A PRIMAVERA DA ULTRADIREITA GLOBAL: TODO CUIDADO É POUCO!
A semana começou quente na primavera de Madrid. Líderes da ultradireita global acudiram à convocatória de Vox, legenda que ocupa o terceiro lugar na Espanha nas eleições europeias. Escalados desde o nono círculo do inferno pelo própio Adolfito, estavam lá, a francesa, Marine Le Pen, Mateusz Morawiecki da Polônia, o português André Ventura; Vikton Orbán da Hungria e Giorgia Meloni da Itália, marcaram presença por videoconferência. O chileno José Antonio Kast e o argentino Javier Milei representaram América Latina. Milei - com pós-doutorado em vitupério, desrespeito, injúria -, aproveitou a ocasião para insultar ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez e a sua esposa, Begoña Gómez, abrindo uma crise institucional e diplomática entre os dois países.
O futuro detento não compareceu. Certamente, não por falta de vontade. Parece que a grana que não entrou, das joias surrupiadas, fez falta na empreitada.
Ecos do romance distópico de George Orwell ressoaram na memória. Parece que 1984 é aqui e agora, e que “a preparação da semana do ódio”, com a qual o escritor começa seu relato, está a pleno vapor nessa nova cruzada dos “cidadãos de bem” contra os que qualificam de malignos defensores da foice e do martelo. Foi-se o tempo em que se acreditava que a democracia, como valor universal, poderia garantir um terceiro milênio de relativa tranquilidade. Assim como caiu por terra a ideia bizarra de que a pandemia revelaria o que há de melhor no ser humano. Estamos a um triz de perder a luta pela civilização. Todo cuidado é pouco!
Não é por acaso que os Engenheiros do Caos, - título do preocupante livro de Giuliano Da Empoli -, se notabilizem por seus sistemáticos ataques a todas as formas de produção e criação cultural, as únicas, segundo entendo, capazes de oxigenar a vida, ameaça pelos elementos da natureza, como tristemente constatamos, na devastação provocada pelas enchentes no sul do Brasil, e do que há de pior na natureza humana, como também observamos na proliferação de fake News sobre a tragédia gaúcha.
Quando o desespero ataca, provocado pelos algoritmos, pelo mar das teorias da conspiração desenhadas para disseminar ódio e medo, e influenciar os processos eleitorais, as diversas expressões artísticas ajudam no combate a esses tempos sombrios.
Aí vem Javier Milei e desafia minha inteligência. Depois de não ter podido lançar seu livro na Feira do Livro de Buenos Aires, pois, segundo sua assessoria, não estava favorável e depois do desastre de Madrid, com consequências ainda imponderáveis, resolve juntar seus acólitos para o lançamento do livro “Capitalismo, socialismo y la trampa neoclássica”, e eu aqui em cólicas, ouvindo os argumentos dos apoiadores que lotaram o icônico estádio do Luna Park. O livro, mezzo, mezzo, isto é, metade mais do mesmo, metade plágio! E, para demostrar que as críticas de que a cultura não é importante para seu governo... para seu governo cantou acompanhado de uma banda de rock.
Não há de ser nada. Em tempos de incerteza generalizada há sempre a possibilidade de encontrar ilhas de equilíbrio tão necessárias à preservação da saúde mental. A música, a literatura e o cinema costumam produzir essas ilhas que tem, não poucas vezes, a capacidade de transformar-se em continentes, em espaços mais generosos que permitem a expansão do horizonte do possível.
Poderia elencar inúmeros exemplos que acalmam meu espírito. Tenho uma série de playlist (em outro momento diria Long Play ou Cds) que desempenham essa função. Uma boa quantidade de amigos que insistem em abraços, música, poesia, experiências culinárias, cervejas geladas, cálidos abraços que desempenham a mesma função. Mas o acaso, no sentido de aleatório e indeterminado, mas também no sentido de sorte, me fez lembrar de alguma coisa que já escrevi em algum lugar a respeito do filme “Trem noturno para Lisboa”. Claro que minhas duas idas a Lisboa, em muito boa companhia, me fizeram ter um olhar diferenciado sobre o filme, por isso, trago a baila o comentário que segue.
Soube, depois de tê-lo assistido, tratar-se da adaptação do livro homônimo de Pascal Mercier, pseudônimo do filósofo suíço Peter Bieri.
A trama se orienta na pergunta formulada por Amadeu Inácio de Almeida Prado, autor de Um Ourives das Palavras (criador e criatura frutos da ficção): “Se é verdade que apenas podemos viver uma pequena parte daquilo que em nós existe, então o que acontece ao resto?” A probabilidade de viver todas as possibilidades contidas, em potência, em nós, seres plásticos e indeterminados, só existe no Aleph, conto de Jorge Luis Borges que revela “o lugar onde estão, sem se confundirem, todos os lugares do orbe, vistos de todos os ângulos” onde estão, portanto, todas as possibilidades do “Jardim dos caminhos que se bifurcam” só para continuar com Borges.
A procura pelos acontecimentos possíveis pela recuperação da memória dos personagens que vão surgindo, com vigor e delicadeza, na narrativa urdida numa Lisboa iluminada pelas luzes cálidas do outono, que hoje aqui, no nosso outono tropical também se deixam sentir, são um convite às descobertas e à construção de afetos. Vale a pena conferir e imaginar outras primaveras menos assustadoras das que desenha o encontro espanhol.
Jorgito Sapia, especial para CRIATIVOS!
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