A Verdadeira Aristocracia
- Eleonora Duvivier
- 14 de dez. de 2024
- 4 min de leitura

A Verdadeira Aristocracia
Quando eu morava no Rio, mamãe vivia dizendo que se tivesse a chance de escolher de novo o que ser na vida, decidiria ser surfista. Eu não conseguia entender como alguém de natureza tão intelectual quanto ela, que se formou na faculdade de sociologia no final da década de trinta- quando era praticamente a única mulher no curso- e que adorava filosofia e vivia questionando tudo, pudesse ter esse gosto por algo que, ao menos naquela época, dava a impressão de só atrair caras que pintavam o cabelo de louro e pareciam não ter nada na cabeça. Embora eu tenha sempre adorado mergulhar no mar, também não conseguia imaginar a superioridade de ter que fazer esforço pra se manter em cima de uma prancha no topo de uma onda, sobre a opção de ‘viajar’ na alma dessa onda através da contemplação.
Morei diante da praia da Barra com meu filho Christophe até ele completar quatro anos, quando então nos mudamos pros Estados Unidos. Na época em que curtíamos aquela linda praia da avenida Lucio Costa, eu via que os adolescentes do nosso condomínio eram todos surfistas e, dizia-se por ali, drogados. Nos dias em que o mar mandava ondas enormes, eu olhava o meu filhinho tão pequeno e, ao vê-las explodir com aquela a garotada rebelde se equilibrando nelas ou levando espetaculares caldos, eu já começava a pensar em me mudar de lá pra que ele não viesse a se transformar num daqueles garotos.
A vida é bem-feita. Quando nossos filhos são pequeninos, nosso instinto de proteção vê ameaça em tudo. À medida em que vão crescendo, a perspectiva vai mudando. Chris já tinha doze anos quando eu mesma o matriculei numa aula de surf. Estávamos no Brasil para que eu ficasse perto de papai, que estava no último mês de sua vida. Ele e Chris se adoravam. Para aliviar aquele clima trágico, decidi pedir “socorro” ao mar em prol de meu filho. Levei-o ao Arpoador, numa tarde em que combinamos com um cara que ensinava a surfar.
Lembro-me deste dizendo, “O ‘marzinho’ está bom hoje!”, e eu achando sua maneira de se referir ao mar super profana e auto importante. Falava de uma grandiosidade infinita como se esta fosse uma coisa para o uso dele, que era menor que um grão de areia em comparação com o tal ‘marzinho’. “Ele é um típico surfista, vê tudo em função de seu narcisismo,” pensei. Mas Chris adorou a ideia de começar a fazer surf, e eu sabia que lhe seria saudável.
O tempo passou, e assim que ele se graduou da universidade em Boulder, tratou de vir pra California. Um de seus amigos falou que tinha certeza de que ele faria isso em busca do mar. Dito e feito. Hoje, Chris não é somente surfista, mas escritor de um jornal de surf e ativista ecológico. Ele e outros unem o surf com a preservação dos oceanos, com uma filosofia de vida, e até com a arte. Chris já foi com um grupo de surfistas a um estado do Mexico (Barra California Sur) para surfar e documentar a plantação de mangues, que são parte fundamental do eco sistema.
Uma vez, Chris me disse que meditava enquanto esperava por ondas lá no meio do mar. Levou-me a pensar no azul da água e na sua transparência verde e viva. A ficha caiu. O mar é a verdadeira majestade na terra, a autoridade de ser eterno nascimento. Relacionar-se com cada onda é dialogar com o milagre do irrepetível. Diante dessa troca individual e amorosa do surfista com o mar, as competições, que levam cada um a se avaliar em relação ao que os outros conseguem, são secundarias.
Hoje, vejo que surfistas estão não só no topo da onda como no topo do mundo. Lidar com a unicidade absoluta do mar e a eterna surpresa de sua beleza se trata do maior luxo neste mundo de tecnocracia, arregimentação, seriação e contabilidade. Pra não falar em vulgaridade. Mundo em que se passa horas grudado num celular, mas nem por um minuto se olha para as estrelas. Mundo em que ricos e pobres obedecem aos mesmos dispositivos, submetem-se às suas regras, e não param de se repetir. Mundo de escravos.
Por outro lado, os surfistas fazem parte de uma aristocracia que não se baseia nem em nascimento socialmente privilegiado e nem em poder financeiro, mas, ao contrário, abraça todas as raças e todos os contextos sociais, irmanando-os na sua busca comum pela liberdade da beleza. Aristocracia da essência e não da temporalidade. Aristocracia que tem como valor máximo a comunhão de cada coração com o ser mais feroz, belo, indomável e reconfortante: O Mar.
AUMENTA REGISTRO DE MARCAS NO INPI
Parceria com Universidade Federal de Campina Grande consolida tecnologia aplica à música
O aumento significativo nos pedidos de registros de marcas no Brasil reflete a valorização crescente da identidade empresarial como ferramenta estratégica. Segundo o Anuário da Justiça Direito Empresarial 2024, os depósitos de marcas no INPI aumentaram 143% em uma década, atingindo 402.460 solicitações em 2023. Em contraste, os pedidos de patentes caíram 18% no mesmo período.
O papel do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que regula marcas, patentes e outros direitos industriais, é fundamental nesse cenário. A autarquia também oferece mecanismos administrativos, como o processo de nulidade (PAN), para revisão de registros.
UFCG, líder em patentes, colabora com Cedro Rosa Digital
A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) destacou-se novamente no cenário nacional, ocupando o 2º lugar geral no Ranking Nacional de Depositantes Residentes de Patentes de Invenção em 2023, com 101 depósitos, 60 a mais que no ano anterior. A instituição permanece entre os líderes desde 2017, graças ao trabalho do Núcleo de Inovação e Transferência Tecnológica (NITT), que apoia cientistas no processo de proteção da propriedade intelectual e inovação tecnológica.
Cedro Rosa Digital, UFGC e o Certifica Som
No campo cultural, a Cedro Rosa Digital fortalece o mercado criativo com o Certifica Som, uma plataforma desenvolvida em parceria com a UFCG, que utiliza blockchain e inteligência artificial para certificar músicas, garantir créditos corretos e assegurar direitos autorais. Esse sistema promove a sustentabilidade do setor musical, facilitando o licenciamento de obras para empresas de cinema, publicidade e jogos, e reforça o compromisso da Cedro Rosa com a inovação e a diversidade cultural.
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