A Vai-Vai não precisa ganhar para ser vencedora
Fim de semana foi de enterro dos ossos do Carnaval. Limitei-me a esse funeral via TV. Aqui onde resido, no Sul Fluminense, só a Cultura, de São Paulo mostrou o desfile das campeãs. E de São Paulo, claro. Durante o Carnaval também marquei ponto diante da telinha.
Assisti parte dos desfiles nos sambódromos paulista e carioca. Meu Carnaval deste ano foi meio devagar. Mariza pegou dengue uma semana antes. Ferrou. Segunda à noite dei uma olhada no evento que foi definido como Carnaval aqui na cidade e na terça-feira à tarde, antes da chuva, desfilei no Bloquinho do Lavapés, para o qual componho os sambas há quatro Carnavais.
Claro que Carnaval é uma festa que tem espaço para polêmicas. Isso está nas suas origens.
A festa através dos tempos foi encorpando, sendo entre outras ousadias, uma resposta da plebe às elites dominantes de sempre. É plebeu fantasiado de rei, é escravo transformado em senhor, é homem vestido de mulher, é gente usando máscara para alterar a identidade e por aí segue a subversão da ordem social e dos costumes. Pelo menos naqueles poucos dias “vale tudo”. Quando nos meus verdes anos entendi essa filosofia, não deixei mais de amar a fuzarca. Cheguei a defender a tese de que a vida, são aqueles três, quatro dias e que o resto do ano é intervalo pra outro Carnaval.
Controvérsias e discussões são costumeiras pós desfiles, no Rio, em São Paulo, país afora. Aí pergunto: por que todo esse mimimi contra a Vai-Vai? Dois parlamentares do partido do inelegível enviaram ofício ao governador de São Paulo e ao prefeito paulista pedido que a agremiação seja impedida de receber recursos públicos do Estado e da Prefeitura para o próximo Carnaval. Eles querem punir a Vai-Vai. A escola colocou na avenida um enredo destacando a importância da cultura Hip Hop, valorizando as manifestações afro-brasileiras com uma posição clara de resistência e de repúdio ao racismo (inclusive o religioso).
Parece óbvio que tal enredo incomoda esse tipo de gente. Mas até isso eles engolem. Mas aquela ala com o pessoal fantasiado de policiais militares e com chifres insinuando o coisa ruim, foi a gota d’água. “A Escola demonizou a Polícia Militar”, disseram eles. Ora bolas! Esses caras falam tanto em liberdade de expressão, e agora querem censurar e punir uma Escola de Samba, que são células vivas de resistência da nossa cultura popular, e que já sofrem inúmeras formas de ataques e tentativas de cooptação. E precisa que uma Escola de Samba demonize a PM? Caramba! É só acompanhar o noticiário durante todo o ano para tomarmos conhecimento de ações violentas de PMs, normalmente em áreas de periferia e em comunidades carentes. E as estatísticas mostram como o povo preto padece ao extremo em muitas dessas ações.
Todos sabem como as expressões artísticas populares são marginalizadas e historicamente perseguidas. O próprio Samba já passou pelo que passam atualmente outros gêneros populares, e não raro, ligados às populações pretas e pobres. E um desfile de pouco mais de uma hora pode provocar algum dano irreparável à sociedade? Claro que não. Deixem a Vai-Vai em paz, ela tem todo o direito de desfilar fazendo a defesa de valores que são sucateados e em alguns casos, pisoteados preconceituosamente.
A Vai-Vai tem o direito de fazer críticas aos desmandos, aos excessos de abuso do poder. Respeitem a Saracura. E viva a Vai-Vai.
“Quem nunca viu o samba amanhecer
Vai no Bexiga pra ver
Vai no Bexiga pra ver
O Samba não levanta mais poeira
Asfalto hoje cobriu o nosso chão
Lembrança eu tenho da Saracura
Saudade tenho do nosso cordão
Bexiga hoje é só arranha-céu
E não se vê mais a luz da Lua
Mas o Vai-Vai está firme no pedaço
É tradição e o samba continua”
(Tradição – Geraldo Filme)
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