As ciências são sempre exatas?
Na Grécia Clássica foi efetuada a primeira grande proposição de segmentar os diferentes campos do conhecimento humano, com a criação de diversas metodologias para identificar conceitos e verdades. Cedo se distinguiu a divisão entre a filosofia dita pura e a filosofia natural.
A filosofia natural, focada em uma intensa investigação dos fenômenos da natureza, como botânica, zoologia, mineralogia, sempre procurou amparar seus estudos em medidas, o que levou a um notável desenvolvimento da matemática, de certa forma considerada a linguagem da ciência.
A palavra ciência, aliás, que vem do latim scientia, significa conhecimento, mas só adquiriu a atual conotação no século XVIII. Naquele século vivia-se o esplendor da época que veio a ser denominada revolução científica, onde a maior obra de filosofia revolucionária quanto à explicação de tudo que funcionava no universo era “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”, de Isaac Newton, publicada ainda no fim do século XVII.
Desde então, a associação entre exatidão, verdade e matemática cresceu, e no século XIX foi estendida ao campo dos estudos sociais, que passaram a incluir a sociologia e a economia. Augusto Comte e Karl Marx foram expoentes nessa cientificação dos estudos no campo social.
O que sucede hoje em dia é que tanto a sociologia, hoje chamada de ciências sociais, como a economia, hoje considerada uma ciência comportamental, não são passíveis das certezas de outros fenômenos físicos. Elas se beneficiam do desenvolvimento de segmentos da matemática, denominados teoria das probabilidades.
Os alunos que prestam vestibular sabem bem do que falo, pois precisam optar em algum momento da sua vida escolar entre a área de Exatas e de Humanas. Humanas porque dependendo de comportamentos e impulsos de pessoas e grupos guardarão sempre um grau de incerteza, como se vê no resultado das pesquisas eleitorais.
Essa é a beleza das ciências humanas, a eterna dependência do livre arbítrio das pessoas, o dom divino que melhor as caracteriza.
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