobre como a música gravada moldou a identidade cultural do país.


Patrocínios Incentivados

Empresas e indivíduos interessados em apoiar esses projetos podem fazê-lo através de patrocínios incentivados pela ANCINE, que permitem a dedução de 100% dos valores patrocinados no imposto de renda. Este mecanismo não só facilita o financiamento de projetos culturais, mas também proporciona benefícios fiscais significativos para os patrocinadores.


Certificação e Distribuição Musical: Garantindo Direitos Autorais


Além de sua atuação na produção audiovisual, a Cedro Rosa Digital tem se destacado no campo da certificação e distribuição musical. Utilizando tecnologias avançadas e uma rede global, a Cedro Rosa assegura que os criadores tenham suas obras registradas e recebam os devidos direitos autorais, independentemente de onde suas músicas sejam tocadas.


Impacto Global

A Cedro Rosa Digital certifica e distribui internacionalmente obras e gravações musicais, garantindo que compositores independentes de todo o mundo possam monetizar suas criações. Esta abordagem inovadora tem ajudado inúmeros artistas a receberem royalties e direitos autorais, fomentando um ambiente onde a criatividade é devidamente recompensada.


Contribuição para a Economia Criativa

A atuação da Cedro Rosa na certificação e distribuição musical não só beneficia os artistas, mas também contribui significativamente para a economia criativa. Ao garantir que os criadores sejam remunerados, a empresa promove um ciclo sustentável de produção cultural, incentivando novos talentos e a contínua criação de conteúdos originais.



A Cedro Rosa Digital, com sua dupla atuação na produção audiovisual e na certificação musical, emerge como um pilar fundamental na promoção e preservação da cultura musical brasileira. Seus projetos incentivados pela ANCINE não só celebram a rica tradição musical do Brasil, mas também oferecem uma plataforma para que novos talentos sejam reconhecidos e recompensados globalmente. Ao combinar inovação tecnológica com uma profunda apreciação pela cultura, a Cedro Rosa Digital continua a liderar o caminho para um futuro onde a criatividade é valorizada e sustentada.

          

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