Eu era ainda um pouco verde nas páginas do Samba quando me vi pela primeira vez diante de um monumento da Cultura popular, o senhor Aniceto de Menezes e Silva Junior. O Mestre Aniceto do Império. Isso aconteceu em meados dos anos 80, em Nova Iguaçu. Eu, o jornalista Enock Cavalcati e o saudoso amigo Adalberto Cantalice dividíamos a edição do caderno de cultura do semanário ‘Correio da Lavoura’, a mais antiga e tradicional publicação da cidade, tocada pelo Robson Azeredo, um sujeito sério, bem informado, que era a cara do Nei Lopes e que, infelizmente, também partiu antes do combinado.
Ficamos sabendo por um amigo da turma, Paulo Ricardo, que Aniceto estava morando em nova Iguaçu. Eu fui o designado para entrevistar o homem. O próprio Paulo fez a mediação. No dia marcado, uma manhã de sábado, lá fomos nós, eu e Paulo à casa do partideiro. Aniceto estava morando numa casa próximo ao Colégio Municipal Monteiro Lobato, onde eu fizera o científico, o que correspondia ao hoje Ensino Secundário.
Naqueles poucos anos de jornalismo eu já entrevistara gente de peso, como Leonel Brizola, Wladimir Palmeira, o escritor marginal, Antônio Fraga. Mas foi diante do velho Mestre Aniceto, que me senti inseguro. Na época eu me informava muito mais sobre Política e Literatura do que sobre o Samba. Embora me identificasse totalmente com o gênero eu não tinha a substancial vivencia das suas raízes. Aniceto periodicamente recebia em sua casa muitos bambas para uns pagodes de responsa. Celebridades do meio que o visitavam como a render justas homenagens ao Mestre, que já não estava com uma saúde tão sólida. Inclusive já tinha sérios problemas de visão.
Roda de Samba com os Grandes Mestres - Escute aqui!
No mais, eu sabia o que todos sabiam sobre a importância daquele preto velho para o nosso gênero musical mais genuíno. Durante o papo fiquei sabendo, que além de mestre fundamental do Partido Alto e sindicalista respeitado, também foi orador oficial do Império Serrano. A conversa fluía até com certa descontração, mas sempre com alguma distância regulamentar nas intimidades. Aniceto não dava muito espaço de aproximação e não era de jogar conversa fora. Sempre objetivo e direto em suas falas, o homem era bom em se comunicar. Também não era de franquear sorrisos. Pelo menos diante de estranhos.
E o papo rolou sem maiores problemas, a não ser pelo pito que ele me passou após uma observação que fiz. Um comentário supérfluo baseado em generalismos sobre o Samba. Ele me olhou do alto da velha sabedoria de anos de vida, de arte e de convívio com uma sociedade excludente e deve ter pensado: "esse garoto aí não sabe nada de samba". Me corrigiu e a entrevista seguiu. Mal sabia ele que aquele branco, meio cabeludo, estava ali menos para entrevistar do que para reverenciar a quem considerava um paradigma em carne e osso da nossa mais cara manifestação popular. Foi o primeiro Mestre Griô que conheci, embora na época desconhecesse o termo. A entrevista foi um sucesso e o suplemento muito elogiado.
Sempre aprendemos em contato com os sábios. Aprendi com Mestre Aniceto, que há momentos em que é de ouro ouvir e silenciar em vez de tagarelar. Perfeito. Neste 19 de julho faz 28 anos que ele nos deixou. Mas uma parte do que ele emanava ficou para sempre dentro de mim.
“Velho Aniceto Fundador do grande Império Quando entra no partido Ele é um caso sério” (Desaforo – Mestre Aniceto)
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O filme e disco PARTIDEIROS, foi inspirado no encontro que o produtor Tuninho Galante teve com Aniceto do Império.
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