ALEATÓRIO, ELE.

O Lalo era sui generis. E gostava de ser. Tinha investido pra ser assim. Desde muito cedo decidiu, numa roteirização bem própria e original, que seria diferente no cumprimento de regras. Teria as suas. Nada espalhafatoso, era até normalzinho, mesmo visto de perto.
A cabeça, porém, que funcionava em alta tensão e velocidade supersônica, fazia a diferença em tudo o que ele escolhera fazer. Ele era a criança que fazia os brinquedos, ainda que não se importasse muito em brincar com eles depois. Era quem definia as estratégias nos jogos, tantos nos campinhos de pelada quanto nos tabuleiros de dama ou xadrez, ainda que não fosse, ele mesmo, um craque no domínio da bola ou paciente o suficiente para longas partidas sentado diante de um oponente. Mas era um estrategista. E gostava de agir rápido. Cresceu pensando assim. Não se tornou um sucesso comercial strictu sensu, mas fez alguns negócios que lhe garantiram, num tempo de startups e influencers, um dinheirinho honesto e analógico com o qual bancava os projetos, cada vez menos convencionais.
Foi lendo coisas aleatórias que descobriu que os – respectivamente - maiores entomologista e botânico da história do Brasil eram médicos, ou seja, estudar é fundamental, mas uma vez tendo estudado, você pode fazer o que quiser, inclusive escolher! Tomou isso como referência. Gostava de biologia, especialmente de plantas e insetos, como os professores Costa Lima (AngeloMoreira da Costa Lima, 1887-1964) e Rizzini (Carlos Toledo Rizzini, 1921-1992), seus ídolos. Mas não estudaria medicina, faltava disposição. Fez as contas e decidiu cursar história e matemática.
Cursos relativamente mais curtos, a serem feitos concomitantemente e que garantiriam capacidade de discutir exatas e humanas com alguma competência. Um dos dois seria cursado numa universidade privada. Tinha lá seus preconceitos, mas não haveria de ser um problema. Preocupou-se mais com a formação em humanas e entrou numa pública. Não era um grande aluno, mas se garantia. A inquietação permanente não o impedia de fixar os conteúdos da escola nos diversos níveis.
Com a mesma nota da seleção efetuou a matricula numa grande instituição privada pra cursar matemática à noite. Decidiu dedicar esses quatro anos a isso. Tinha juntado o dinheiro que garantiria a formação. Consertou muito computador, imprimiu muita camiseta em silk screen, fotografou festinhas, vendeu e revendeu livros, roupas, fez traduções, atuou em áreas variadas, coisa típica de uma mente aberta às possibilidades todas.
Vendeu coleções de insetos e plantas para estudantes de biologia, trabalhou em levantamentos de espécies vegetais feitos por engenheiros florestais e biólogos, deu aula de reforço pra crianças e adolescentes que tinha medo de matemática e física, deu aula de redação pra gente de todas as idades contaminada com a pobreza de vocabulário que virou epidemia de uns tempos pra cá. Só não queria compromisso com CNPJ e contrato. Até os 17 anos, hora de entrar no curso superior, fez o que pôde pra juntar recursos.
Cursou sem sustos as duas carreiras. Quando se cansava do aprofundamento em escritos persas, colonização da África, Império Otomano ou civilizações pré-colombianas, se refugiava em cálculo diferencial ou análises complexas e álgebra linear. Ria quando aconteciam as raras interseções, desde as bases euclidianas da geometria até os cálculos precisos que Da Vinci utilizava na construção de seu incrível acervo de produções artísticas ou científicas. Aplicou cálculo numérico e algoritmos na na compreensão de padrões observados em catedrais góticas francesas.
Tudo muito randômico, inesperado, numa demonstração permanente de amor ao conhecimento, mas sem o foco dos grandes cientistas, reconhecidos por seu empenho na resolução de grandes enigmas ou dificuldades pontuais da humanidade. Chegou a calcular a demanda de vacinas para determinada população prioritária de uma cidade do interior, a pedido de um professor.
