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Foto do escritorJosé Luiz Alquéres

AS CIDADES DOS HOMENS




Eximindo Deus de qualquer responsabilidade em relação à queda de Roma frente aos bárbaros, Santo Agostinho, no fim do 3o século DC , deixou bem claro que cabe aos homens fazer das suas cidades o que são. Deus cuida da cidade celestial. Mas não deixou de registrar: nas dos homens tudo é pecado, tudo é desastre.


Em meados do século XVII a França, um país então riquíssimo, constatando a inviabilidade da vida política em Paris, criou em uma pequena cidade próxima, em torno de um magnífico palácio, que deveria ser a imagem de uma sociedade refinada e culta, vitrine da sofisticação..


Nascia Versalhes com um plano urbano onde convergiam para o enorme palácio três grandes avenidas, em torno do qual estabeleceu-se não apenas um modelo de poder, mas um modelo de sociedade. Consciente do perigo de fracionamento da unidade nacional, pela ação dos vários e poderosos ducados e condados, herdeiros dos antigos feudos medievais, o Rei Luiz XIV, encarnou com perfeição o seu papel de Roi Soleil - astro maior desta constelação de notáveis e poderosos, longe da qual não haveria poder nem vida inteligente. Havia que enfraquecer as revoltas de cunho regional que proliferavam, como a Fronda, que questionava o poder central. Entretendo esta nobreza de base territorial com festas, intrigas, divertimento e empreendimentos variados, que viviam ao sabor das graças do soberano, ele enfraqueceu as lideranças regionais mantidas a seu pé, e deu um forte passo em direção a França autocrata do - L `Etat c´ést moi. A experiência descambou para o deboche e corrupção generalizada, além do afastamento do povo. Cerca de 150 anos depois caiam Versalhes e a Monarquia.


A ilha da fantasia de Versailles, ganhou logo seus críticos, de tal maneira era a artificial a vida ali levada, celebrada como o triunfo da mondanité, a vida da mundanidade, uma espécie de sofisticação globalizante, em contraposição à vida medíocre e paroquial das províncias e a pobreza acintosa crescente. Ali reinava mesmo a falsidade tentando se disfarçar sob o véu da hipocrisia, como bem disse La Rochefoucauld, um acerbo crítico: A hipocrisia é o tributo que o vício paga à virtude.


Pouco mais de 150 anos depois da queda de Versalhes, imbuídos naqueles ideais criativos - abandono do velho, das disputas entre Estados, da visão curta - e a exemplo do que ao longo da história São Petersburgo, Versalhes, Washington e outras cidades planejadas se propuseram, resolvemos construir Brasilia. No planalto central, centro de gravidade do país, surgiria uma cidade exemplar, sediando os poderes da República, exemplo de um novo tempo.


Pouco mais de 50 anos o sonho se mostrou pesadelo. A visão geral é de um circo onde palhaços hipócritas - com raras exceções- se movem buscando audiência televisiva entre sessões do Supremo e sessões do Congresso, fazendo de suas corruptas vidas atrações que se sucedem e são divulgadas para todo Brasil. Bobos da corte se esmeram em ditos espirituosos. Julgamentos de fancaria se sucedem numa farsa interminável. Ladrões e assassinos , mutuamente se tratando de Vossas Excelências, se prestam a perniciosos exemplos, enquanto tramam a distribuição de sinecuras para amantes e favoritos. Uma Versalhes pelintra...


O palco, a cidade, é bem preparada para isso. Diziam que seu plano era inspirado numa cruz ou em asas abertas de um avião - a asa norte e asa sul. Na interseção das duas uma longa esplanada de rala vegetação, abriga renque de edifícios ministeriais em ambos os lados - um tributo urbanístico à burocracia. Mas acabou parecendo mesmo não asas , mas uma vista aérea de de pernas abertas, onde no baixo ventre, entre cúpulas ovóides ergue-se, qual falo perdido na imensidão e de produção estéril, o edifício do Congresso, palco das maiores iniquidades e estúdio de TV da ópera bufa que vivemos nestes tempos.



 

Café musical - Ouça.

 


Brasília é a representação urbana da tentativa de esvaziamento do federalismo incipiente que a nossa república quis implantar sob a liderança de mineiros e paulistas, mas cedo derrotada avassaladoramente pelo positivismo e depois pelo centralismo getulista e de seus sucessores militaristas e corporativistas, ressurretos no hibridismo bolsonarista- centrão, onde se cooptam duas tendências opostas, para a partilha da nação entre seus pequenos interesses..


Bem discursou Ruy Barbosa na sua campanha civilista, ele um federalista. Bem escreveu Golbery sobre as sístoles e diástoles da nossa política. Ou Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, sobre a necessidade de construção de novas formas de representação numa sociedade em rede. Parece que nada adiantou. Como povo não chegamos à conclusão alguma e iremos viver, quais cristãos abandonados numa grande arena, ao sabor dos ataques de feras que nos procuram estraçalhar, feras nem ao menos leões, mas hienas e ratazanas famintas.


Teremos que esperar 19 séculos, a exemplo do movimento sionista, para lutar por um espaço ao sol e formar uma sociedade igualitária? Será que precisaremos passar por tanto sofrimento para chegar a um mínimo de vida digna?



 

Música.





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