Saiu com os méritos devidos, as cerimônias de formatura quase coincidindo, tal qual Botafogo e Flamengo em suas jornadas de 2024 e 2019 entre Libertadores e Brasileirão.O convite para o mestrado veio sem surpresas. Mas foi educadamente rejeitado. Não sabia ainda o que faria, mas não pensava na academia. A não ser que alguma universidade estrangeira oferecesse um doutorado direto. Colocou seus préstimos aserviço de centros de pesquisa e universidades e depois de algum tempo estava, como previra, envolvido com mosquitos, gafanhotos, jacarandás e paineiras, bromélias e orquídeas, cigarras e formigas. Era um cientista quase informal, mas reconhecido. Orientava os alunos a pedido de seus verdadeiros orientadores.
Fazia conferências de história e dava consultorias. Finalmente tinha se encontrado. E o emprego, numa escola de elite, garantia o sustento e a interlocução com os mais novos.
A televisão ligada, que esqueceu de desligar quando dormiu, anunciou o plantão. Acordou assustado a tempo de ouvir que prenderam o Braga Netto.
O sonho lindo tinha durado quase a noite toda, mas a realidade, ao menos agora, parece bem melhor.
Correu pra tomar um banho, tomar um café, vestir a roupa e correr pra não se atrasar na chegada à escola. Atividade extra. Era matemático sim. Dava aulas à noite e expediente durante os dias no Banco do Brasil. Neste sábado, prova de recuperação para alguns mais dispersos. A maioria, surpreendentemente, passou bem em matemática. Isso sim, parecia sonho. O curso de história ele não terminou, mas vivia entre cansado e orgulhoso por ter visto a história passar diante dos seus olhos nos últimos anos.Algumas vezes, como agora, dentro de carros da Polícia Federal.
Falta o Capitão!!
Nada como um dia após o outro.
Rio de Janeiro, dezembro de 2024.
Certifica Som: Tecnologia para Transformar a Música Global
"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", declara Antonio Galante
A Cedro Rosa Digital, plataforma pioneira na certificação e distribuição musical, está desenvolvendo um ambicioso projeto chamado Certifica Som. A iniciativa, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), conta com apoio de instituições como EMBRAPII e SEBRAE, e reúne um time de doutores, pesquisadores e desenvolvedores de alto nível. O objetivo é claro: utilizar tecnologias como inteligência artificial e blockchain para certificar milhões de obras e gravações, beneficiando milhares de artistas em todo o mundo.
"A tecnologia deve estar a serviço do desenvolvimento e da geração de emprego, renda e inclusão, não o contrário", afirma Antonio Galante, produtor cultural e compositor conhecido no meio musical como Tuninho Galante.
Com décadas de experiência na defesa dos direitos autorais, Galante destaca um dado alarmante: entre 10% e 15% dos direitos autorais globais deixam de ser pagos devido à falta de certificação adequada das obras e gravações.
Esse problema, chamado por especialistas de "gap de certificação", gera prejuízos bilionários para a indústria musical e seus criadores. Estima-se que, apenas em 2023, mais de US$ 2 bilhões tenham ficado retidos em sociedades de arrecadação ou distribuídos incorretamente, afetando principalmente artistas independentes e pequenos produtores.
O Certifica Som busca preencher essa lacuna ao criar um sistema que documenta de forma precisa a autoria, os intérpretes e a ficha técnica das músicas. Através da tecnologia blockchain, o projeto garante um registro imutável e rastreável, essencial para a distribuição justa de royalties. Além disso, a inteligência artificial facilita a análise de grandes volumes de dados, acelerando o processo de certificação.
Crescimento Global e Inclusão
A Cedro Rosa Digital já representa artistas de cinco continentes, com um repertório que reflete a diversidade cultural do mundo. "Nosso objetivo é criar um ambiente onde todos, desde grandes produtores até músicos independentes, tenham oportunidades iguais de monetizar seus trabalhos", explica Galante.
Com sua expansão acelerada, a plataforma também fortalece o soft power brasileiro, destacando a riqueza cultural do país no cenário global. “Estamos transformando a maneira como a música é certificada e consumida, garantindo que mais pessoas possam viver de sua arte e que os direitos autorais sejam respeitados em escala internacional”, conclui o fundador.
O projeto Certifica Som é mais do que uma solução tecnológica; é um passo decisivo para democratizar o acesso a direitos autorais e tornar o mercado musical mais inclusivo e sustentável. Com iniciativas como essa, a Cedro Rosa Digital se consolida como líder em inovação no setor e defensora incansável dos criadores de música em todo o mundo.
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